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sábado, 31 de março de 2012

Alertas sobre os custos da Copa

Chico Alencar PSOL-RS

O debate da Lei Geral da Copa tem que ser feito à luz de uma visão mais ampla sobre os interesses envolvidos neste evento e os impactos que ele já está provocando. É o que procuro fazer aqui com esta análise:
1. O alerta sul-africano
A África do Sul – que ainda tem o “apartheid” da desigualdade social – gastou US$ 4,9 bilhões (R$ 8,8 bilhões) em estádios e infraestruturas para realizar a Copa do Mundo de 2010.
Ao todo, US$ 2 bilhões (R$ 3,6 bilhões) foram consumidos na construção ou reforma das dez arenas do torneio.
Hoje, o Soccer City, de Johannesburgo, é usado para rúgbi e shows.
O Green Point, da cidade do Cabo, tem manutenção de US$ 4,5 milhões (R$ 8,1 milhões) por ano e só foi usado 12 vezes desde então. Vários outros são, na terra dos safáris, desinteressantes e dispendiosos “elefantes brancos”.
Alegava-se à época que todo esse investimento geraria rendas imediatas de US$ 930 milhões (R$ 1,69 bilhões), derivadas do afluxo de 450 mil turistas.
Valores superestimados: o país só arrecadou US$ 527 milhões (R$ 961 milhões) dos 309 mil turistas que de fato lá entraram.
Já as rendas de radiofusão e marketing da FIFA ultrapassaram os US$ 4 bilhões (R$ 7,2 bilhões), no ciclo quadrienal encerrado com a Copa da África do Sul.
Seus dirigentes sabem fazer negócios.
Há, no país, um local chamado Blikkiesdorp, que quer dizer Cidade de Lata.
Lá, em 1.600 containers, colocaram os removidos da Cidade do Cabo, a 30 quilômetros de onde foi construído um dos estádios mais bonitos do mundo, vendido internacionalmente como um “estádio ecológico”.
No país, cerca de 100 mil ambulantes perderam sua renda durante a Copa.
Após o evento, o emprego anual diminuiu 4,7% no país, com perda de 627 mil postos formais de trabalho.
Nem seria preciso pegar o exemplo sul-africano.
Bastaria o nosso Panamericano de 2007, no Rio de Janeiro, cujos protagonistas continuam sendo os mesmos hoje (até o antigo Secretário de Esportes é, agora, o prefeito).
O orçamento do evento foi multiplicado por dez.
Houve remoções até mesmo depois dos jogos, no Canal do Anil.
Os monumentos ociosos estão lá, para todo mundo ver. Só em serviços sem execução comprovada teriam sido gastos R$ 6,8 milhões.
Em pagamentos com duplicidade, outros R$ 4,1 milhões.
É recorrente o argumento de que uma Copa estimula a realização de obras de mobilidade urbana, que ficariam como utilíssimo ‘legado social’.
Um mínimo de inteligência e sensibilidade social questionará esse ‘êmulo’.
Quem vive em sociedade tem o direito irrenunciável de, com ou sem megaevento, receber transporte coletivo (aí incluídos seus terminais) e moradia dignas!
Só incompetência ou interesses escusos vinculam políticas públicas necessárias e urgentes com a viabilização de investimentos que um acontecimento episódico possa criar. Mas, pelo andar da carruagem no Brasil, nem com o atrativo da Copa haverá melhoria efetiva e duradoura na vida cotidiana das populações das cidades-sede....
Para continuar a leitura, clique Psol 50.

Os Poetas Caçados

Arte: philosophista.blogspot.com

Um poeta escreveu
Um “Poema Sujo”
Que lavou a nós
E cantou os poemas de galo
Em cada manhã.
Mas o exílio o chamava
Antes que a morte o apalpava
Naqueles dias e segundos eternos.
O poema é sujo, a liberdade é suja,
O amor aos homens é sujo.
Então, aquele poeta fugiu
Com o seu sujo poema.
Gullar retornado a Gullar...

Outro, ao ver o seu povo
Transformado em rio de sangue e prisão
Morreu de desgosto,
Gosto amargo que as poesias doces
Tentavam encobrir
Ramiando a liberdade
Naquele nascer dos Andes e Pablo.

Em Granada, uma granada
Cortou os olhos negros, suas poesias e mãos,
Seus cânticos ciganos.
Morto, sem ao menos saber por que,
Morto em vala esquecida
Morto por amar
Morto...
Lorca canção acabada ali
Naquela vala dos ditadores
Garcia, Garcia, Garcia...
Onde tu estás?

Lá, em outro hemisfério,
Um poeta gigante suicidava
Por uma revolução não revolucionada.
Pois o corpo apenas trocou a cor da camisa
E muitas mortes tingiram o chão
Onde o poeta gigante plantava
“As Nuvens de Calças”, Maia,
Canções Maias vindas de 17
De outro chão, outro continente, outro frio
Traduzidos, todos traduzidos
Para nossa aflição de poetas
Nesse nosso quintal de papéis
Ou poeta morador.


São todos poetas
São todos poetas
São alguns de tantos
Que reclamo agora.
São alguns de tantos
São todos poetas
São todos poetas
E cada frase cingida
Desses alguns de tantos
E cada frase cingida no chão
Era o amor era o amor
Era a vida
Cingida na liberdade
Era reconhecendo os homens
Em cada palavra cingida
Era o sorrir
Era o cantar de galo anunciando o amanhã.
E eles foram caçados,
Esses alguns de tantos
Que deixaram para os filhos dos filhos
As canções de amor, liberdade e aflição...

Amemos, em louvor a esses poetas caçados!


JeanClaudio
            07/07/09

sexta-feira, 30 de março de 2012

Golpe não é revolução

Ato, na Cinelândia contra a festa dos militares em homenagem ao Golpe Militar de 64. Em meio à democracia de fachada, que, na retórica presume-se liberdade de manifestação policiais "cumprem seu dever" de exercitar as mesmas práticas da ditadura militar, página infame de nossa história: agressões a manifestantes com bomba, spray de pimenta e arma de choque. Assista ao vídeo.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Movimento Estudantil: Não Vou me Adaptar

Como foi e é construída a privatização do ensino superior no Brasil

Por Otaviano Helene*
QUARTA, 28 DE MARÇO DE 2012
Uma das características do ensino superior brasileiro nas últimas várias décadas é a constante redução da participação das instituições públicas na sua oferta: em 1960, cerca de 60% das matrículas eram em instituições públicas; atualmente, elas são da ordem de 25% e com uma tendência a continuar aumentando (veja gráfico).
Nas décadas de 1960 e 1970, período marcado pelo regime militar, a participação do setor privado cresceu de 40% até pouco mais do que 60% das matrículas. Após uma década sem aumento dessa participação, a privatização voltou a crescer após 1990, período marcado pela expansão do neoliberalismo, continuando a aumentar ao longo da década seguinte.
O que aconteceu na década de 1980, quando a taxa de privatização permaneceu praticamente estável, ao contrário de ter sido um sinal de que o setor público passou a ter uma postura mais positiva, ilustra um dos muitos problemas que a privatização apresenta. A década de 1980 foi marcada por uma profunda recessão econômica e, consequentemente, redução de renda e aumento do desemprego. Como consequência, aquela crise econômica afetou fortemente as possibilidades que as pessoas tinham de arcar com as mensalidades escolares, afastando os estudantes, como, obviamente, seria esperado. Esse fato ilustra bem um dos graves problemas da privatização da educação: a educação, quando privatizada, ao invés de ser um instrumento que possa ajudar a suportar uma crise econômica (fixando os jovens por mais tempo no setor educacional e reduzindo, assim, a pressão sobre os empregos) e a criar as condições necessárias para superá-la (preparando a força de trabalho do país), passa a ser um fator a intensificação da própria crise.

Subsídios

Se “conseguimos” atingir a taxa de privatização de 75%, é porque, ao longo do tempo, todos os níveis governamentais contribuíram para isso, por meio de incentivos financeiros diretos e indiretos, por meio de legislações e por deixarem espaço livre para a atuação do setor privado.
No campo financeiro, tanto a União como os estados e municípios têm contribuído, ao longo dos últimos 50 anos, cada um de sua forma, para o aumento da privatização. Essas subvenções ocorrem na forma de isenções de taxas, contribuições e impostos (nacionais, estaduais e municipais), abatimento de despesas com educação privada no imposto de renda de pessoa física, repasses diretos de recursos públicos para entidades privadas, pagamento das mensalidades dos alunos ou financiamento delas pelo setor público, convênios com ONGs ligadas a instituições privadas, entre diversas outras.
Como já estamos acostumados com todas essas práticas, o que faz com que muitas pessoas as achem positivas, vale a pena esmiuçar uma delas, talvez até a mais aceita como sendo adequada, justa e necessária: o abatimento no imposto de renda de pessoas físicas das despesas educacionais. Esse abatimento, que encontra enorme apoio nas classes mais privilegiadas e mesmo reclamações por considerarem-na pequena, é, na prática, uma distorção do que se esperaria de um sistema tributário ou de um subsídio a uma atividade essencial.
Como o abatimento das despesas educacionais ocorre antes do cálculo do imposto devido, quanto maior for a renda de uma pessoa, maior será o abatimento do imposto. Vejamos. No caso de pessoas com altas rendas, os governos subsidiam em 27,5% das despesas com educação privada passíveis de serem abatidas. Já no caso de uma pessoa com renda modesta, eventuais despesas educacionais podem ser subsidiadas em proporções bem menores do que aqueles 27,5 % ou mesmo não terem subsídio algum.
Uma espécie de Robin Hood às avessas. Embora possa parecer que é o contribuinte que está sendo beneficiado, quem de fato recebe aquela subvenção é a instituição de ensino. Por exemplo, alguém de alta renda que tenha pago R$ 1.000 para uma instituição de ensino, receberá do governo, na forma de abatimento de imposto, R$ 275,00; ou seja, gastou, de fato, R$ 725,00, enquanto a instituição recebeu, também de fato, os R$ 1000 pagos. Alguém de baixa renda que tenha gasto os mesmos R$ 1.000 não terá redução alguma do imposto devido.
Em última instância, o abatimento no imposto de renda é um subsídio indireto às instituições privadas de educação. Embora este seja apenas um exemplo, mostra como as políticas de transferência de recursos ao setor privado podem ser distorcidas. Uma redução dos impostos por causa de despesas educacionais só seria justificável (embora inadequado) se a redução fosse inversamente proporcional à renda, subsidiando mais quem ganha menos, não da forma que é hoje. Evidentemente, não há nenhuma dificuldade técnica para se fazer isso: se subsidiamos mais quem menos precisa e menos quem mais precisa, é porque é para ser assim mesmo.

Legislação

Além das ações financeiras e econômicas em favor da privatização da educação, há muitas ações no campo legal que vão no mesmo sentido. Novamente, ao invés de detalhar as muitas formas com que isso ocorre, vamos ilustrar algumas delas. Uma universidade é um tipo de instituição cujas atribuições incluem, segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), desenvolver a pesquisa científica e tecnológica, conferir diplomas com validade nacional, criar e extinguir cursos e definir seus currículos, desenvolver atividades de extensão universitária, entre outras. Para isso, seria esperado que tal tipo de instituição tivesse, em seu quadro, pessoas altamente qualificadas para aquelas atividades, o que no mundo acadêmico significa doutores.
Entretanto, ainda que possa parecer absurdo, a LDB não exige doutores no corpo docente de uma universidade: a sutil redação daquela lei exige que pelo menos um terço do seu corpo docente tenha “titulação acadêmica de mestrado ou doutorado”. A partícula “ou” revela a real intenção do legislador: uma universidade, no Brasil, não precisa de doutores! Essa redação é desrespeitosa e mesmo um escárnio, na medida em que a palavra doutorado está apenas enfeitando o texto, sem nenhuma consequência prática; se a frase acabasse em “mestrado”, estaria dizendo exatamente a mesma coisa.
Além disso, exigir uma terça parte dos docentes com determinada titulação não significa que eles venham a exercer a terça parte das atividades desenvolvidas pelas instituições, pois pode se atribuir a essa terça parte uma carga horária pequena, com apenas algumas poucas horas semanais de trabalho.
E tem mais: para desenvolver aquelas atividades, os docentes universitários deveriam contar com as necessárias condições de trabalho, o que significaria, na prática acadêmica, contratos em tempo integral e, preferencialmente, com dedicação exclusiva à instituição. Mas a mesma LDB exige que uma universidade tenha pelo menos “um terço do corpo docente em regime de tempo integral”. Ora, se a essa terça parte do corpo docente for atribuída uma carga didática alta e/ou muitas tarefas administrativas, a lei estará sendo cumprida, sem, de fato, garantir as condições necessárias para a pesquisa e as atividades de extensão universitária previstas pela LDB.
Evidentemente, essa legislação, que não está respondendo a nenhuma necessidade real das instituições universitárias públicas, favorece, e muito, as instituições privadas.

A ausência do setor público abre espaço ao setor privado

Uma terceira forma de favorecimento do setor privado ocorre por meio da restrição de vagas oferecidas pelo setor público, o que abre o necessário espaço para o crescimento das instituições privadas. Uma evidência dessa prática é que a falta de vagas públicas nada tem a ver com as dificuldades financeiras do setor público, diferentemente do que é dito com frequência. Tanto é assim que a privatização é maior exatamente nos estados com maiores possibilidades econômicas e orçamentárias e que maiores contribuições dão ao governo federal.
São Paulo é o caso exemplar: exatamente nesse estado em que a ausência do setor público é mais marcante, como mostra a tabela. A porcentagem de matrículas em instituições privadas em São Paulo, 87%, é bem maior do que nos demais estados (69%). Mesmo quando comparada com a população total ou com o número de concluintes do ensino médio, a privatização paulista é maior do que nos outros estados por um fator dois, como mostram os dados da tabela.

Essa maior privatização em São Paulo é totalmente compatível com a hipótese de que a ausência do setor público é estratégica, não fruto de uma impossibilidade econômica ou financeira.

Consequências

As políticas de privatização, quando associadas com a distribuição dos cursos oferecidos pelas instituições privadas pelas diferentes áreas do conhecimento, fazem com que alguns indicadores da educação superior no Brasil estejam em completo desacordo com o que se observa em outros países com possibilidades econômicas equivalentes ou mais modestas que as nossas. Essa característica nos coloca em uma situação bastante frágil.
Evidentemente, não se está defendendo que haja uma competição entre os países, coisa que, ao contrário, devemos combater. Entretanto, uma força de trabalho mal preparada, distribuída de forma inadequada pelas diferentes áreas profissionais, e quantitativamente insuficiente, fragiliza o país nos embates internacionais e compromete nossa soberania. Consequentemente, não conseguimos sequer criar um ambiente que permita lutar por uma relação mais saudável entre as nações e que priorize as cooperações em lugar das competições.

Leia também os outros cinco artigos da série:


*Otaviano Helene, professor no Instituto de Física da USP, foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

VI Encontro Estadual de História: Povos Indígenas, Africanidades e Diversidade Cultural: produção do conhecimento e ensino

Há dez anos da realização de seu I Encontro, os profissionais de História de todo o Estado retornam à terra que deu impulso ao processo de refundação da Associação Nacional de História Seção Bahia (ANPUH-BA), uma entidade que, no âmbito nacional, fez 50 anos em 2011. De 2002 de para cá muita coisa mudou: novos cursos de História foram criados, em universidades públicas e faculdades privadas, o ensino à distância avança por todo o país, e a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena finalmente se confirmou através da Lei 11.645/2008. Em vista desse quadro, elegeu-se como tema do VI Encontro Estadual de História “Povos Indígenas, Africanidades e Diversidade Cultural: produção do conhecimento e ensino”, como forma de criar uma oportunidade de reunir historiadores para discutir os significados e repercussões desta Lei em nossa prática cotidiana. Mas, como todos sabem, a ANPUH é uma entidade plural e democrática. Plural como nenhuma outra, já que reúne profissionais de História do ensino básico e superior, além de historiadores que atuam em diversas frentes. Democrática como deve ser uma entidade de profissionais do ramo, buscando integrar as diferenças, ensejando os debates. Dessa maneira o tema do encontro não pretende criar exclusivismos, muito pelo contrário. Ele propõe e repõe em 2012 toda a diversidade a que estamos acostumados desde a nossa refundação: diversidade de abordagens, de métodos, de problemas, de práticas, de objetos e espaços de discussão, enfim, o VI Encontro Estadual de História pretende celebrar os 10 anos da refundação da ANPUH na Bahia e a sua consolidação entre nós, afirmando o quão diversos somos. É por isso que o VI Encontro Estadual de História pretende ser um marco para os historiadores baianos. Um marco da diversidade, do congraçamento, mas também de discussões e polêmicas muito sérias, de acerbos debates sobre o nosso ofício e sobre o mundo em que vivemos. Afinal de contas, o pensamento crítico é uma arte que exercitamos desde sempre, de maneira que mesmo celebrando e congraçando não deixamos de refletir sobre os desafios do Brasil e do mundo, desafios esses que põem na pauta, além das alternativas de pensar o passado, os desafios de transformar o futuro. Historiadores de toda a Bahia é hora de iniciar os preparativos. A região cacaueira nos espera entre os dias 13 e 16 de agosto de 2012, para o VI Encontro Estadual de História.
Fonte: Anpuhba

quarta-feira, 28 de março de 2012

Movimentos protestam contra comemorações do golpe de 64

Imagem: divulgação Levante Popular da Juventude

De São Paulo
Deborah Moreira

27 DE MARÇO DE 2012 - 19H58
Nesta semana, quando diversos grupos e organizações de militares comemoram os 48 anos do golpe militar de 1964, movimentos sociais, organizações de trabalhadores, artistas e intelectuais promovem uma série de manifestações para protestar contra a iniciativa militar, que afronta uma decisão governamental de não se comemorar o golpe de 1964. Muitos que combateram a ditadura foram torturados, assassinados e permanecem desaparecidos até hoje. 
Em Campinas, no interior de São Paulo, trabalhadores que ocupam uma fábrica, fundada durante o regime militar (década de 1970), organizam o ato “Médici nunca mais!”, na quinta-feira (29), às 18h. A manifestação é um protesto contra a "festa" promovida pelo Círculo Militar de Campinas, com o lançamento do livro Médici – a verdadeira história, que terá a presença do filho do ex-presidente ditador Emílio Garrastazu Médici. Outro grupo envolvimento no evento militar é o Grupo Inconfidentes, de militares da reserva saudosistas dos anos de chumbo.
“Mais do que o lançamento de um livro, trata-se de um ato político organizado por militares com o fim de vangloriar a memória de um período autoritário marcado por torturas, mortes, censura e desaparecimentos políticos. Consideramos que o Brasil superou a ditadura de maneira oficiosa. Publicamos a Lei da Anistia, que foi importante. Mas, infelizmente, muitas práticas surgidas na ditadura ainda permanecem, como a tortura, a repressão aos movimentos sociais, e muitos representantes daquela época permaneceram nos setores das forças de segurança, forças armadas e setores políticos”, destacou Filipe Jordão Monteiro, 25 anos, do Conselho de Fábrica da Flaskô, na cidade de Sumaré, e militante do movimento Juntos, de Campinas.
Durante o ato, que deve reunir nomes ligados aos direitos humanos da região, diversos manifestantes se pronunciarão, além de panfletagem e de faixas de protesto. Filipe enfatizou que o objetivo é criar um fato político e estimular o debate na sociedade.
“Queremos criar um fato e estimular o debate na região. Mas, infelizmente, por incrível que pareça, não é um tema que mobilize tanto como algo mais palpável, como uma reivindicação salarial, por exemplo. Mas, chegou o momento da sociedade pressionar pela abertura dos arquivos da ditadura para conhecer a verdadeira história e os nomes dos responsáveis por um período tão difícil para o país”, completou o militante, que atua na mobilização de uma fábrica ocupada por cerca de 70 trabalhadores, na cidade de Sumaré.
Segundo Filipe, o antigo proprietário da Flaskô fugiu há nove anos quando percebeu que estava falido, deixando os trabalhadores à própria sorte. Após uma série de mobilizações, os funcionários se uniram e reergueram a produção industrial de embalagens plásticas. Atualmente, apesar de ainda acumular dívidas, a comercialização do material cobre as despesas com fornecedores e paga os salários.

Médici e Campinas

Há cerca de dois anos, a figura de Médici também mobilizou estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC) da cidade. Uma praça construída no interior da Instituição de Ensino Superior (IES) levava o nome do ex-presidente militar como uma homenagem ao terreno doado pela ditadura à instituição. Depois de muita mobilização, os universitários rebatizaram a praça com o nome de Frei Tito de Alencar Lima.
“A renomeação da praça não foi oficializada pela PUC, foi simbólica. Mas, a universidade pelo menos retirou o nome do Médici da praça”, lembrou Filipe, que se formou em Direito no ano passado.

Escracho

Jovens organizados pelo movimento Levante Popular da Juventude promoveram protestos na segunda-feira (em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belém, Curitiba, Sergipe e Marabá, nesta segunda-feira (26) contra agentes da ditadura militar que torturaram, mataram, perseguiram militantes e pela instalação da Comissão da Verdade. Os jovens fizeram uma ação, já bastante utilizada em países como Argentina e Chile, chamada de “escracho”, quando são realizados protestos para denunciar a participação de agentes dos regimes autoritários em perseguições, torturas e assassinatos. No Brasil, os jovens apelidaram a ação de esculacho. 
Outras ações que não foram de escracho, como colagem de cartazes, foram realizadas em São Carlos, Rio de Janeiro, Salvador , Curitiba e Lages (Santa Catarina).
O movimento defende a Comissão da Verdade, criada para esclarecer situações de violação aos direitos humanos, ocorridas entre 1946 e 1988, como tortura, morte e ocultação de cadáveres. O órgão deve identificar os responsáveis pelas violações. Os jovens manifestantes apoiam a presidente Dilma Rousseff na indicação dos sete conselheiros que coordenarão os trabalhos.

Fonte: Vermelho

terça-feira, 27 de março de 2012

CNTE divulga tabela de salários do magistério nos estados

De acordo com informações repassadas pelos sindicatos filiados à CNTE, 17 estados não pagam o piso anunciado pelo MEC (R$ 1.451,00) e o mesmo número não cumprem a jornada extraclasse definida na Lei 11.738. Por isso, nos próximos dias 14, 15 e 16, os/as trabalhadores/as da educação básica pública promoverão Greve Nacional para denunciar os gestores que não cumprem a Lei do Piso, sobretudo de forma vinculada à carreira profissional e com a destinação de no mínimo um terço da jornada de trabalho do/a professor/a para atividades extraclasse.

Em relação à tabela abaixo, importante destacar:

1. O piso nacional do magistério corresponde à formação de nível médio do/a professor/a, e sua referência encontra-se localizada na coluna "Vencimento" da tabela.

2. Os valores estabelecidos para a formação de nível superior são determinados pelos respectivos planos de carreira (leis estaduais).

3. A equivalência do piso à Lei 11.738, nesta tabela, considera o valor anunciado pelo MEC para 2012 (R$ 1.451,00). Para a CNTE, neste ano, o piso é de R$ 1.937,26, pois a Confederação considera (i) a atualização monetária em 2009 (primeiro ano de vigência efetiva da norma federal), (ii) a aplicação prospectiva do percentual de reajuste do Fundeb ao Piso (relação ano a ano); e (iii) a incidência de 60% para pagamento dos salários dos educadores, decorrente das complementações da União feitas através das MPs nº 484/2010 e 485/2010.

4. Nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais, as remunerações correspondem ao subsídio implantado na forma de uma segunda carreira para os profissionais da educação. Os valores integram vantagens pessoais dos servidores, e os sindicatos da educação cobram a aplicação correta do piso na carreira do magistério.

5. Na maioria dos estados (e também dos municípios), a aplicação do piso tem registrado prejuízos às carreiras do magistério, ofendendo, assim, o dispositivo constitucional (art. 206, V) que preconiza a valorização dos profissionais da educação por meio de planos de carreira que atraiam e mantenham os trabalhadores nas escolas públicas, contribuindo para a melhoria da qualidade da educação. (CNTE, 12/03/12)

Diretoria Executiva da CNTE
Fonte CNTE

Estudantes de Comunicação da Uesb reclamam de precariedade dos laboratórios


Ilha de edição do laboratório de telejornalismo
Por Cláudio Marques
26 DE MARÇO DE 2012

Os estudantes de Comunicação Social da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) afirmam que o laboratório de rádio é o mais precário.
Segundo eles, só há um estúdio no laboratório, que é o de locução, e esse espaço comporta no máximo cinco pessoas. A inexistência de um estúdio destinado a entrevistas dificulta, por exemplo, a presença de grupos ou bandas no ambiente.
Os alunos também reclamam que os poucos equipamentos que têm estão defasados. Os três microfones existentes são antigos e de péssima qualidade. Não há fones de ouvido, e as duas caixas de som dentro do estúdio não proporcionam um bom retorno para os locutores.
Laboratório de impresso - No caso do laboratório de impresso, os estudantes reclamam que a impressora nem sempre está com tinta, e os mp3’s, usados para gravação de entrevistas, em sua grande maioria, apresentam problemas de funcionamento.
Segundo um estudante que não quis se identificar, os computadores e as cadeiras disponíveis não atendem a demanda de todos os alunos matriculados, por exemplo, na disciplina Jornalismo Impresso.
“Quando todos os alunos estão na sala do laboratório, alguns têm de ficar em pé, esperando que alguém saia para se sentar”, reclama.
O laboratório de impresso é destinado, principalmente, para os alunos da disciplina Jornalismo Impresso do curso de Comunicação Social da Uesb. Cada turma que passa pela disciplina produz em média dois jornais, com cerca de mil exemplares cada.
No entanto, os alunos reclamam que a publicação do material produzido por eles sempre atrasa, pois a impressão dos jornais é feita por uma gráfica privada, fora do campus da Uesb, que tem pouca disponibilidade de tempo.
Laboratório de telejornalismo - Dos três laboratórios existentes do curso de Comunicação Social, o de telejornalismo, segundo os estudantes, é o menos precário. As queixas são referentes ao número atual de equipamentos de filmagem, que não atende a demanda dos alunos, e ao funcionamento de apenas uma ilha de edição de som e imagem.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Centenário de Apolônio de Carvalho

Campanha para reajuste de bolsas de pesquisa no país

A Associação Nacional de Pós-Graduando (ANPG) publicou em sua página na internet uma grande campanha de mobilização em prol do reajuste das bolsas de mestrado e doutorado no país, congeladas há quatro anos e cada vez mais desvalorizadas diante da inflação acumulada no período. O tema atinge milhões de pesquisadores brasileiros e é de extrema importância para desenvolvimento cultural, intelectual e científico. O Café História apóia essa importante campanha e, por isso, reproduz abaixo o manifesto da ANPG. Leia abaixo, na íntegra, o que ele diz.

ANPG convoca paralisação nacional de pós-graduandos pelo reajuste de bolsas já!

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) convoca os pós-graduandos e as pós-graduandas de todo o país a paralisarem todas as suas atividades acadêmicas e de pesquisa no dia 29 de março em defesa do reajuste imediato do valor das bolsas de mestrado e doutorado, há 4 anos congeladas – a inflação acumulada do período já supera os 20%.

Há pelo menos dois anos os pós-graduandos do país vêm pautando a importância da valorização das bolsas de pesquisa em um país que almeja uma posição de maior destaque na geopolítica mundial. Em 2011 os pós-graduandos realizaram diversas atividades nas universidades, rodaram um abaixo-assinado (que já supera 50 mil assinaturas) e angariaram apoio de reitores, conselhos universitários, assembleias legislativas, parlamentares, intelectuais, entidades da sociedade civil organizada, entre outros. A ANPG também apresentou propostas de emenda ao Orçamento da União para garantir o reajuste e também apresentou sua pauta aos presidentes da Capes e do CNPq, aos ministros da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação e até à presidenta Dilma Rousseff.

Todos os que receberam a reivindicação se disseram sensíveis à pauta, entretanto, o corte no Orçamento 2012, que reduziu em 22% as verbas do MCTI, indicam que as prioridades que marcam a política econômica federal prejudicam o desenvolvimento do país. Este depende, dentre outros fatores, de recursos humanos qualificados, capazes de contribuir para superar os gargalos históricos da nação.

Semana de mobilização

Assim, convocamos as APG’s e pós-graduandos a realizarem mobilizações nas universidades de forma concentrada na semana de 26 a 30 de março, pautando o reajuste das bolsas como a pauta central dos pós-graduandos na Jornada Nacional de Lutas da UNE, UBES e ANPG, que ocorre no período.

Entre as ações sugeridas pela campanha estão a realização de atos; festas-protesto de aniversário dos 4 anos sem reajuste; instalação de murais de apoiadores da campanha; coleta de moedas para “garantir” o orçamento do governo federal para conceder o reajuste; instalação de um contador de dias sem reajuste (nesta quinta-feira, dia 22 de março, completam-se 1391 dias); debates e moções de apoio dos órgãos colegiados das instituições e entidades dos movimentos sociais.

Paralisação

Entretanto, o foco da mobilização deve ser a paralisação das atividades acadêmicas e de pesquisa no dia 29 de março. Para tanto, vale realizar aulas públicas e outras atividades que reúnam os pós-graduandos, panfletagens e outros instrumentos. O importante é garantir e registrar o protesto pelo longo período sem reajuste das bolsas.

A produção de pesquisas concatenadas com as grandes questões nacionais e ao mesmo tempo livres, criativas, inovadoras, depende de investimento material e valorização social. É neste sentido que a ANPG pauta a humanização das bolsas de pesquisa, tendo como reivindicação imediata o reajuste e uma política permanente de valorização das bolsas de pesquisa.
Pela valorização das bolsas de pesquisa!