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terça-feira, 31 de julho de 2012

Zero de conduta


Foto:  cinemaeoutrasartes.blogspot.com
Vladimir Safatle

Há mais de dois meses, os professores das universidades federais estão em greve. Após duas propostas consideradas insuficientes pela maioria do corpo docente, o governo parece disposto a endurecer as negociações. No entanto há de estranhar a maneira com que uma questão dessa natureza está sendo tratada.
Ao ganhar as eleições, o governo atual afirmou ser a educação sua prioridade. Mas, por mais que possa parecer uma tautologia, colocar a educação como prioridade significa, entre outros, assumir as demandas que vêm de seus profissionais como prioritárias. O que os professores querem é um salário digno e uma infraestrutura adequada para desenvolver atividades de docência, orientação e pesquisa.
Enquanto algumas pessoas que nada sabem da vida universitária usam espaços na imprensa para afirmar que os professores são a "elite do funcionalismo" e que, por isso, não deveriam reclamar, policiais rodoviários continuam ganhando mais do que docentes.
Os desafios brasileiros passam pelo fortalecimento da universidade pública, com sua capacidade de formação e pesquisa. A experiência de liberalização do ensino universitário por meio da proliferação de universidades privadas foi um retumbante fracasso.
Tudo o que se conseguiu foi produzir levas de profissionais semiformados, assim como instituições nas quais os professores acabam por ser repetidores, por estar afogados em cargas horárias que não permitem o desenvolvimento de pesquisas.
Vez por outra, quando o processo de financiamento das universidades públicas volta à tona, temos de ouvir duas opiniões no limite do caricato. A primeira consiste no argumento etapista tosco que afirma: primeiro, devemos investir na escola básica, depois, nas universidades. Claro.
E, enquanto o investimento da educação básica não chega a um nível adequado, deixemos as universidades serem sucateadas e destruídas. Tais pessoas têm um raciocínio binário incapaz de entender que o investimento em educação deve ser extensivo, caso não queiramos perder completamente o bonde do desenvolvimento social.
A segunda afirma que os professores universitários devem deixar de ser subvencionados pelo Estado e procurar financiamento para pesquisas na iniciativa privada.
Só um exemplo: se um pesquisador em psicologia procurar desenvolver uma pesquisa mostrando a ineficácia de antidepressivos, a quem ele deve pedir financiamento? À indústria farmacêutica?
Ou seja, ou o governo assume o custo de eleger a educação como prioridade ou é melhor não utilizar tal discurso em época de eleição.

QUEM ESTÁ MAIS DOENTE?


Charge:  www.nossooutromundo.blogger.com.br

A escola pública está tão doente que precisa de médicos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, pastores, padres, pais de santo, políticos, pais, mães, estudantes, enfim de todos e não somente do retorno dos professores para ressuscitá-la. Mas quem deseja fazer isso? A simples volta à sala de aula em meio à greve garante alguma coisa? As pessoas que estão voltando acreditam em quê? Há muito que as instituições públicas, incluindo as escolas, pereceram por conta do autoritarismo, da ausência de investimentos e do abandono político.
Os nossos representantes, dominados pela economia, enxergam o fenômeno social como gasto e não como investimento. Mas preferimos os mitos da democracia. Escutar um professor dizer que voltará à sala de aula porque não aguenta mais emocionalmente pode ser muito sintomático. O professor que desiste da luta porque não suporta mais o cinismo e a indiferença do governo, aliados à falta de dinheiro, contribuem para a manutenção da iniquidade porque despreza a força dos movimentos sociais para as mudanças. Há muita gente dizendo que a luta acabou, mas ela sobrevive porque ninguém suporta indiferença por muito tempo.
Nos moldes atuais do Brasil, em que menos de 1% da população tem preocupações com a educação, não se pode esperar reconhecimento de professor. Por isso cabe a discussão sobre a educação e a sua função até mesmo para desmistificá-la. A escola não é democrática. A escola pública não inclui e não conscientiza. Por isso, está mais do que na hora de pensarmos num enterro decente para essa mão do mercado chamada educação. Creio que só não fizemos isso ainda porque o professor ainda se vê como um sacerdote. Já ouvi pais ameaçarem os filhos de puni-los com a escola pública caso desobedecessem. É que nos habituamos com os absurdos.
É por isso que nem pai, nem mãe, nem filho e nem o Espírito Santo se deram por falta da escola. Porque não sabem dos prejuízos a longo prazo que enfrentarão por ignorar os nossos direitos, por nos acomodar. A escola tem função social e só não vê quem não quer. Há um acordo tácito entre todos que impede investimento em educação pública com o risco de desequilibrar o mercado e alterar os postos de trabalho, além do mais, quem irá servir o cafezinho? Quem irá apertar o parafuso? Por isso, o mínimo do mínimo aos pobres. Se houvesse preocupação social com a escola, garanto que o governo já teria feito algo.
Recentemente, participei de reunião de pais e pude notar o quanto de cordeiro e de gado há nas classes empobrecidas. Ninguém questionou nada sobre a greve, sobre os prejuízos, parecia até reunião de início de ano. Como pode tamanho anestesiamento e indiferença? Portanto, não acho que retornar sem ganho para a escola seja uma medida para contorno de sofrimento psíquico. Pelo contrário, acho que vai agravá-lo porque o aluno já se habituou com a sua aula vaga, se habituou a não querer estudar, se habituou a passar de ano sem saber nada, se habituou a viver com a mediocridade, se habituou a se calar nas coisas sérias e a falar muita asneira.
Os professores que se preocupam com a educação devem pensar no tipo de cidadania que está formando, na desvinculação do seu conteúdo com o mundo e na despreocupação com a comunidade escolar porque consumidor não é cidadão. Essa greve serve para se pensar na cultura que temos e na que queremos, se é que queremos de fato. A greve, de forma alguma, representa uma fuga aos problemas da escola, mas uma forma de chamar a atenção da sociedade para o que acontece dentro dela. Mas tenho medo de que tudo não passe de puro idealismo e que a prática do descaso e do esquecimento volte a ser a nossa conduta.
Josué Brito (Julho 2012, LUTE SINDICATO)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

DEZ MOTIVOS PARA NÃO ABANDONAR A GREVE


por Maisa Paranhos*
Ao tentar desistir da luta, dessa greve longa e dolorosa, devido à lentidão de solução ao nosso pleito, fui convencida por uma amiga a ter forças. Ela me expôs uma lista de argumentos dos quais compartilho com vocês aqui:
1- o governo tem campanha televisiva que denunciará em cada lar a greve... através da "oposição";
2- a Dilma ligou para Wagner, de Londres, dizendo que já chegou por lá a notícia da greve e que ele tratasse de dar um jeito;
3 - o Ministério Público Federal aceitou mediar as negociações entre nós e o governo;
4 - temos uma lei federal que nos dá sustentação legal para o nosso movimento;
5- os alunos da Rede Privada de Ensino começam, levemente, a cobrar de Wagner uma posição frente à educação, movidos pela modificação do calendário do vestibular da UNEB, o que pode se estender para a UFBA...;
6-não nadamos para morrer na praia...;
7- não houve prestação de contas referente aos destinos da verba do FUNDEB;
8- nossa greve é legítima;
9 - lutar pelo reajuste é lutar por melhorias da educação pública;
10- Eliana Calmon, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tomou conhecimento, oficialmente, de nossa queixa a respeito do que seria por nós considerada uma "morosidade" injustificada da justiça....
Força pra todos nós!

*Professora da Rede Pública de Ensino do Estado da Bahia.

Hitler amava Wagner, o filme

Qualquer semelhança coma realidade, NÃO é mera coincidência!
 

Para não esquecer


Charge:  manancialdecarajas.blogspot.com
Por Fernando Coelho

PRA NÃO ESQUECER. A promiscuidade de fotos com candidatos a cargos públicos mostrando habilidades que não possuem, não é risível. É deplorável. Entre quedas ridículas e brincadeiras, entre um sorvete e um pastel, escorregam no principal: silenciam a respeito de projetos para melhorar a vida das cidades. Os presidentes das companhias de telefonia celular são traídos por suas assessorias. Conhecem pouco as empresas que dirigem. Nenhum deles jamais usou o telemarketing de suas instituições. Se fosse o contrário, não apareceriam de maneira tão risonha em comercias e campanhas. Nenhum presidente, nem governador, nem deputado, nem prefeito, nem vereador, se mata em qualquer das famosas filas com grife brasileira. E algum executivo de banco, seja estatal ou privado, vai a alguma agência pagar conta? Claro que não. Eles são especiais. Aliás, na greve das universidades federais, onde anda o ministro do Trabalho? Alguém sabe o nome dele e onde dá plantão? Vestir a casaca de autoridade em nosso país é privilégio. Permite privilégios. É o caminho da corrupção. A partir de quinta-feira, o Supremo tem a grande chance dos últimos 500 anos para mostrar que o Brasil pode mudar. Está nas mãos dos ministros nossa mudança. O povo não pode ficar chamuscado em sua legitimidade, humilhado. Pagando, espiando e resmungando. Chega.

Colégio Estadual Cosme de Farias retoma aulas oficialmente, mas alunos seguem sem estudar


por Marília Moreira / Evilásio Júnior
Sexta, 27 de Julho de 2012 - 00:00

'Lei do Silêncio' impera na unidade | Foto: Marília Moreira/BN

Embora o Colégio Estadual Cosme de Farias, localizado próximo ao fim de linha do bairro, seja uma das 12 unidades de ensino de Salvador que, oficialmente, retomaram as aulas esta semana, a realidade é bem diferente. Em visita nesta quinta-feira (26) à escola, divulgada pelo governo como "uma das 1,2 mil que estão em pleno funcionamento" (veja o vídeo abaixo), o Bahia Notícias pode constatar que algumas turmas continuam vazias e os alunos seguem sem estudar. Após 108 dias de greve dos professores estaduais, a “Lei do Silêncio” impera no local. Com a diretora Jaira Caldas ausente, a vice, Celeste Ribeiro de Carvalho, disse não estar autorizada a fornecer informações para a imprensa e nem mesmo falou qual era o seu sobrenome, encontrado pela reportagem em documentos da Secretaria de Educação do Estado (SEC) disponíveis na internet. Responsável pela gestão do espaço, ela ainda solicitou a estudantes e educadores que não se pronunciassem sobre o que tem, de fato, ocorrido no educandário. Mesmo com o veto, o BN conseguiu falar com os alunos Igor Rodrigues e Lucas Bruno, do 1º A e da 8º B, respectivamente. Eles relataram que, apesar do retorno às aulas, a perspectiva de conclusão do ano letivo continua incerta. “Os professores voltaram à escola por causa do corte salarial, mas a gente esteve sem aula há quase quatro meses”, ponderaram. A situação é mais amena entre os discentes do 3º ano do Ensino Médio, que tiveram atividades no Colégio Estadual Luiz Viana Filho (Brotas), ministradas por professores contratados emergencialmente pelo Regime Especial de Direito Administrativo (Reda). 
Enquanto o clima de insegurança impera nas comunidades escolares, dados oficiais do governo apontam que mais de 85% das unidades têm as atividades normalizadas, o que garantiria a rotina de 850 mil estudantes. No entanto, para que 2012 não seja uma página em branco nos seus currículos, a reposição de aulas terá que acontecer aos sábados deste ano, bem como nos meses de janeiro, fevereiro e talvez março de 2013. Também seria necessário o encerramento imediato da paralisação promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), que não tem avançado nas negociações com o governo. Nesta sexta-feira, às 9h, uma nova assembleia-geral da categoria será realizada no Colégio Central, sem expectativa de que haja votação pelo fim da greve.

Paradoxo: Professores "notificam" CNJ quando ao descumprimento da lei pelo Governo da Bahia


Ministra Eliana Calmom Alves,
vimos por meio desta solicitar a ação corregedora do Conselho Nacional de Justiça no Tribunal de Justiça da Bahia, pois avaliamos que o órgão apresenta irregularidades no que se refere os processos envolvendo a greve dos professores estaduais. Não sou advogado, apenas estou interpretando as informações que circulam na internet, na mídia impressa e no Diário Oficial do Estado.
Nós professores do Estado estamos em greve a mais de cem dias, querendo o cumprimento de leis estaduais (Estatuto do Servidor, Lei 6677/94) e federais (Lei Nacional do Piso, 11738/08), além do livre exercício do direito de greve.
Queremos celeridade no Processo nº 0305870-21.2012.805.0000 (pagamento dos salários) e no Processo nº 0306642-81.2012.805.0000 (ADIN), já que se trata de questões de grande comoção para a sociedade baiana, pois envolvem direitos fundamentais (como acesso a educação e a verba de natureza alimentar).
Além disso, há o descumprimento de princípios básicos em algumas decisões da justiça estadual, já que o procurador do Estado, Caio Druso de Castro Penalva Vita, tem parentesco com a relatora do processo contra os professores, como afirma a desembargadora Lícia de Castro Laranjeira Carvalho (TJBA – DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO – Nº 753 - Disponibilização: quinta-feira, 12 de julho de 2012 Cad 1 / Página 20).
Já que não existe uma lei especifica que regulamente o direito de greve dos servidores públicos vale os acórdãos já proferidos pelo STF, mas a justiça baiana posterga o julgamento do mérito da questão, multiplicando liminares contra a categoria, desrespeitando assim a determinação do ministro Ricardo Lewandowski.
Não estamos aqui pedindo nada que não seja o cumprimento idôneo das leis! Acreditamos no Estado de Direito e na Constituição Nacional!
Dura lex, sed lex!

Professores do Estado da Bahia.

domingo, 29 de julho de 2012

Professora do Ensino Público da Bahia faz balanço da Greve


Foto:  bahianoticias.com.br

ANDRÉA GONZALEZ*

Há mais de 100 dias em greve, nós professores, sentimos ser urgente uma divulgação mais clara dos motivos que nos levam a estar afastados das salas de aula, pois não estamos tendo espaço na mídia. Sem dinheiro há três meses e com as contas do sindicato bloqueadas, vemos a todo o momento o Governo do Estado divulgar notas mentirosas e nada podemos fazer. A imprensa é vendida, os juízes – indicados pelo governo – são omissos e nós não temos voz. Sentimo-nos impotentes diante de um Ministério Publico e um Tribunal de Justiça da Bahia – entidades que deveriam fazer cumprir a lei – e que ainda “sentam” pra discutir a possibilidade de se burlar uma lei federal e cúmplices na aprovação de uma lei inconstitucional que prejudica milhares de profissionais da educação.
Nosso plano de carreira e magistério contemplava em seu primeiro nível os professores com formação apenas em ensino médio e aqueles que fizeram cursos de curta duração. Eles recebiam, até dezembro do ano passado, salário inferior ao Piso Nacional do Magistério. Sabendo-se que, qualquer reajuste sobre os vencimentos dessa categoria, deveria ser proporcional para os interníveis (professores licenciados e com especializações), o governo estadual, de má fé e arbitrariamente, retirou esses profissionais do quadro de professores, criando uma classe especial para alocá-los, retirando-lhes os direitos que o Estatuto e o Plano de Carreira lhes asseguravam, como promoção por cursos de capacitação e especializações. Anos de trabalho a serviço da educação e com gratificações e ganhos de outras lutas, estes professores tiveram seus salários transformados em subsídio, desprovendo-os de perspectivas de carreira e até mesmo de ter seus salários reajustados segundo o Piso Nacional do Magistério, uma vez que não mais pertencem ao quadro dos professores da rede estadual. E, para os professores que permaneceram no quadro, por possuírem nível superior, especialização, mestrado ou doutorado, por méritos pessoais, esforço em se aperfeiçoar, em se capacitar, como o salário vigente em janeiro deste ano ficava superior ao valor do piso, foi-lhes negado o reajuste. Ou seja, o governo fez uma manobra que prejudicou toda uma classe para não fazer valer a Lei Federal do Piso Nacional do Magistério.
E vocês perguntam: mas se estes professores já recebem acima do piso, do que eles estão reclamando? Então, vale destacar que o piso é o menor salário que se pode pagar a um professor, com formação em nível médio. E estes vencimentos estão sendo atribuídos a professores com formação superior! Um pouco acima do piso, é certo, mas por isso mesmo, condenados ao congelamento e sem perspectivas de reajuste.
Com uma verba específica, os salários dos professores não estão ligados à Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que o FUNDEB é destinado à educação. Quando o Governo federal reajustou o piso em 22,22%, ele repassou ao fundo este mesmo percentual e o governo do Estado vem recebendo esta diferença desde janeiro para repassar aos salários dos professores, coisa que não o fez. Quando questionado sobre a verba da educação, o governo apenas apresenta o valor total recebido, porque está disponível à população pela internet, mas não mostra como este dinheiro vem sendo gasto. Mas, o que sabemos é que os desvios são constantes e o investimento em propaganda é absurdo, por isso mesmo têm a mídia em suas mãos!
Queremos o que é nosso por direito! Nosso dinheiro tem servido a muitos menos a nós mesmos! Não há porque nos ser negado um reajuste que foi repassado às contas do FUNDEB para pagar salário de professor. Temerosos de que o governo assim o fizesse, em novembro do ano que passou, o sindicato fez o governo se comprometer em cumprir a Lei do Piso, assinando um acordo. De nada adiantou! Esse governo não tem palavra!
Vendo que nossos direitos estavam nos sendo negados, em abril decidimos por parar as atividades. O governo se mostrou autoritário, cortando nossos salários no primeiro mês de paralisação, apresentando uma proposta sem sentido para que retomássemos as atividades. Propôs-nos aceitar 7% para quem fizesse um curso de capacitação em novembro deste ano – o que não garante que toda a categoria receba tal ganho, deixando de fora professores em licença, por exemplo – ; em abril do ano que vem mais 7% como adiantamento de reajustes já garantidos de 2013 (3%) e de 2014 (4%), congelando nossos salários por 2 anos e abater ainda os 6,5% concedidos a todos os servidores estaduais como rejuste de inflação (dever do estado, direito nosso independente do reajuste do piso!).
Eu pergunto a você, cidadão, a você trabalhador, a você, pai e mãe, a você, aluno: isso é proposta que se faça? O que ele nos oferece? NADA!
* 6,5% de reajuste de inflação, dado a todos os servidores do Estado. Todo ano, no mês de janeiro, temos este reajuste, inclusive no valor do salário mínimo. Nada tem a ver com o dinheiro do FUNDEB.
* 7% por meio de curso que não contemplará toda a categoria. Vale salientar que nosso Plano de Carreira já nos contempla com promoção através de curso, com interstício mínimo de 3 anos, ou seja, qualquer professor pode de 3 em 3 anos, (o que já é um absurdo este tempo) dar entrada para perceber gratificações decorrentes de capacitação).
* 7% de ADIANTAMENTO de ganhos já consolidados para os próximos dois anos, tendo então nossos salários congelados durante este período.
É assim que ele diz que está nos oferecendo um reajuste de 22 a 26% e a população acaba acreditando que somos nós os intransigentes. Não! Queremos fazer valer a Lei do Piso! Queremos o que nos é de direito! Queremos ver em nossos salários o dinheiro que nosso fundo vem recebendo desde janeiro e que não está condicionada a inflação, nem a curso, nem a congelamento de salários!
Do contrário! Para o próximo ano, há uma previsão de que este reajuste do Piso será de 20,8% em janeiro. E aí? Como vai ser se ainda nem recebemos o reajuste de 2012? Teremos que fazer uma nova greve? Mais 100 dias sem aulas ano que vem? Compreendam que estamos lutando para não termos que parar as atividades todo ano porque o governo não cumpre a lei!
Ficaremos condenados a não mais reivindicar nossos direitos, pois não só este governador, como aqueles que o sucederem saberão a fórmula para nos enfraquecer: usem a mídia, invista o dinheiro do povo em propaganda, indique cargos altos no judiciário, tenha-os nas mãos, e, se os professores se rebelarem, mate-os de fome! Jogue a população e os alunos contra eles! É isso que estamos passando por reivindicar os nossos direitos! Por implorar pra que uma lei seja cumprida!
Massacrados, injustiçados, seguimos fortes! Alguns, encurralados pela fome, pela pressão, pelas dívidas, pela família que depende financeiramente deste salário, sucumbiram e retomaram as atividades – envergonhados, cabisbaixos, forçados, dilacerados! E é nisso que o governo tem apostado, no que pode ser mais cruel: na fome, na necessidade de suprir as nossas famílias do básico! Ele não está nem aí para “os meninos”, tão pouco está se lixando para a inviabilização do ano letivo! Ele espera calmamente o retorno dos professores vencidos pelo cansaço, na pirraça! Ele deseja que não tenha que prestar contas dos gastos do dinheiro da educação, que não tenha que direcionar os recursos financeiros para pagamento de nossos salários porque tem outros planos para uso desta verba! Abram o olho! Pra ele pouco importa se os alunos serão prejudicados – ele quer que a greve termine quando o último professor não mais resistir e ceder seus direitos em prol da corrupção e desvios.
Não podemos contar nem com a justiça, temos que ter pelo menos a população ao nosso lado. Esperamos contar com você que é ou já foi nosso aluno, porque se está lendo isso, foi porque alguém estudou, se formou, prestou concurso e foi seu professor! E, quando alegarem que estamos brigando por dinheiro, respondam: não! Os professores lutam por direitos, pois nos ensinaram assim!
E o que isso tem a ver com qualidade na educação? O que isso tem a ver com a educação de seu filho? Ora, quanto mais desvalorizados, quanto mais humilhados e mal remunerados, a carreira do professor deverá ser uma opção de “passa tempo” para aventureiros na educação. Gente, que vem “passar uma chuva” porque não pretende se aposentar professor... Gente que biscateia na profissão, pra não morrer de fome... Gente que vai se formar professor pra não ficar desempregado, mas que vai investir pra sair “disso”... Gente que vai trabalhar sem amor, sem vontade, sem satisfação... BISCATEIROS DA EDUCAÇÃO! E, quando isso acontecer, teremos enfim uma massa alienada de seus direitos formando gente desinformada e passiva diante dos desmandos dos governos.
Este mês tivemos aprovado o aumento de 30% nos salários dos parlamentares, sem votação, sem preocupação com Lei de Responsabilidade Fiscal, sem acordos, sem propostas indecorosas, sem parcelamentos, sem dificuldades! Com o nosso dinheiro! Dinheiro dos nossos impostos!
A JUSTIÇA diz que nossa greve é ilegal. Ilegal com base em quê? Eles alegam que estamos tirando um direito fundamental do aluno – de estudar! Mas somos nós que estamos tirando este direito? Quem é que não está cumprindo uma lei federal e criou uma lei inconstitucional? Por que uma Ordem Judicial é para ser cumprida somente se for a favor deles? Desocupamos a Assembleia legislativa porque um juiz foi lá e disse que nossa ocupação era ilegal. Ilegal com base em quê?
Estamos sós! Reféns de uma imprensa que omite e distorce informações, uma justiça vendida e conivente com os desmandos do governo, políticos omissos, sociedade calada!
Somos alguns milhares, mas com o apoio de vocês somos milhões!
Convido você – pai, mãe, aluno, sociedade como um todo, a nos apoiar nesta campanha pela dignidade! Vamos fazer valer a democracia...
*Professora da Rede Pública de Ensino do Estado da Bahia

Professores do Estado da Bahia: uma greve pedagógica


Foto:  elfpandora.blogspot.com 

José Rubens Mascarenhas de Almeida

A greve dos professores da educação pública da Bahia tem sido uma ação sumamente pedagógica para todos seus sujeitos.
Ela não é pedagógica simplesmente por ser uma greve de professores, mas porque, em seu processo, todos aprendemos, todos passamos pela dialética relação ensino-aprendizagem cuja essência não se dissocia da práxis (relação teoria/prática). Uma prova de resistência que ensina que a dignidade não se vende ou se compra no supermercado da esquina e que deve ser defendida até o último instante e as últimas consequências, uma práxis que educa para a vida, não para o mercado e a mercantilização das relações.
Vejamos:
- Aprendem os professores que qualquer conquista só vem da luta, e de uma luta árdua de enfrentamento de seus inimigos diretos e indiretos; de uma luta em que o combate às forças que pretendem lhes submeter e submeter o seu fazer de forma plena e digna, descaracterizando-o e desconstruindo-o em essência e plenitude; de uma luta vigorosa contra todos os instrumentos de dominação: uma mídia pautada não pela ética, mas pela mercantilização absoluta de seu fazer, que se vende e esse rende às mentiras oficiais propaladas por aqueles que oprimem pelo simples fato de que são os que detém/administram os recursos expropriados da classe trabalhadora e os transfere como pagamento pelo aluguel do espaço midiático; contra pseudos representantes de sua categoria, travestidos de sindicalistas que, pernosticamente, se infiltram e aparelham as suas organizações (atropelados pela base nesta greve); contra instituições/instrumentos constitutivas/os do Estado opressor na esfera jurídica, cujos membros vendem/compram sentenças como estivessem em qualquer feira ou botequim; contra um administrador (Executivo) que governa fascista e tiranicamente no ofício da manutenção da sua servidão e da de seus governados, e cujas ações sustenta até os últimos descalabros; contra um Legislativo oportunista que só conhece/reconhece as leis que servem à opressão e age contra direitos inalienáveis (ao exercício da lei, à sobrevivência e à transparência da administração pública); contra uma máquina estatal que busca lhe submeter sob o terrorismo da quitação de seus meios de subsistência (corte dos salários).
Uma greve que ensina aos estudantes que não devem ser simplesmente alunos (sem lúmen, sem luz própria), mas fermento na massa, agente da luta por uma educação que prepare para a vida e não para o mercado, pois neste está a reprodução e realização daquilo que é mais nefasto nesta sociedade; que a luta pela dignificação da educação (para além da formal) significa a garantia de um futuro distinto; que ensina que vale a pena se lutar por aquilo que se defende, independentemente da força daqueles que se negam a ceder em sua dominação; que uma educação digna não se constrói com o suor, a paciência, a exploração e o controle absolutos do educador, mas é fruto/produto da luta diária contra as forças que a despedaça, que a atomiza mecanicamente; uma greve que desnuda as práticas de um governo travestido de “dos trabalhadores”, mas que desmonta as mínimas conquistas sociais daqueles que trabalham.
Uma greve pedagógica que ensina também aos opressores de plantão. Ensina que, como todos os opressores que lhes antecederam, sua exploração não será eterna, mas terá um fim, e que suas práticas aceleram esse processo; ensina que os oprimidos têm uma capacidade incalculável de resistência quando o que defendem ultrapassa o pragmatismo das ações sem ideais; que nem sempre os aparatos fascistas dão conta de uma resistência quando o oprimido se reconhece nela e reconhece companheiros e opressores, assim como suas práticas e mecanismos de opressão; que ensina que a mínima legitimidade que calçava sua governança, seu domínio, é posta à prova quando suas práticas são ardilosas e fogem à realidade e à verdade; ensina que a História tem razão e que a tirania – e sua governança – tem limites.
Uma greve pedagógica, que ensina a todos que ainda é possível o exercício da dignidade, da ética, dos valores que se pautam para além do pragmatismo, do individualismo liberal, da mercantilização das relações sociais, da picaretagem – institucional ou não. Ensina que é possível superar os (des) valores reinantes atualmente.
Sem dúvidas, esta é uma greve sumamente pedagógica para toda a sociedade.
Vivas aos professores da Bahia que resistem à opressão, às mentiras oficiais, ao terrorismo de Estado e de um governo pseudamente “dos trabalhadores”!

Paralisação dos professores faz aprovação do governo Jaques Wagner desabar


Sergio Costa
29 jul 2012
Criado no coração do sindicalismo, o Partido dos Trabalhadores já deu aula de greve. Hoje, do outro lado do balcão, leva bomba em matéria de negociação. Os mais de 100 dias de paralisação dos professores trouxeram prejuízo às avaliações do governo do estado e do governador. Para os soteropolitanos, segundo pesquisa do Instituto Futura em parceria com o CORREIO, o índice dos que consideram ruim ou péssima a gestão Jaques Wagner (PT) pulou de 36,1% em abril, quando começou o movimento grevista, para 69,1% em julho.
O efeito greve também respingou nas barbas da popularidade do governador, que viu cair sua avaliação positiva de 23,6% (bom/ótimo) em abril para 9,3% neste mês. A reprovação cresceu de 35,9% para 65,9% no mesmo período.
A pesquisa CORREIO/Futura revela que para 87,7% dos entrevistados, a qualidade do ensino público é hoje o pior problema do estado, acima da saúde (ruim e péssima para 83,2%) e da segurança (73,9%), entre as atribuições estaduais com avaliações mais críticas.
A condução do governo estadual na greve da Polícia Militar no início do ano é melhor avaliada (49,9% de aprovação x 46,1% de reprovação) do que  na paralisação dos professores (51,6% desaprovaram) . Para 86,7% dos entrevistados, o governo deveria atender às reivindicações dos professores.
O apoio ao movimento, entretanto, também não é unânime em Salvador. A população está dividida: 52,9% são a favor e 44,6% são contra. No universo pesquisado, 66,2% ou estudam ou têm alguém da família na rede pública estadual. Neste público, a greve também dividiu os entrevistados: 50% a favor e 49,2% são contra.
A má avaliação do governo baiano em julho é equilibrada entre os sexos : homens (70% ruim/péssimo) e as mulheres (68,5%) e mais crítica nas maiores faixas etárias, com reprovações de 74,7% entre quem tem de 40 a 49 anos e 73,4% de 50 a 59 anos. O desgaste após os três meses de greve foi um pouco menor entre os mais jovens: 59,4% entre 16 a 19 anos.
Na divisão por classes sociais, a avaliação negativa da gestão estadual em julho cresce nas classes A/B, com 80,7% de ruim e péssimo contra 67,4% nas D/E. A nova classe média é um pouco mais generosa: 64,9% de reprovação. É ali que o governo estadual tem seu melhor desempenho com 13,8% de aprovação. Nas classes A/B, este índice cai para 5,3% de ótimo/bom, com 8,7% de aprovação nas faixas D e E.
A pesquisa CORREIO/Instituto Futura foi realizada entre os dias 16 e 19 deste mês, com 399 entrevistas em Salvador. A margem de erro é de 4,9%.

Brasil: país na impunidade ou da punição seletiva?

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MOÇÃO DE REPÚDIO AO PROIFES-FEDERAÇÃO POR AFIRMAR QUE REPRESENTA OS/AS DOCENTES DA UFRB


Os/as docentes da UFRB reunidos/as em Assembleia permanente de greve subscrevem esta moção de repúdio ao PROIFES-FEDERAÇÃO que divulgou de forma falaciosa, no dia 25/07/12, por meio de notícia no site UOL EDUCAÇÃO, que representa os/as docentes da UFRB.  Nós docentes da UFRB somos representados pela Associação dos Professores Universitários do Recôncavo – APUR, seção sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES-SN. Repudiamos veementemente a prática do PROIFES-FEDERAÇÃO de divulgar informações inverídicas para confundir a opinião pública e fragilizar a atual greve dos/as docentes das federais. Reforçamos que os/as docentes da UFRB continuam em greve, tendo rejeitado, por unanimidade, a última proposta do governo. Essa é nossa posição pública que será encaminhada ao CNG-ANDES, ente responsável por nos representar na mesa de negociação. REPUDIAMOS A INSISTÊNCIA DO PROIFES-FEDERAÇÃO EM DIVULGAR INAPROPRIADAMENTE QUE REPRESENTA OS/AS DOCENTES DA UFRB! O PROIFES-FEDERAÇÃO NÃO REPRESENTA OS/AS DOCENTES DA UFRB NA MESA DE NEGOCIAÇÃO COM O GOVERNO FEDERAL! EXIGIMOS RESPEITO AOS DOCENTES DA UFRB QUE SE FAZEM REPRESENTAR PELA APUR E PELO ANDES-SN!
Cruz das Almas – BA, 26 de julho de 2012.
Herbert Toledo Martins
Presidente da APUR

sábado, 28 de julho de 2012

Marinalva Oliveira: Não há perspectiva de fim da greve nas universidades


Foto:  adufpb.org.br

Fala a presidente do Andes sobre a Greve dos Professores das Federais e o papel nefasto da mídia de aluguel no Brasil.
O Sindicato esperava outra coisa? O dinheiro público está saindo largamente também por este ralo.  O Andes deve enfrentar o governo federal e seus mecanismos (a imprensa de aluguel é um deles). Deve buscar esclarecer a opinião publicizada que o “aumento” propalado pelo governo é um tremendo engodo. A sociedade já conhece o PROIFES e não vê legitimidade nas suas posturas pelegas.
por Luiz Carlos Azenha
A mais recente proposta do governo Dilma para acabar com a greve nas universidades federais deverá ser novamente rejeitada pela categoria, na avaliação de Marinalva Oliveira, a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES).
Segundo ela, desde que as negociações foram iniciadas não houve mudança na essência do proposto pelo governo para contemplar as duas reivindicações consideradas chave pelos grevistas: mudanças na carreira dos professores e melhoria nas condições de trabalho. A greve, iniciada em 17 de maio, segue sem perspectiva de solução. Ela atinge a grande maioria das universidades e instituições de ensino federais e envolve os estudantes em pelo menos 40 delas.
A proposta mais recente, apresentada na última terça-feira, de acordo com Marinalva ainda implica em perdas salariais para parte significativa dos professores.

O governo também propôs remeter para um Grupo de Trabalho algumas questões referentes à carreira, mas o ANDES acha a ideia “problemática” porque compromissos assumidos anteriormente pelo mesmo caminho não teriam sido cumpridos, o que está na origem do movimento grevista.

Conheça aqui detalhes do que querem os professores.
Ontem à noite, algumas assembleias decidiram não aceitar a mais recente proposta do governo. A anterior tinha sido rejeitada de forma unânime por 58 assembleias. Nesta nova rodada de negociações, o prazo de consulta às bases dura até a próxima segunda-feira.
A presidente do ANDES lamentou as distorções que tem acontecido na cobertura de parte da mídia à greve. Quando da proposta inicial, por exemplo, a maneira como a notícia foi publicada dava a entender que o aumento seria de 45% para todos os professores e de forma imediata.  Na verdade, os 45% eram sobre o salário de julho de 2010, contemplavam apenas os professores titulares — que representam 5% da categoria — e ainda assim o aumento seria dado de forma escalonada, até 2015, sem considerar a inflação.
“Infelizmente tem uma parte da imprensa que só passa o que o governo fala”, disse Marinalva.
Fonte: Vi o mundo
Publicado em 26 de julho de 2012 às 11:05

sexta-feira, 27 de julho de 2012

PROIFES: um fracassado instrumento de domínio político


Tiago ZURCK (CEDU-UFAL)

Prezados,
A considerar a capacidade dos delegados que formam o CNG-ANDES-SN em negociar;
A considerar que o movimento grevista em curso tem sido um instrumento eficaz para pressionar o governo;
A considerar que foi o ANDES-SN que convocou as assembleias para uma GREVE GERAL DA CATEGORIA
A considerar que o PROIFES desde o início foi contra o movimento paredista.
A considerar que, das 8 universidades base do PROIFES, 7 estão em greve e algumas das assembleias de base decidiram enviar delegados para o CNG-ANDES-SN.
A considerar que o PROIFES tem negociado e se posicionado em relação a proposta do governo sem discutir com suas bases conforme a metodologia do ANDES-SN na última semana,
A considerar que o PROIFES começa a ser pressionado pela sua base a discutir com suas bases uma proposta não por cima, mas por baixo (verificar assembleias das bases),
Não considero que seja o PROIFES o protagonista desse processo, mas a base ligada ao CNG-ANDES. Entendo que o PROIFES está mais pra dividir a luta do que para contribuir... Mas, enfim esse é o contexto atual e temos que saber lidar com a pedra no caminho.

Análise de conjuntura da Greve dos Professores da Bahia: A conjuntura política para nós é a melhor possível


Imagem:  greveuesb.blogspot.com

O comando de greve aquiesceu com a APLB? Será?
Por Maisa Paranhos*

A greve está para acabar mesmo?
São questões que estou me colocando nestes dias desde que saí da "assembleia fumaça" do dia 24, que tentou apagar o ímpeto do professorado, tentando-lhe dar uma esfriada...
Perda da visibilidade sobre a assembleia do dia 20, aonde o professorado agiu, interviu, modificou, e mudou a direção do movimento... tornou-se dono de seu destino.
Verdadeira experiência histórica, para os que estão do lado de cá, o da luta.
A “assembleia fumaça” do dia 24, não teve direção, serviu somente para despistar o professorado de si mesmo. Nenhuma outra foi a sua função. “água fria na fervura”... como diria minha avó.
Sem direção, sem liderança no movimento grevista, nós professores, estamos zanzando num vai e vem imposto pela APLB, para que nos façam acreditar que este sindicato está fazendo algo de producente para a greve: cenas velhas, passeatas...
Besteira. Está deixando o tempo passar para, assim, morrermos de inanição e tudo voltar como era antes.
Retornarmos da greve sem nada. Esta é a aposta deles. Os diretores da APLB sindicato quase nos convencem de que são nossos verdadeiros aliados... "mas quase também é mais um detalhe"... Explico.
Na minha compreensão, o comando de greve, para não quebrar a tão cantada e recantada “unidade”, está fazendo, nós professores, pagarmos um alto preço.
Em nome da “unidade” na greve, a gente tem perdido o próprio motivo que a ela nos levou: estamos a engolir o sapo da APLB, para tentar manter uma unidade que só tem nos amarrado.
Vejamos. As ações no poder judiciário, que são as mais evidentes, não têm andado. Ninguém entende o que a diretora Marilene Betros, representante do Departamento Jurídico, “explica” e tampouco sabemos em quais instâncias essas ações estão. As informações sobre os processos são altamente comprometidas, pois a mesma diretora não quer se fazer entender.  Quando os seus informes terminam ficamos aliviados, pois gastamos muita energia para entender aquilo que não querem que entendamos. E ficamos também bastante frustrados, pois sempre pensamos em ter notícias com as quais, esperamos, no mínimo, nos situar, nos instrumentalizar... O que não ocorre.
Tivemos reuniões zonais no dia 23, véspera da assembleia–fumaça, em que ficaram patentes nossas insatisfações e exigimos a saída de Marilene Betros do departamento jurídico. Até mesmo porque ela havia revelado, na assembleia do dia 20, que não caberia mais recurso algum nas instâncias jurídicas, não nos restando nada mais a fazer.
O que fez o comando diante de nossa insatisfação generalizada e decidida nas zonais para ser encaminhada e seguida? Ignorou!!!
E mais! Ainda tivemos a mesma diretora, na assembleia do dia 24, dando os informes do Departamento Jurídico sem que ninguém compreendesse bem o seu discurso. Tentou se justificar a respeito do dia 20, dizendo ter havido um “mal entendido”.
Como um “mal entendido”? Foi muito bem entendido o que ela pronunciou, e serviu de gota d’água sobre a categoria a respeitos dos males que esta diretora vem fazendo para nós. O comando de greve, em vez de encaminhar o imediato afastamento dela, não da diretoria, mas do Departamento Jurídico, nada fez, em nome de que “pegaria mal para o movimento grevista um racha”...
Pergunto:
1) Por que uma intervenção administrativa de um sindicato sobre as posições que seus diretores ocupam, seriam interpretadas como um “racha”?
2) Não será isto utilizado como pretexto para tentar nos convencer a aceitar Marilene Betros na função à qual ela não corresponde? Pois a alegação é a de que a imprensa diria que “eles (nós) não se entendem”...
3) Se o preço que estamos pagando para manter uma pseudo unidade tem colocado a vitória de nosso movimento em risco, o denominado racha, racharia o quê?
4) O comando de greve tem encaminhado as nossas questões? Ou está aquiescendo ao dizer que nós não temos estrutura para levarmos o movimento sem o sindicato?
5) Com o sindicato, para onde estamos indo?
Resposta: para o fim da greve, sem ganhos!!!
Presenciei parcialmente a reunião de uma zonal que particularmente me deixou muito triste. Além de constatar alguns discursos totalmente deslocados – em lugar de objetivar-se uma discussão que apontasse para estratégias do movimento, pude perceber que se substituiu essa discussão por uma outra, pedagógica, sempre necessária, mas não neste momento.
Uma colega falando de projetos pedagógicos dos governos estadual e federal desvirtuou totalmente o objetivo da zonal... e isto tem sido uma tendência em nosso movimento. Também na assembleia-fumaça ouvi uns argumentos temerários sobre como voltar da greve:
- se aceitando o reajuste de Wagner (coisa que o colega que falava dizia que não seria bom, pois seria um acordo no qual abriríamos mão de futuras lutas pelo cumprimento – acreditem! – da Lei do Piso!!!);
- ou se recusando qualquer proposta, onde sairíamos como entramos, porém de “cabeças erguidas e com o moral elevado”. E isto seria uma vitória! (?)
O neodiscurso da vitória é o que mais se tem falado. Para justificar uma saída sem ganhos. Temos visto um super-mega-hiper discurso, dos “ganhos da categoria” e seu heroísmo. Sem querer nos desmerecer, não fizemos greve para ganhos de ordem subjetiva. Isto serve como doce que se dá a criança, para ganhar a sua simpatia... Estão querendo nos convencer, mais uma vez, em nossa história, que foi um ganho para a categoria, ficar 4 meses sem salários, em greve, com mortes entre nós, com dívidas, sem a lei ser cumprida, e retornarmos com reposições e férias comprometidas...
Foto:  band.com.br
Colegas! Não precisarei me estender muito para dizer que todos sabemos a complexidade da problemática da educação pública em nosso país. Das diversas realidades...
Todos sabemos que somos vários “brasis”...
Todos sabemos que temos uma LDB que não foi produto de discussão aprofundada junto à sociedade brasileira.
Todos sabemos que desenvolvimento se diferencia de crescimento de uma nação por aquele compreender que uma nação independente, livre e soberana, para tal, deve ter um crescimento econômico que acompanhe a garantia da qualidade de vida da população e que isto, necessariamente, passa pela educação pública de qualidade, e que esta última, necessariamente passa pela valorização do trabalho docente, tanto em nível de sua formação quanto em nível salarial.
Portanto, colegas, não nos deixemos levar pelo discurso “politicamente correto” dos projetos pedagógicos, dos quais não discordamos, mas que intencionalmente, vem num momento inoportuno. Tentam ocupar o lugar protagonista do nosso movimento, que são as estratégias para a nossa vitória.
Trocar a discussão, no presente momento, sobre a greve pela discussão “maior e mais aprofundada” da educação nacional é querer boicotar o momento político grave pelo qual estamos passando, reflexo, obviamente, de uma estrutura colonial-oligárquica de exploração, que recairá sobre o papel que o nosso país joga na conjuntura internacional multilateral.
Nossa greve é a expressão material desta conjuntura. Estamos enfrentando o monstro em sua materialidade real.
A política partidária está agonizando em nosso Estado. A foice e o martelo – que se usa há algum tempo – deixaram de estar ao lado dos trabalhadores. Na reorganização de uma esquerda herdeira de um stalinismo centralizador, o partido que deveria representar os trabalhadores, não o faz, e segue o caminho do autoritarismo improdutivo, arcaico e anti-democrático. Estéril.
Assim o povo baiano é conduzido a um retrocesso perigoso, ao considerar que a esquerda e a direita em nada se diferenciam, o que leva a uma amargura política e sua maléfica consequência: um apoliticismo que só beneficia os mantenedores/beneficiários do sistema de exploração.
Desta forma, especificamente, uma vez mais, o órgão de classe denominado APLB/Sindicato tendo a função de nos representar não o faz.
Coloco que busquemos nossos próprios caminhos.
- Encaminhamentos jurídicos sem a APLB;
- Contratação de advogado confiável para tais encaminhamentos;
- Propaganda organizada em comissões;
- Cartas e emails para blogs e jornais de todo o país;
- Otimização da utilização do espaço midiático gratuito (que existe);
- Atos públicos nos órgãos da justiça;
- E o que vier...
A conjuntura política para nós é a melhor possível.
Ao sindicato não interessa esta avaliação, pois ele é base aliada do governo.
O comando de greve, em seu conjunto, nada mais tem feito, do que referendar o sindicato, não a categoria.
Não quero ser injusta com alguns colegas do comando, que tentam de fato encaminhar as propostas das zonais, mas a grande maioria, inclusive os eleitos na base, não têm correspondido à nossa expectativa, não cumprindo, desta forma, a sua função.
Lamentável que alguns colegas comandantes estejam se deixando levar por uma falácia de que a unidade vale qualquer preço. Colocamos que o preço não será o nosso movimento.
Estamos atentos e não permitiremos que nossas propostas não sejam devidamente encaminhadas.
Conclamamos o nosso Comando a seguir no comando de nossa greve e que isto não seja uma figuração e sim uma realidade concreta.
Que este comando não ceda ao canto da sereia da APLB/sindicato.
Que, no Comando, nossos colegas, que esperamos sejam nossos companheiros de fato, terão nosso total apoio e respeito ao seguir o que clama a categoria.
Pressão política, judiciário encaminhado com segurança e confiabilidade. União, ações e informações socializadas.
Que todos tenhamos nossos destinos nas mãos e que assim, possamos seguir até a vitória do nosso movimento, com dignidade, moral elevado e reajuste salarial conforme a lei federal postula.
A vitória será nossa, se o quisermos e isto implica compromisso nosso e do nosso Comando.
Abraço em todos,
*Maísa Paranhos, professora da Rede Pública de Ensino do Estado da Bahia.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

AMAP REQUER EXPLICAÇÕES DO GOVERNO DA BAHIA


Os internautas leitores do Fórum Universitário Permanente podem ler agora o Requerimento que a AMAP apresentou à GOVERNADORIA DO ESTADO DA BAHIA

AMAP – SERRAVALLE
Associação de Mães e Pais de Alunas e Alunos do
Colégio Estadual Raphael Serravalle

Excelentíssimo Senhor Governador do Estado da Bahia

A Associação de Mães e Pais de Alunas e Alunos do Colégio Estadual Rafhael Serravalle – AMAP/Serravalle, CNPJ 11173043/0001-95, entidade representativa legalmente constituída com endereço à Rua Arthur de Azevedo Machado, 1252, Ed, Yasmin, sala 301 – Costa Azul - CEP 41770-790, nesta Capital, por meio de seu presidente, vem requerer, na forma do artigo 10 da lei nº 12.527/2011, que sejam fornecidas as informações a seguir especificadas.

1) Se a sua Senhora esposa, primeira dama do Estado, é a mesma MARIA DE FÁTIMA CARNEIRO DE MENDONÇA que consta na RELAÇÃO DE SERVIDORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA BAHIA, percebendo um salário R$ 14.632,88 (catorze mil, seiscentos e trinta e dois reais e oitenta e oito centavos);
2) Em caso afirmativo, informar se na função de Assessora de Supervisão Geral da Coordenação da Assistência Médica – Salvador, a mesma frequenta o trabalho em obediência ao horário definido para todos os servidores daquele egrégio Tribunal ou goza de privilégios para conciliar, também, o comando das Voluntárias Sociais da Bahia, desde janeiro de 2007;
3) Informar, também, há quanto tempo a Primeira Dama, exerce a referida função no Tribunal, se antes ou após a posse de V. Exa. no Governo do Estado da Bahia;
4) Informar ainda como uma enfermeira servidora do Estado conseguiu tantos méritos para receber um rico salário de R$ 190.227,44 (cento e noventa mil, duzentos e vinte e sete reais e quarenta e quatro centavos), ao ano, cerca de 900% (novecentos por cento) a mais do que ganha anualmente um professor ou, o equivalente a 305 salário mínimos.
5) Por fim, gostaríamos de obter um posicionamento de Vossa Excelência, se acha justo e merecido o rico salário de Dona Fátima Mendonça – caso seja ela mesma a servidora que consta na publicação do Diário Oficial do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia –, em detrimento dos humilhantes salários pagos pelo seu governo aos sofridos servidores.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A greve dos professores baianos é a greve brasileira


Fernando Coelho*
Na verdade, considero que a greve dos professores baianos é a greve brasileira. Nela, estão contidas as decepções, as agruras, as incertezas e, por que não, as esperanças de todos nós. Chegamos a este ponto porque há mais de 3 décadas não se faz nada pela Educação. Como não estamos fazendo nada agora, em nível de políticas públicas sérias, daqui a mais 20 anos, nada será diferente. Os professores da Bahia estão, mesmo em greve, dando uma aula de civilidade, de honradez, de resistência. No prejuízo do ano letivo, está a recuperação da dignidade. Sei que as famílias da periferia, com filhos sem escola, atravessam momentos dolorosos, por medo da violência, da polícia, das drogas. Mas a greve é uma porta para que isso seja resolvido através do chamamento do Brasil para o problema. Todos nós temos que aprender com vocês.


*Fernando Coelho é jornalista e poeta. Nasceu em Conceição do Almeida, recôncavo baiano. Está em São Paulo desde 1966. Tem 10 livros publicados. Entre outras atividades, foi repórter da Rádio Globo, trabalhou na Rede Globo paulista como chefe de Reportagem, trabalhou na Tv Cultura onde chefiou o Departamento de Esportes, criou e dirigiu o Terra Brasilis na Tv Bandeirantes.