Pesquisar este blog

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Ética editorial – os intelectuais também tem que fazer referências bibliográficas

baumanPor Ernesto Spinak
No início deste mês de abril, o jornal britânico The Guardian publicou um post na qual Zigmunt Bauman¹, o eminente sociólogo da “modernidade líquida”, rejeita acusações de plágio com o argumento de que os acadêmicos de alto prestigio não estão obrigados a seguir as regras de referência que indicam os manuais.
Seu acusador, Peter Walsh, estudante de doutorado da Universidade de Cambridge, assinala que várias passagens que Bauman usa em seu último livro, Does the Richness of the Few Benefit Us All?² são copias quase exatas de sites em geral e da Wikipedia, em particular. Se bem que Bauman menciona estas fontes ao longo do texto, não assinala estas passagens como material copiado (cursivas, entre aspas, recuo, etc.), de acordo com as indicações das normas das universidades sobre plágio, inclusive reproduzindo os erros das fontes plagiadas.
O surpreendente a ser destacado nesta situação, é que Bauman, com mais de 30 livros publicados durante quase 60 anos, em vez de negar o plágio ou dar alguma desculpa, optou por atacar as regras e os ideais que regem a atribuição na investigação. É certo que Bauman diz que nunca deixou de reconhecer a autoria de ideias ou conceitos que logo desenvolveu ou que inspirou, o certo é que também afirmou que as regras de citação são “tecnicismos” que, ao final, não são importantes. O publisher Polity, distribuidor de seu livro, declinou opinar sobre se havia verificado o livro quanto à plágio.
Entre os muitos comentários e posts publicados nestes dias, destacaremos dois deles. O primeiro por Jonathan Bailey no blog de iThenticate.
Bailey afirma que Bauman se equivoca quando pensa que fazer referências às fontes é um mero “tecnicismo”. O problema não é que Bauman não esteja seguindo os estilos exatos da citação, porém que não pode citar fontes primárias copiando quase textualmente das fontes secundarias. Omitir a atribuição não é somente violar una norma técnica, é quebrar a cadeia de atribuição, pois a ciência é uma construção onde cada pesquisador se apoia sobre os ombros dos que o precederam. Citando Bailey (2014):
“Esta cadeia de atribuição é crucial não apenas para manter a autoria e dar crédito pelo trabalho de outros, mas também para assegurar-se de que outros que o leiam possam verificar que o trabalho é correto… Se bem que as regras de citação possam parecer arcaicas, especialmente na era da Internet, a comunidade científica deve ser cautelosa ao alterar as normas, já que são fundamentais para a maneira com que se obtém o novo conhecimento”. (tradução livre)
O segundo post que queremos destacar, e que é especialmente agradável de ler, foi escrito por Alberto Bellan no blog The IPKat. Este blog, publicado desde junho de 2003, se dedica aos temas de copyright, patentes, tecnologia da informação e assuntos de privacidade e confidencialidade da perspectiva Britânica e Europeia.
A nota de IPKat com o irónico título de: Zygmunt Bauman – liquid copyright or solid plagiarism? apresenta uma série de fac-símiles lado a lado mostrando efetivamente as fontes das partes copiadas no livro de Bauman. Ademais, faz referência aos manuais da universidade de Harvard, e da Universidade de Leeds, onde Bauman é professor, indicando que a cópia de pedaços de várias fontes, onde se mudam algumas palavras aqui e ali, ou parafraseando em forma adequada, o resultado é considerado “plágio em mosaico”, e esta é exatamente a transgressão que Bauman faz muitas vezes em seu livro.
Não é nenhum pedantismo (como o denominou Bauman) exigir que os autores indiquem quando estão usando palavras de outros autores. Sempre deve ser feita a atribuição ao autor copiado, inclusive se a fonte é a Wikipedia, pois tal obra requer ser citada formalmente, de acordo com suas próprias instruções para Creative Commons³.
É muito interessante que nesta sociedade pós-moderna, onde as hierarquias fixas, as antigas ordens e as regras clássicas do mundo académico da modernidade sólida parecem começar a se derreter a nossa volta, mediante a expansão líquida do direito de autor como o entende Zygmunt Bauman.
Esta nota está aberta a opiniões, e convidamos os leitores a deixar seus comentários.

Notas

¹ Zygmunt Bauman é um sociólogo, filósofo e ensaísta polonês nascido em 1925, conhecido por cunhar o termo e desenvolver os conceitos de “modernidade sólida – modernidade líquida, e a construção da identidade pessoal.
Apesar de Bauman ser considerado um pensador ‘pós-moderno’, não lhe cabe o termo de pós-modernista, já que utiliza os conceitos de modernidade sólida e líquida para caracterizar o que considera as duas faces da mesma moeda.
Bauman defende que na modernidade líquida as identidades são semelhantes a uma crosta vulcânica que endurece, volta a se fundir e muda constantemente de forma. A modernidade líquida se refere ao processo pelo qual o individuo deve passar, para poder integrar-se a uma sociedade cada vez mais global, porém sem identidade fixa, e sim maleável e volúvel. A identidade deve ser inventada, criada, se devem moldar máscaras de sobrevivência.
Se antes no século XVIII a sociedade se caracterizava pelo sentido de pertencimento do individuo muito marcado entre os distintos estratos sociais, agora com o auge das redes sociais e as TICs, as identidades globais, volúveis, permeáveis e propriamente frágeis, oscilam de acordo com a tendência que marca o consumismo.
² Bauman, Z. Does the Richness of the Few Benefit Us All? Zygmunt Bauman. Polity. 2013. 100 p. Available from: http://www.wiley.com/WileyCDA/WileyTitle/productCd-074567108X.html
³ Wikipedia:Texto de la Licencia Creative Commons Atribución-CompartirIgual 3.0 Unportedhttp://es.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Texto_de_la_Licencia_Creative_Commons_Atribuci%C3%B3n-CompartirIgual_3.0_Unported

Referências

Zygmunt Bauman — liquid copyright or solid plagiarism? The IPKat. 11 April 2014. Available from:http://ipkitten.blogspot.com/2014/04/zygmunt-bauman-liquid-copyright-or.html
 

spinakSobre Ernesto Spinak

Colaborador do SciELO, engenheiro de Sistemas e licenciado en Biblioteconomia, com diploma de Estudos Avançados pela Universitat Oberta de Catalunya e Mestre em “Sociedad de la Información” pela  Universidad Oberta de Catalunya, Barcelona – Espanha. Atualmente tem uma empresa de consultoria que atende a 14 instituições do governo e universidades do Uruguai com projetos de informação.
 
[Revisado em 08 Maio 2014]
 
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Ética editorial – os intelectuais também tem que fazer referências bibliográficas. SciELO em Perspectiva. [viewed 14 May 2014]. Available from: http://blog.scielo.org/blog/2014/04/28/etica-editorial-os-intelectuais-tambem-tem-que-fazer-referencias-bibliograficas/

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Brasil se distancia da média mundial em ranking de educação



País piorou em índice que compara capacidade cognitiva e sucesso escolar de 40 nações; mesmo assim, subiu de penúltimo para antepenúltimo em lista.

Da BBC, em 08/05/2014

Ranking feito por entidades privadas compara notas e alfabetização em 40 países (Foto: BBC)



Da BBC, em 08/05/2014


O Brasil se distanciou da média de 40 países em um ranking que compara resultados de provas de matemática, ciência e leitura, e também índices como taxas de alfabetização e aprovação escolar.
No entanto, apesar de ter o seu índice piorado, o país subiu uma posição no ranking - de penúltimo para antepenúltimo - pois o México apresentou queda maior do que o Brasil no índice.
Esta é a segunda edição do relatório produzido pela empresa de sistemas de aprendizado Pearson (ligado ao jornal britânico Financial Times) e pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU).
O Brasil aparece na 38ª posição do ranking, na frente de México e Indonésia - um avanço de um lugar, na comparação com a edição de 2012.

Saiba mais

O indicador do ranking é composto a partir duas variáveis: capacidade cognitiva (medida por resultados de alunos nos testes internacionais PISA, TIMSS e PIRLS) e sucesso escolar (índices de alfabetização e aprovação escolar).
O número usado para comparar os países ('escore z') indica o quão longe cada nação está da média dos 40 países (que é zero, nesta escala). Foram analisadas nações da Ásia, da Europa e das Américas - nenhum país africano participa do ranking.
Em 2012, o Brasil havia obtido um escore de -1.65; neste ano o indicador foi de -1,73, o que mostra que o país está mais distante da média dos 40 países. Já o México viu seu escore cair de -1,6 para -1,76. O sinal negativo indica que ambos os países estão abaixo da média dos 40 países.
O Brasil piorou nas duas variáveis - tanto na capacidade cognitiva (de -2,01 para -2,06) quanto no sucesso escolar (de -0,94 para -1,08).
Os escores são sempre comparados com a média das 40 nações. Então não é possível determinar ao certo se a piora do indicador do Brasil se deve a uma queda no desempenho dos alunos brasileiros, ou se houve uma melhora na média mundial.

Mais professores de ciência e matemática

'Países em desenvolvimento ocupam a metade inferior do ranking, com a Indonésia novamente aparecendo em último lugar entre as 40 nações analisadas, precedida por México e Brasil', diz o relatório produzido junto com o ranking ('A Curva de Aprendizagem').
'É preciso questionar a habilidade dos sistemas educacionais destes países de suportar índices altos de crescimento econômico no longo prazo.'
Um dos capítulos do relatório discute 'lições a serem aprendidas por países em desenvolvimento' e conta com contribuições de Maria Helena Guimarães de Castro, diretora da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), um centro de pesquisas do governo do Estado de São Paulo.
Castro é citada no relatório dizendo que o Brasil precisa de um aumento de 30% no número de professores de ciência e matemática para aliviar as pressões sob o contingente atual - que está sobrecarregado e carece de treinamento.
'Nós não temos professores porque essa carreira não é atraente. Isso é um problema que não será resolvido a não se que o governo e os governantes decidam mudar isso', diz a diretora do Seade, no documento da Pearson e EIU.

Ásia em alta

No topo do ranking, a novidade desta edição é a queda dos países escandinavos e a ascensão de asiáticos.
A Finlândia, que liderava a edição de 2012, viu seu escore piorar de 1,26 para 0,92 - caindo quatro posições e sendo ultrapassada por Coreia do Sul, Japão, Cingapura e Hong Kong. O relatório afirma que países escandinavos, como Suécia e Finlândia, tem visto nos últimos anos as notas de seus alunos piorarem nos testes internacionais.
A Coreia do Sul é o país com a melhor média em relação às 40 nações. Um dos destaques positivos do ranking foi a Rússia, cujos alunos melhoraram suas notas nas avaliações. Com isso, a Rússia subiu sete posições, de 20° para 13°.

Fonte: G1

NOTA DO MTST SOBRE AÇÃO JUDICIAL CONTRA A COPA DO POVO



Fomos informados da decisão em primeira instância estabelecendo a reintegração de posse da Ocupação Copa do Povo. O MTST irá recorrer da decisão, através de seus advogados, por considerá-la injusta e descriteriosa.

Foi publicado amplamente na mídia o fato da Viver Incorporadora, proprietária do terreno, mantê-lo fraudulentamente como área rural, sendo então tributada por ITR ao invés de IPTU. O resultado desta ação criminosa é uma sonegação violenta que faz com que a Empreiteira, que tem cerca de R$4 bilhões apenas em terras, pague R$57/anuais de imposto por um terreno de mais de 150 mil m².

Desconsiderando este fato e muitos outros – como o abandono da área por anos – o Juiz decretou a reintegração.

O MTST julga ilegítima tal decisão e alerta os efeitos dramáticos que ela pode causar.

Recorremos judicialmente e buscaremos todas as vias institucionais de negociação. Mas não sairemos da Ocupação sem uma negociação de solução habitacional para as famílias.

Em caso de tentativa de despejo forçado pela Polícia haverá resistência organizada. Esperamos que o Estado tenha o bom senso de não repetir erros passados. Não queremos outro Massacre do Pinheirinho. Nem que a imagem da Copa do Mundo no Brasil seja definitivamente marcada por um conflito violento e massacre de trabalhadores sem-teto.

COORDENAÇÃO NACIONAL DO MTST

quinta-feira, 1 de maio de 2014

OFENSIVA PROLETÁRIA

Publicado em 15/11/2013, este vídeo reflete, brevemente, sobre o potencial revolucionário e de autossobrevivência econômica do proletariado. Propício ao dia de hoje (primeiro de maio) e sempre.

Autoria: Rinaldo Martins de Oliveira

Licença padrão do YouTube