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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Educação: o desafio da transexualidade



Escolas e professores seguem pouco preparados para lidar com sexo. Incompreensão e preconceitos religiosos ampliam violência e sofrimentos. Programa pioneiro enfrenta problema

Por Márcia Acioli

A escola brasileira tem sido convocada a contribuir para o enfrentamento a diversas formas de violação de direitos. Organizações da sociedade civil cobram da escola educação em direitos humanos, acreditando, com isso, fortalecer a capacidade de fala e de participação de estudantes na conquista de direitos, e por consequência, a criação de clima favorável ao acolhimento de todos os perfis de estudantes que nela ingressam. O propósito é assegurar educação de qualidade mudando o panorama de violência, seja pelo fortalecimento dos sujeitos, seja pelo diálogo que a escola faz com a sua comunidade. Temas como trabalho infantil, exploração sexual, Estatuto da Criança e do Adolescente e diversidade entram na pauta das escolas como proposta das políticas de educação federal, estaduais, municipais e distrital.

Quando o assunto é sexo e sexualidade os desafios são maiores e os/as profissionais da educação nem sempre estão preparados/as. Raras vezes as escolas incorporam no seu dia a dia o trato com questões referentes à sexualidade ou identidade de gênero.

Mesmo na universidade a situação é difícil. Segundo Marcelo Caetano “o semestre passado (2012) foi o semestre que eu tive mais problemas com os professores em relação a isso, eu fiz sete matérias, eu tive que trancar seis, porque os professores não aceitavam [o nome social].” Revista Descolad@s, Inesc 2013.

Francisco (nome fictício), adolescente de 16 anos estuda no Distrito Federal. Seus amigos não sabem que ele nasceu com sexo feminino. Com muito respeito, seus professores o tratam pelo nome masculino. Assim mesmo ele tem muito medo de ser descoberto pelos colegas.

Já a adolescente Ana Luiza (estudante de escola particular em Fortaleza), sofreu constrangimentos por ocasião de sua identificação na prova do ENEM. Ao receber total apoio da família se fortalece para seguir seus estudos. Diferente de uma amiga que, expulsa de casa, encontrou na prostituição a única oportunidade para a sua sobrevivência.

Portanto, é impensável a escola se esquivar da responsabilidade perante temas de tamanha importância que tanto afetam estudantes quanto profissionais e familiares. A transexualidade (falta de sintonia entre o corpo biológico e a identidade de gênero) ficou abafada por muito tempo e muitas pessoas permanecem sofrendo em suas respectivas solidões. A transexualidade ainda é percebida como aberração; no mínimo, uma patologia. São ideias equivocadas, vastamente desmentidas pela comunidade acadêmica tanto das áreas de saúde, quanto humanidades.

O 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica elaborado pela coordenação de Promoção dos Direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) da secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República revela que de 2011 para 2012 há um aumento significativo de violência contra a população LGBT, sendo que o Distrito Federal lidera o ranking. Os jovens de 15 a 29 anos representam 61% das pessoas afetadas pela violência homofóbica, de onde se conclui que a maior parte ainda está na escola; provavelmente no Ensino Médio.

Diante deste cenário, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco — e o ministério da Educação incorporaram a preocupação com as diversidades na escola. No entanto, é muito difícil emplacar o tema da transexualidade numa realidade repleta de pessoas conservadoras. Um dos maiores problemas é a relação promíscua entre religião e escola, a despeito o fato de o Brasil ser um estado laico. Os materiais produzidos pelo projeto Escola sem Homofobia, por exemplo, foram condenados à fogueira pelos fundamentalistas de plantão.

O grau de preconceito e de discriminação que vivem as pessoas transgênero, transexuais e travestis as leva a esconder seus sentimentos, suas identidades ou a evadir da escola. Como aponta Berenice Bento, as pessoas trans “sofrem evasão escolar” por meio de tecnologias cotidianas de exclusão. Seja pela violência transfóbica ou homofóbica, seja pela inadequação do trato pedagógico estudantes experimentam um massacre diário para sobreviverem à escola.

Propostas da Conferência Nacional de Educação Básica em relação à diversidade sexual são simples e viáveis como: evitar discriminações de gênero e diversidade sexual em livros didáticos; ter programas de formação em sexualidade e diversidade; promover a cultura do reconhecimento da diversidade de gênero, identidade de gênero e orientação sexual no cotidiano escolar; evitar o uso de linguagem sexista, homofóbica e discriminatória em material didático-pedagógico; inserir os estudos de gênero e diversidade sexual no currículo das licenciaturas.

O projeto Eu te desafio a me amar é um convite amoroso para o aprofundamento no tema com uma abordagem delicada e séria. O projeto, que consta de uma extensa programação, propõe pautar o tema pelo olhar sensível e estético da fotógrafa Diana Blok e convida adolescentes do Ensino Médio de Brasília e professores de todas as modalidades de ensino a debaterem sexualidade e identidade de gênero a partir do vídeo da mesma autora.

Enfim, a vida escolar é decisiva para a formação e o desenvolvimento da criança e pode se dar em ambiente estimulante, tedioso ou excludente. Portanto, se a escola deseja ocupar seu lugar privilegiado na promoção de cidadania de crianças e adolescentes, não pode ignorar nenhum público. Precisa acolher, incluir e garantir o desenvolvimento pleno de todos os meninos e de todas as meninas, inclusive de todos os meninos que nasceram meninas e de todas as meninas que nasceram meninos e de todos os meninos e meninas que flutuam em busca de suas identidades e jeitos de caminhar na vida.

Fonte: Outras Palavras, 30/04/2014

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

IESP-UERJ realiza 4 concursos para professor-adjunto

IESP-UERJ realiza quatro concursos para professor-adjunto no IESP-UERJ no final de fevereiro e início de março de 2015.
 
Os concursos são nas seguintes áreas:
 Estratificação Social e Metodologia (1 vaga no departamento de sociologia)
 
 Sociologia Política (2 vagas no departamento de sociologia)
 
 Cidade e Trabalho (1 vaga no departamento de sociologia)
 
 Teoria Política (1 vaga no departamento de ciência política)
 
 
Inscrições: 5/1/2015 a 16/1/2015.
 
Informação para os possíveis candidatos: há um adicional de dedicação exclusiva (65% do salário bruto que consta do edital) concedido imediatamente se os aprovados quiserem.
Além disso, há sempre a possibilidade de concorrer à bolsa de pesquisa da UERJ no valor de R$ 4.000,00 (Prociência).

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Professor brasileiro é um dos que mais trabalham, afirma relatório da OCDE

No Brasil, docente gasta 25 horas por semana só dando aulas, um porcentual 24% maior do que outros 30 países analisados. José Luis da Conceição/Divulgação SEE
Por Davi Lira

Pesquisa foi feita com mais de 14 mil professores brasileiros; docentes usam apenas 67% do tempo da aula; o resto é "desperdiçado" com atividades administrativas e no controle da "bagunça"

Os professores brasileiros de escolas de ensino fundamental, gastam, em média, 25 horas por semana só com as aulas. O número é superior à média de aproximadamente 30 países, como a Finlândia, Coreia, Estados Unidos, México e Cingapura. Lá, os professores gastam, em média, 19 horas por semana ensinando em sala de aula, ou seja, um porcentual 24% menor. O  posição brasileira é inferior apenas à do Chile, onde os professores gastam quase 27 horas em aulas.

Leia também:



O docente brasileiro, contudo, usa até 22% mais de tempo que a média dos demais países em outras atividades da profissão, como correção de "tarefas de casa", aconselhamento e orientação de alunos. Todos os dados são da mais recente Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) divulgada nesta quarta-feira (25) na França.

Junto com o Brasil, não foram apenas países ricos e integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - coordenadora da pesquisa - que participaram do estudo. Outras nações emergentes e também países menos desenvolvidos fizeram parte da pesquisa. Polônia, Bulgária, Croácia, Malásia e Romênia fazem parte do conjunto de nações integrantes da edição 2013 da Talis.

Os dados foram obtidos junto a mais de 14 mil professores brasileiros e cerca de 1 mil diretores de 1070 escolas públicas e privadas de todos os estados do País. Os docentes e dirigentes responderam aos questionários da pesquisa, de forma sigilosa, entre os meses de setembro a novembro de 2012. Cada questionário tinha cerca de 40 perguntas.

Em âmbito nacional, o estudo foi coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Em 2007, o Brasil também participou da primeira rodada da pesquisa, a Talis 2008, que foi publicada no ano seguinte.

Objetivo

A pesquisa tem como principal objetivo analisar as condições de trabalho que as escolas oferecem para os professores e o ambiente de aprendizagem nas salas de aula.

De acordo com o Inep, "a comparação e análise de dados internacionais permite que os países participantes identifiquem desafios e aprendam a partir de políticas públicas adotadas fora de suas fronteiras".

Diferente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que prioriza a avaliação dos alunos, do seu contexto e da escola, no Talis, o foco está mais centrado nos docentes. "O programa Talis é um programa de pesquisas que visa preencher lacunas de informação importantes para a comparação internacional dos sistemas de ensino", afirma estudo da Universidade Federal do Paraná liderado pela pesquisadora Rose Meri Trojan.

"Desperdício"

A pesquisa também quis saber do professor quanto tempo de aula é voltado, efetivamente, para a aprendizagem. E o número é pouco animador para o Brasil. Mesmo com uma carga de 25 horas de aulas por semana, mais de 30% do tempo desses encontros regulares é "desperdiçado" em tarefas de manutenção da ordem dentro da sala e em questões burocráticas, como o preenchimento de chamadas e outras atividades administrativas.

Só o tempo gasto para por "ordem na bagunça" dos estudantes representa 20% do tempo total da aula. Com serviços administrativos, são gastos 12%. De aula mesmo, ou seja, atividades de aprendizagem, o professor dispõe apenas de 67% do tempo. É a pior situação entre todos os países avaliados. Na média dos países pesquisados, quase 80% do tempo é voltado, exclusivamente, para a aprendizagem. 

Ocimar Alavarse, da USP, diz que é preciso mudar o foco
 do ensino para a aprendizagem. Reprodução/TV Univesp.

"Precisamos otimizar mais o tempo em sala de aula. O Brasil ainda tem como foco o ensino, mas é preciso se voltar para a aprendizagem. Não podemos desperdiçar tanto tempo com outras questões", afirma Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

 Segundo ele, um dos principais fatores de dispersão do aluno é a  própria defasagem que ele tem em termos de conhecimento por uma série de fatores, inclusive os socioeconômicos. "Os alunos que chegam no fundamental veem com baixa proficiência ou possuem uma diferença muito grande em relação aos demais estudantes. Isso é um dos fatores que faz com que ele não fique atento às aulas e o professor precise gastar mais tempo organizando a dispersão", fala Alavarse.

Deslocamento

Além de usar mais horas por semana ensinando, parte dos professores brasileiros ainda sofre com o desgaste em descolamentos. Isso porque, muitos deles trabalham em mais de um estabelecimento.
Dupla jornada em escolas diferentes representa mais trabalho e causa estresse no professor
"Ainda temos que enfrentar o desafio da reorganização do corpo de professores nas escolas públicas. O ideal era que ele estivesse vinculado a apenas uma escola. No entanto, é comum docentes, especialmente dos anos finais do ensino fundamental, ensinarem em mais de um estabelecimento, já que certas matérias que eles lecionam têm uma carga horária e número de turmas limitado", afirma Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

No Brasil, cerca de 40% dos mais de 2 milhões de professores da educação básica dão aulas em cinco ou mais turmas. E aproximadamente 20% deles ensinam em pelo menos dois estabelecimentos. Já em São Paulo, 26% dos professores dão aulas em duas escolas. Os dados são do Censo Escolar 2013 divulgados no início deste ano pelo MEC.

Fonte: Último Segundo, 25/06/2014

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Grupos de Estudos convidam para duplo lançamento de revistas sobre a ditadura militar

O GEILC (Grupo de Estados de Ideologia e Lutas de Classes), o GEPS (Grupo de Estudos Política e Sociedade) e o GEPEHCE (Grupo de Pesquisa Estudos Histórico-Críticos em Educação) promovem o duplo lançamento das revistas Lutas Sociais (num. 32) e BBA (num. 5), marcados para o dia 16/12 (terça-feira), às 19:00 horas, no Auditório do CEDOC - Centro de Documentação Albertina Lima de Vasconcelos – (na UESB, próximo à Biofabrica, ao lado do Laboratório de Biologia). O duplo lançamento destas distintas revistas se faz propositadamente, pois que se agregam às ações de difusão crítica sobre um tema central (ditadura civil-militar na América Latina) tema central das duas publicações, quando completa-se meio século de ocorrência do golpe civil-militar no Brasil.
Contamos com a presença de todos/as interessados em debater um tema de tamanha singularidade de nossa história.
Uma promoção do GEILC/NEILS/GEPS e GEPEHCE.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Relatório sobre torturas causa constrangimento à CIA

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Por Por Jérôme CARTILLIER, Ivan Couronne
AFP
10/12/2014

Sede da CIA em Langley, Virginia

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fala sobre o relatório de torturas cometidas pela CIA, em 10 de dezembro de 2014Ver foto

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fala sobre o relatório de torturas cometidas …

Após o 11 de setembro, a CIA submeteu dezenas de detentos vinculados à Al-Qaeda a torturas brutais e ineficazes, revelou na terça-feira um relatório elaborado pelo Senado dos Estados Unidos, que causou uma onda de críticas no mundo todo e que pode resultar em processos judiciais.

Entre as revelações feitas, está a que o governo republicano de George W. Bush estava a par dos procedimentos ilegais implementados pela chamada "guerra ao terror".

Os senadores democratas da Comissão de Inteligência publicaram o extenso relatório de uma investigação detalhada sobre o programa secreto da CIA para capturar e interrogar, fora do âmbito legal, suspeitos de estar vinculados à Al-Qaeda.

A CIA impugnou imediatamente as conclusões do relatório, redigido entre 2009 e 2012. Uma versão reduzida do mesmo, de 525 páginas e com 2.725 notas, foi a divulgada na terça-feira.

A comissão acusa a agência de inteligência de ter submetido 39 detidos a técnicas de interrogatório especialmente duras, aprovadas pelo governo da época, e que muitos equiparam a torturas.

O relatório descreve como os detidos permaneciam amarrados durante dias na escuridão, eram submetidos a banhos gelados, privados de sono durante uma semana, espancados e ameaçados psicologicamente. Um detento foi ameaçado com uma furadeira. Ao menos cinco sofreram o que o relatório descreve com o eufemismo de "reidratações retais".

Khaled Cheikh Mohammed, suposto cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001, foi submetido tantas vezes ao chamado submarino (imersão forçada até o limite do afogamento) que esteve prestes a morrer durante os interrogatórios.

Em reação ao relatório do Senado, o advogado do agora detido na base de Guantánamo estimou que seu cliente não deveria ser condenado à morte durante seu processo perante um tribunal militar especial.

O então presidente George W. Bush foi informado em abril de 2006, ou seja, após quatro anos dos incidentes, que os detidos eram torturados em prisões secretas da CIA, revelou o documento.

O ex-presidente republicano expressou seu desconforto quando descobriu "a imagem de um detido algemado no teto, com uma fralda e obrigado a fazer suas necessidades ali", é possível ler na página 40.

"Nenhuma nação é perfeita", declarou Barack Obama, que no passado utilizou o termo tortura para se referir aos interrogatórios reforçados. "Mas uma das forças dos Estados Unidos é nossa vontade de enfrentar abertamente nosso passado, enfrentar nossas imperfeições e mudar para melhorarmos".

- Demandas e condenações -

A reabertura deste capítulo negro da "guerra contra o terrorismo" provocou uma onda de condenações no mundo e nos Estados Unidos.

O relator da ONU sobre direitos humanos, Ben Emmerson, pediu que sejam apresentadas demandas judiciais contra os responsáveis.

"Dos níveis mais altos da administração Bush foi orquestrada uma política que permitiu (que fossem cometidos) crimes sistemáticos e violações flagrantes dos direitos humanos" em escala internacional, declarou.

"Os responsáveis por esta conspiração criminosa devem ser levados à justiça", afirmou.

No entanto, o departamento de Justiça americano indicou que o caso seguirá arquivado por falta de provas suficientes.

A organização britânica de defesa dos direitos humanos Cage também exigiu demandas judiciais. Afirmou que "há (no relatório) provas evidentes que justificam as ações judiciais".

O ex-presidente polonês Aleksander Kwasniewski, cujo país abrigou prisões secretas da CIA, declarou que os interrogatórios violentos por parte da CIA em território polonês cessaram após as pressões de Varsóvia em 2003, e que "a princípio a Polônia ignorava que ocorriam torturas".

Nos Estados Unidos o diretor-geral da poderosa União de Defesa das Liberdades Civis (ACLU), Anthony Romero, condenou os "crimes atrozes". "É um relatório escandaloso e é impossível lê-lo sem se indignar pelo fato de nosso governo ter realizado estes crimes atrozes", afirmou.

A União Europeia (UE) elogiou a publicação do relatório.

"O relatório é uma etapa positiva para expor publicamente e de maneira crítica o programa de detenção e interrogatórios da CIA", afirmou Catherine Ray, porta-voz da chefe da diplomacia europeia.

Já a Alemanha declarou que as torturas realizadas pela CIA são uma grave violação dos valores liberais e democráticos e que não podem se repetir.

"O que era considerado bom e foi feito pela luta contra o terrorismo islamita é inaceitável e um grave erro", declarou ao jornal Bild o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.

O novo presidente afegão Ashraf Ghani também condenou a prática de torturas.

"Todos os princípios básicos dos direitos humanos e das leis americanas foram violados pelo pessoal da CIA", afirmou Ghani.

No Congresso, os republicanos lamentaram a publicação do documento, temendo que a transparência provoque represálias contra os Estados Unidos. As bases militares americanas de todo o mundo estão em estado de alerta máximo, disse um funcionário de alto escalão na terça-feira.

No entanto, há vozes discordantes entre os republicanos. O senador John McCain, que foi prisioneiro de guerra e torturado no Vietnã, saudou a difusão do relatório. "A verdade às vezes é difícil de digerir", disse. "Às vezes é utilizada por nossos inimigos para nos prejudicar. Mas os americanos têm o direito de conhecê-la".

Cento e dezenove pessoas foram capturadas e mantidas em prisões secretas da CIA em diferentes países - nunca identificados - muito provavelmente Tailândia, Afeganistão, Romênia, Polônia e Lituânia, entre outros.

Barack Obama aboliu oficialmente o programa secreto de interrogatórios da CIA ao chegar ao poder, em 2009

Fonte:  Br.notícias

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ministério do mercado reitera vazio político de uma esquerda perdida e oportunista

por PAULO PASSARINHO
28 de novembro de 2014

Já virou rotina. Depois de mais uma campanha eleitoral onde a candidatura do lulismo ataca a direita e denuncia banqueiros – como o mal maior a ameaçar direitos e conquistas dos trabalhadores – o ato imediato protagonizado por suas lideranças é a celebração de acordos com o mercado financeiro, para garantir o que se chama de “governabilidade”.

Em 2002, o acordo foi audacioso: a campanha vitoriosa, que levou a esperança a vencer o medo, foi buscar em Washington o armistício, anunciando na capital do Império o nome de um alto executivo do BankBoston, um de seus ex-presidentes e deputado eleito pelo PSDB, Henrique Meirelles, para o comando do Banco Central (BACEN). A esperança, portanto, ficou no passado da campanha e o temor, ou insegurança, predominou.

Em 2006, o nome do banqueiro tucano foi o primeiro a ser confirmado para continuar na equipe de Lula, já como ministro, pois Lula a ele conferiu esse privilégio, no seu primeiro mandato, elevando o status do presidente do Banco Central a essa posição, por um motivo bizarro: permitir que o cidadão obtivesse o chamado foro privilegiado do Supremo, pois Meirelles havia sido acusado pelo Ministério Público por crimes fiscais, falsidade ideológica e evasão de divisas.

Em 2010, Dilma Rousseff decidiu, finalmente, substituí-lo na montagem da sua equipe de governo. Mas, em seu lugar, ficou um dos seus diretores no BACEN e seu pupilo, Alexandre Tombini. Não sem razão – e apesar da conjuntura internacional ainda se ressentir da crise financeira de 2007/2008 – a primeira medida adotada pelo novo presidente foi dar início a um novo ciclo de elevação da taxa Selic, medida absolutamente na contramão do que se poderia imaginar como razoável para um governo que se autorrotulava como neodesenvolvimentista.

Agora, em 2014, e buscando recuperar o que se chama de credibilidade junto aos mercados, a ideia inicial foi convidar o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, para o comando do Ministério da Fazenda. O convite não foi aceito. O Bradesco prepara Trabuco para ser o próximo presidente do seu Conselho de Administração, sucedendo a Lázaro Brandão e priorizando o seu valioso quadro para a sua própria instituição. Porém, o banco não deixou Dilma na mão: indicou para o posto um de seus funcionários de confiança, Joaquim Levy. Secretário Nacional do Tesouro, na gestão do primeiro mandato de Lula, e ex-integrante da equipe econômica de Pedro Malan, na gestão de FHC, o economista parece se encaixar no figurino desejado por Dilma para o posto de novo comandante da área econômica.

Considerado um economista ortodoxo, caberia a Levy dar início a um processo de ajuste fiscal, em combinação com a manutenção e ampliação do atual ciclo de elevação da taxa de juros, conforme vem sendo sinalizado pelo Banco Central. É a velha fórmula do contracionismo fiscal e arrocho monetário, como medidas para o relançamento posterior da economia, a partir desta freada de arrumação. A ideia é preservar as regras do jogo da abertura financeira e fortalecer os grupos financeiros que se beneficiam da transferência de renda embutida no processo de rearrumação das contas públicas, em prol especialmente dos credores da dívida pública.

A incógnita dessa estratégia é como enfrentar a necessidade do ajuste cambial, através da desvalorização do Real. Sob o regime de câmbio flutuante, a elevação da taxa de juros estimularia a entrada de divisas, em um momento onde novamente deveremos fechar o ano com um déficit em conta corrente em torno de US$ 80 bilhões. Contudo, é crescente a pressão de setores exportadores e industriais por uma correção da taxa cambial.

Nesse sentido, o anúncio, não confirmado, dos nomes de Kátia Abreu, para o Ministério da Agricultura, e de Armando Monteiro Neto, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, reforça a ideia da formação de um ministério que traga para o seu interior os diferentes interesses da elite econômica dominante, que se beneficia do atual modelo econômico. Armando, senador pelo PTB de Pernambuco, já ocupou a presidência da Confederação Nacional da Indústria, e Kátia, também senadora, por Tocantins, é a presidente da Confederação Nacional da Agricultura e uma espécie de liderança maior do agronegócio. Divergências e a necessidade de ajustes que possam surgir, portanto, na implementação da estratégia em curso, deverão, a depender da vontade de Dilma, ser resolvidas no interior do próprio governo.

Surpresa?

Quem não vem gostando nem um pouco dessa arquitetura política e da estratégia econômica em formulação são os signatários de um manifesto recém lançado, subscrito por intelectuais e lideranças sociais do campo lulista. O manifesto Em Defesa do Programa Vitorioso nas Urnas tem todo o direito, a partir do papel que esses setores desempenharam na vitória de Dilma, de reivindicar e pressionar por mudanças políticas e econômicas.

Entretanto, não pelos argumentos falaciosos apresentados. Na sua abertura, por exemplo, é destacado que “a campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos”.

Somente aos que se deixam levar pela marquetagem oficial ou pela irracionalidade passional que tomou conta do país, especialmente no segundo turno, pode simplificar o embate político que vivemos dessa maneira.

Quem nos últimos doze anos aprofundou a inserção subordinada do país ou a expansão dos latifúndios do agronegócio, sepultando qualquer traço de estratégia nacional séria para atenuar nossa dependência econômica e nosso subdesenvolvimento, foram os governos de plantão. Quem renunciou a qualquer pretensão mais séria de reverter o processo de desnacionalização do nosso aparato produtivo, implementar uma política industrial de substituição de importações ou reformas estruturais como a agrária, a agrícola, a tributária ou a fiscal, incluindo o rompimento da subordinação da administração da dívida pública a uma irresponsável política monetária, foram os governos presididos por Lula e Dilma.

Mesmo se levarmos em conta os ditos apoios aos dois candidatos que disputaram o segundo turno, vamos observar que a elite econômica dominante se dividiu e, sob o ponto de vista financeiro, com vantagem para a candidata à reeleição.

Portanto, reforçar a falsa ideia de dois projetos em disputa é lamentável e deseducativo. Mantém a mitificação e a impostura de caracterizar o pacto social implementado pelo lulismo, em torno do modelo dos bancos e multinacionais, como neodesenvolvimentista, capaz de distribuir renda ou sustentar uma política externa independente.

A verdade que esses setores – que se dizem de esquerda, mas prestam um vassalo apoio aos governos de plantão – não querem enfrentar é a necessidade de rompimento com o lulismo. Enquanto esse movimento não se der, manifestações de crítica ou descontentamento pontual tenderão a cair no vazio. O vazio do oportunismo e da indigência ideológica e política de uma esquerda que se perdeu.

*Economista e apresentador do programa de rádio Faixa Livre.

Concurso para professor efetivo - Universidade Federal Fluminense

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DE CAMPOS (CHT). Área de Conhecimento: ENSINO DE HISTÓRIA E ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM HISTÓRIA (uma vaga). Provas escrita e didática, no período de 09/03/2015 a 13/03/2015. Formação dos Candidatos: Graduação em História. Mestrado em História, Educação, Sociologia, Ciências Sociais. Doutorado em História ou Educação. CLASSE A: ADJUNTO A - REGIME: 40H DE.
Diário Oficial da União Seção 3. Nº 220, quinta-feira, 13 de novembro de 2014 ISSN 1677-7069, página 77.
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Manifesto pelo Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos

Povo Brasileiro,

Neste dia 3 de dezembro, saímos às ruas em todo o país para denunciar o modelo da morte que domina a agricultura brasileira: o agronegócio.

Há exatos 30 anos, explodia a fábrica de agrotóxicos da Caribe Union, atual Dow Chemical, na cidade de Bhopal, Índia. Na tragédia, mais de 16.000 pessoas morreram, e pelo menos 560.000 foram gravemente intoxicadas.

Bhopal não foi um acidente. Assim como também não foi um acidente a chuva de venenos na escola de Rio de Verde (GO), e tantas outras tragédias anunciadas pela ganância daqueles que afirmam que a comida que nos alimenta só pode ser produzida com muito veneno. Eles lucram muito com isso.

Em 2013, o mercado de agrotóxicos rendeu US$11,5 bilhões. O lucro se concentra em 6 grandes empresas transnacionais: Monsanto, Basf, Syngenta, Dupont, Bayer (fabricante do gás letal usado pelos nazistas) e a Dow, que até hoje não reconhece sua responsabilidade sobre Bhopal.

Ano após ano, o Brasil bate recordes de consumo de agrotóxicos e sementes transgênicas. A população brasileira está sendo envenenada. Nas águas, no solo, nos alimentos, em pequenas doses diárias, ou em chuvas de veneno, temos contato com substâncias que causam câncer, levam ao suicídio, e provocam abortos espontâneos, entre outros vários efeitos.

A ciência comprometida com a saúde pública coletiva não tem dúvidas. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), é preciso se “mobilizar frente à grave situação em que o país se encontra, de vulnerabilidade relacionada ao uso massivo de agrotóxicos.”

De acordo com estas instituições, os agrotóxicos causam danos à saúde extremamente graves, “como alterações hormonais e reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, distúrbios cognitivos e neuromotores e cânceres, dentre outros. Muitos desses efeitos podem ocorrer em níveis de dose muito baixos, como os que têm sido encontrados em alimentos, água e ambientes contaminados. Além disso, centenas de estudos demonstram que os agrotóxicos também podem desequilibrar os ecossistemas, diminuindo a população de espécies como pássaros, sapos, peixes e abelhas.”

Por que tanto veneno?

A opção clara da política agrícola brasileira pelo agronegócio é a grande responsável pela situação. O agronegócio utiliza largas extensões de terras, os latifúndios, para plantar uma mesma espécie – normalmente soja, milho, algodão, eucalipto ou cana-de-açúcar. Dessa maneira, destrói a biodiversidade e desequilibra o ambiente natural, facilitando o surgimento de plantas, insetos ou fungos que podem destruir a plantação. Por isso, é uma agricultura dependente química: só funciona com muito veneno. O agronegócio também utiliza maquinário pesado, que compacta o solo, e não gera empregos, favorecendo assim o êxodo rural.

No legislativo brasileiro, um grupo de deputados e senadores de vários partidos formam a chamada Bancada Ruralista, que tem como objetivo incentivar o agronegócio, o trabalho escravo, o desmatamento, lutar contra a demarcação de terras indígenas, quilombolas e contra a reforma agrária.

Kátia Abreu (PMDB/TO), Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Luis Carlos Heinze (PP/RS) são alguns dos expoentes desta bancada. Estes políticos se elegem graças a altíssimas cifras doadas nas campanhas pelas empresas do agronegócio, como a JBS, BRF e Marfrig, e na prática agem como empregados destas empresas dentro do congresso e do senado. Os ruralistas também dominam o Ministério da Agricultura, que recebeu a cifra de R$140 bilhões neste ano.

No ano passado, esta bancada aprovou uma lei (12.873/2013) que permite uso de agrotóxicos proibidos no Brasil por serem altamente nocivos, e já conseguiram até demitir funcionários das agências reguladoras que lidam com o tema.

Após as eleições de 2014, os ruralistas declararam ter 51% do Congresso Federal. É necessária uma reforma política que decrete o fim das doações eleitorais de empresas para acabar com estas verdadeiras pragas da política brasileira.

Nós construímos uma alternativa: a agroecologia Camponesas e camponeses do Brasil são aqueles que botam comida na nossa mesa. E somente elas e eles podem praticar a agroecologia. Agroecologia é um jeito de organizar a produção agrícola e a vida no campo em harmonia com a Natureza. Na agroecologia, se produzem diversos tipos de alimentos numa mesma área, fortalecendo assim a biodiversidade e deixando a natureza equilibrada. Desta forma, não é necessário usar agrotóxicos, nem fertilizantes sintéticos, e muito menos sementes transgênicas. A agroecologia também busca uma vida digna no campo, com saúde e educação adequadas à realidade do campo.

Repudiamos a tese de que pobres têm que comer veneno. Não há mais dúvidas de que podemos alimentar a população com a produção agroecológica. Até mesmo a ONU reconhece que a agroecologia é única solução verdadeira para a fome no mundo, e pode inclusive ajudar a frear as alterações climáticas.

O que queremos?

A população brasileira está unida na luta pela fim dos agrotóxicos e em defesa da vida. Queremos Agroecologia.

Movimentos sociais do campo, da cidade, sindicatos, instituições públicas de pesquisa, estudantes, e inclusive o Ministério Público vem se articulando junto à Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

Nossa luta é por comida sem veneno e um congresso sem ruralistas, que represente de fato os interesses do povo.

De imediato, pedimos:

· A proibição da prática criminosa da pulverização aérea, a exemplo do que ocorre na União Europeia;

· O banimento de agrotóxicos já banidos em outros países do mundo;

· O fim das vergonhosas isenções de impostos dadas aos agrotóxicos;

· A criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, para o livre desenvolvimento da agroecologia;

· Maior controle para evitar a contaminação da água por agrotóxicos.

Convocamos toda a população a se engajar nesta luta, através dos comitês da campanha espalhados pelo Brasil.

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.