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sábado, 31 de agosto de 2013

Dente e lágrima




Posso bater a tua porta?
Mas não quero, quando abrir,
Fale-me dos deuses.
Deus Cristo
E demais...

Deus imagem e semelhança
Deus, Deus, deu
Aos homens esse espelho.
Narciso.

Fale-me da vida sem essas vestes
Quero o nu
Quando abrir a tua porta.
Quero a minha porta nua
Na tua porta nua.

Que somos?
Formiga tem deus?
Ela trabalha
Ela trabalha

Pássaro tem deus?
Ele voa e canta
Ele voa e canta

Peixe tem deus?
Ele nada e bebe ar
Ele nada e bebe ar

Urubu tem deus?
Acho que não.
Eles não precisam justificar
Esse breve existência

Palavra não é deus no papel
Papel não é deus na palavra

Existir
É apenas andar quando tem pés
Voar quando tem asas
Nadar quando barbatanas.

No mundo imundo dos homens
Todos se acham
Esse Deus
E cada qual com o oposto ao lado.
Um sustentando o outro,
Poder paralelo

Vou ali formigar com as formigas
Vou ali...
Elas apenas vivem e morrem
Elas apenas trabalham carregando folhas
Elas apenas trabalham abrindo buracos
Para se resguardarem do mal tempo dos deuses.

Vou ali olhar um olhar puro
Vou ao menos, olhar um olhar puro
Que está no meu sonho
De ter um olhar puro.

Vou formigar com as formigas...
Vou aprender com os ciscos

Se doerem,
Chorarei para me resguardar do mal tempo
Riscarei uma palavra

Nesse olhar chorado
Chorarei para me resguardar do mal tempo dos deuses...

Amor
Olhar ao teu olhar
Dente e lágrima

JeanClaudio
23/08/2013

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