É
com imensa preocupação que avaliamos o descredenciamento parcial de sete professores
do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da
PUC-SP, especialmente do professor Miguel Chaia que, por meio de carta que
terminou por se tornar pública, detalhou sua importante produção cultural no
período recente.
O
professor Chaia realiza, há mais de três décadas, importantíssimas atividades
de docência, pesquisa e extensão, construindo uma história intelectual que se
confunde com a da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP, inclusive com o
referido Programa de Pós-Graduação. Suas atividades de pesquisador,
contribuindo decisivamente para a formação de inúmeros cientistas, alguns dos quais
atuam no PEPGCS; o brilhantismo com que contribui para que a EDUC seja uma
editora universitária plural, criativa e de imenso prestígio; a qualidade dos
textos que escreve; suas intervenções em diversas atividades culturais fora da
PUC-SP, mas que também engrandecem esta universidade; tudo isso expressa uma
produtividade (para usarmos o refrão do momento) que não é necessariamente
menor do que a publicação de três artigos anuais em revistas Qualis A1 ou A2,
ao menos no campo das Ciências Sociais.
Não
somos, em hipótese alguma, favoráveis à condescendência com quem não leva a
sério o trabalho acadêmico. Mas a irrelevância das realizações do professor
Miguel Chaia para os critérios de avaliação que se impõem não o desqualifica.
Ao contrário, depõe contra estes critérios, expressando o quanto são
contraproducentes ao se transformarem nos únicos ou predominantemente adotados.
Tais
critérios, quando apresentados como o suprassumo da meritocracia, contribuem
para ocultar o contrário do que alardeiam: a competição desenfreada em um ambiente
que, dada a extrema escassez de recursos, necessariamente produzirá “perdedores”,
indivíduos ou instituições, por melhor que seja a produção cultural,
incluindo-se aí as mencionadas atividades de pesquisa, docência e extensão. Não
por acaso, em diversas universidades, muitos dos que aderem a este
fundamentalismo do quantitativo já expressam desinteresse pela publicação de
livros e orientação de pesquisas de iniciação científica.
O
que ocorre com o professor Miguel Chaia, a quem prestamos solidariedade, só é um
fato isolado devido à saudável coragem que teve para se rebelar contra a
distorção que o atingiu. Até neste caso ele se demonstra altamente produtivo.
distorção que o atingiu. Até neste caso ele se demonstra altamente produtivo.
Eis
um ótimo alerta para a necessidade urgente de uma discussão democrática
e séria sobre a adoção de parâmetros rigorosos e pluralistas de avalição no
mundo acadêmico brasileiro.
e séria sobre a adoção de parâmetros rigorosos e pluralistas de avalição no
mundo acadêmico brasileiro.
São Paulo, 02 de novembro de 2014.
Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais (NEILS)··.
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