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Um poeta escreveu
Um “Poema Sujo”
Que lavou a nós
E cantou os poemas de galo
Em cada manhã.
Mas o exílio o chamava
Antes que a morte o apalpava
Naqueles dias e segundos eternos.
O poema é sujo, a liberdade é suja,
O amor aos homens é sujo.
Então, aquele poeta fugiu
Com o seu sujo poema.
Gullar retornado a Gullar...
Outro, ao ver o seu povo
Transformado em rio de sangue e prisão
Morreu de desgosto,
Gosto amargo que as poesias doces
Tentavam encobrir
Ramiando a liberdade
Naquele nascer dos Andes e Pablo.
Em Granada, uma granada
Cortou os olhos negros, suas poesias e mãos,
Seus cânticos ciganos.
Morto, sem ao menos saber por que,
Morto em vala esquecida
Morto por amar
Morto...
Lorca canção acabada ali
Naquela vala dos ditadores
Garcia, Garcia, Garcia...
Onde tu estás?
Lá, em outro hemisfério,
Um poeta gigante suicidava
Por uma revolução não revolucionada.
Pois o corpo apenas trocou a cor da camisa
E muitas mortes tingiram o chão
Onde o poeta gigante plantava
“As Nuvens de Calças”, Maia,
Canções Maias vindas de 17
De outro chão, outro continente, outro frio
Traduzidos, todos traduzidos
Para nossa aflição de poetas
Nesse nosso quintal de papéis
Ou poeta morador.
São todos poetas
São todos poetas
São alguns de tantos
Que reclamo agora.
São alguns de tantos
São todos poetas
São todos poetas
E cada frase cingida
Desses alguns de tantos
E cada frase cingida no chão
Era o amor era o amor
Era a vida
Cingida na liberdade
Era reconhecendo os homens
Em cada palavra cingida
Era o sorrir
Era o cantar de galo anunciando o amanhã.
E eles foram caçados,
Esses alguns de tantos
Que deixaram para os filhos dos filhos
As canções de amor, liberdade e aflição...
Amemos, em louvor a esses poetas caçados!
JeanClaudio
07/07/09
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