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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

POR QUE VOTAR NESTAS ELEIÇÕES?


Segunda parte
LABUTA
03 de Outubro de 2012
Quais são os “outros interesses” da política?

Na primeira parte deste artigo apresentamos uma série de questões que surgem quando nos perguntamos sobre o real motivo para votarmos nas eleições. Por que acreditar nas promessas das centenas de políticos se a cada ano que passa apenas se vê o “mais do mesmo”. No fim das contas, temos a impressão de que todos os políticos são “farinha do mesmo saco”. Não é verdade?
Tem muita gente que já não suporta mais tanta propaganda política. Realmente é uma coisa muito chata de ver. Parece propaganda de um produto qualquer que está sendo vendido na liquidação. É um verdadeiro massacre de poluição visual e sonora. Imagens e números estão sendo liquidados. Anúncios simpáticos cheios de palavras bonitas, frases de efeitos, e promessas de governo fabulosas. E como a propaganda é a alma do negócio, ganha a melhor propaganda, não o melhor produto. É uma verdadeira mercantilização da política. Além do mais, se o “consumidor” não ficar satisfeito, não dá pra devolver o produto. Impeachment é coisa rara por aqui. É tanta burocracia, que pra tirar um político do poder não é brincadeira.
Se eleger também é uma coisa difícil. Partidos fazem coligações para ganhar mais tempo na TV. Também é preciso muito dinheiro para pagar uma boa propaganda que consiga aparecer em meio a tantas outras. Isso é tão importante que é bem comum os partidos (quando não fazem caixa dois) buscarem financiamento de suas campanhas na iniciativa privada. Um exemplo escandaloso foi a doação de R$ 100 mil feita pela empresa multinacional, Gerdau, para a campanha de Luciana Genro (Psol), que concorreu em 2008 à prefeitura de Porto Alegre.
Quanta generosidade da Gerdau que, sem “nenhuma” segunda intenção, decidiu fazer a boa ação de ajudar uma pobre candidata sem recursos próprios. Atos como este até nos fazem acreditar na “eficiência” da filantropia. Só mesmo com uma boa dose de ingenuidade poderíamos acreditar que realmente não existe nenhum interesse por traz dos financiamentos privados das propagandas eleitoras. Quando trazemos a tona este caso, fica mais fácil responder a pergunta feita na primeira parte deste artigo, em cima da observação feita por Tiririca sobre a existência de “outros interesses” no congresso.
É isso mesmo caro leitor. Sem muito esforço, dá pra perceber que e a política não é mesmo a busca pelo “bem comum”, a não ser que se refira ao bem comum dos empresários. E nesse processo de luta de classes, as medidas social-democratas de cunho keinesiano do PT, que distribui alguns recursos entre trabalhadores e desempregados para encher os bolsos dos grandes empresários e banqueiros, parece ser a salvação da lavoura. O “governo dos trabalhadores” do PT, na verdade poderia se chamar de governo dos banqueiros e empresários.
Falando sério, quando nos perguntamos sobre os interesses de alguém, devemos primeiro descobrir quem é essa pessoa. Se queremos saber quais são os interesses políticos de determinado grupo devemos nos perguntar a quem ele quer beneficiar. É perfeitamente possível que existam interesses na sociedade que sejam antagônicos, ou seja, contrários uns aos outros. Aumento de salário, por exemplo, é interesse do trabalhador, não do patrão, que sai perdendo com isso. Essa disputa de interesses no interior da sociedade foi o que Marx chamou de “luta de classe”.
Cada pessoa cumpre um papel específico dentro da sociedade, realizam diferentes funções sociais. Consequentemente pertencem a uma classe particular de indivíduos. Se os seus interesses dependem muito de quem você é, sua ação política também vai depender muito da classe social a que você pertence. Claro que isso não é algo absoluto, pois o desenvolvimento de sua consciência é um processo cheio de particularidades.
Dá pra notar que alguns interesses são radicalmente inconciliáveis? Isso quer dizer que nem sempre é possível favorecer um lado sem prejudicar o outro. Infelizmente a vida é assim. Se quisermos mesmo resolver este problema é preciso encarar a realidade. Quer dizer que é possível resolver a coisa toda? Claro que sim! Por que não? Se somos nós quem construímos a sociedade, nós podemos “consertá-la” ou até mesmo “reconstruí-la”. Basta tomarmos consciência dos problemas e eliminá-los.
Quer dizer que basta ter força de vontade para mudar a sociedade? Bem, infelizmente as coisas não parecem funcionar assim. Não acha? É claro que é preciso ter vontade para fazer as coisas, mas esta vontade não age sozinha, e ela mesma é motivada pelas condições sociais em que nos encontramos. A própria incapacidade dos políticos em solucionar as desigualdades sociais não se trata de uma simples “má vontade” da parte deles. O que? Quer dizer que não é vontade dos políticos desviar dinheiro público, deixando a população sem um sistema de saúde adequado, por exemplo? Calma! Também não é assim. “O buraco é [bem] mais embaixo”. Mas sobre isso falaremos na terceira parte deste artigo.
Leia também a primeira parte deste artigo clicando Aqui

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