Segunda parte
LABUTA
03 de Outubro de 2012
Quais são os “outros interesses” da política?
Na primeira parte deste artigo
apresentamos uma série de questões que surgem quando nos perguntamos sobre o
real motivo para votarmos nas eleições. Por que acreditar nas promessas das
centenas de políticos se a cada ano que passa apenas se vê o “mais do mesmo”.
No fim das contas, temos a impressão de que todos os políticos são “farinha do
mesmo saco”. Não é verdade?
Tem muita gente que já não
suporta mais tanta propaganda política. Realmente é uma coisa muito chata de
ver. Parece propaganda de um produto qualquer que está sendo vendido na
liquidação. É um verdadeiro massacre de poluição visual e sonora. Imagens e
números estão sendo liquidados. Anúncios simpáticos cheios de palavras bonitas,
frases de efeitos, e promessas de governo fabulosas. E como a propaganda é a
alma do negócio, ganha a melhor propaganda, não o melhor produto. É uma
verdadeira mercantilização da política. Além do mais, se o “consumidor” não
ficar satisfeito, não dá pra devolver o produto. Impeachment é coisa rara por
aqui. É tanta burocracia, que pra tirar um político do poder não é brincadeira.
Se eleger também é uma coisa
difícil. Partidos fazem coligações para ganhar mais tempo na TV. Também é
preciso muito dinheiro para pagar uma boa propaganda que consiga aparecer em
meio a tantas outras. Isso é tão importante que é bem comum os partidos (quando
não fazem caixa dois) buscarem financiamento de suas campanhas na iniciativa
privada. Um exemplo escandaloso foi a doação de R$ 100 mil feita pela empresa
multinacional, Gerdau, para a campanha de Luciana Genro (Psol), que concorreu
em 2008 à prefeitura de Porto Alegre.
Quanta generosidade da Gerdau
que, sem “nenhuma” segunda intenção, decidiu fazer a boa ação de ajudar uma
pobre candidata sem recursos próprios. Atos como este até nos fazem acreditar
na “eficiência” da filantropia. Só mesmo com uma boa dose de ingenuidade
poderíamos acreditar que realmente não existe nenhum interesse por traz dos
financiamentos privados das propagandas eleitoras. Quando trazemos a tona este
caso, fica mais fácil responder a pergunta feita na primeira parte deste
artigo, em cima da observação feita por Tiririca sobre a existência de “outros
interesses” no congresso.
É isso mesmo caro leitor. Sem
muito esforço, dá pra perceber que e a política não é mesmo a busca pelo “bem
comum”, a não ser que se refira ao bem comum dos empresários. E nesse processo
de luta de classes, as medidas social-democratas de cunho keinesiano do PT, que
distribui alguns recursos entre trabalhadores e desempregados para encher os
bolsos dos grandes empresários e banqueiros, parece ser a salvação da lavoura.
O “governo dos trabalhadores” do PT, na verdade poderia se chamar de governo
dos banqueiros e empresários.
Falando sério, quando nos
perguntamos sobre os interesses de alguém, devemos primeiro descobrir quem é
essa pessoa. Se queremos saber quais são os interesses políticos de determinado
grupo devemos nos perguntar a quem ele quer beneficiar. É perfeitamente
possível que existam interesses na sociedade que sejam antagônicos, ou seja,
contrários uns aos outros. Aumento de salário, por exemplo, é interesse do
trabalhador, não do patrão, que sai perdendo com isso. Essa disputa de
interesses no interior da sociedade foi o que Marx chamou de “luta de classe”.
Cada pessoa cumpre um papel específico
dentro da sociedade, realizam diferentes funções sociais. Consequentemente
pertencem a uma classe particular de indivíduos. Se os seus interesses dependem
muito de quem você é, sua ação política também vai depender muito da classe
social a que você pertence. Claro que isso não é algo absoluto, pois o
desenvolvimento de sua consciência é um processo cheio de particularidades.
Dá pra notar que alguns
interesses são radicalmente inconciliáveis? Isso quer dizer que nem sempre é
possível favorecer um lado sem prejudicar o outro. Infelizmente a vida é assim.
Se quisermos mesmo resolver este problema é preciso encarar a realidade. Quer
dizer que é possível resolver a coisa toda? Claro que sim! Por que não? Se
somos nós quem construímos a sociedade, nós podemos “consertá-la” ou até mesmo
“reconstruí-la”. Basta tomarmos consciência dos problemas e eliminá-los.
Quer dizer que basta ter força
de vontade para mudar a sociedade? Bem, infelizmente as coisas não parecem
funcionar assim. Não acha? É claro que é preciso ter vontade para fazer as
coisas, mas esta vontade não age sozinha, e ela mesma é motivada pelas
condições sociais em que nos encontramos. A própria incapacidade dos políticos
em solucionar as desigualdades sociais não se trata de uma simples “má vontade”
da parte deles. O que? Quer dizer que não é vontade dos políticos desviar
dinheiro público, deixando a população sem um sistema de saúde adequado, por
exemplo? Calma! Também não é assim. “O buraco é [bem] mais embaixo”. Mas sobre
isso falaremos na terceira parte deste artigo.
Leia também a primeira parte
deste artigo clicando Aqui.
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