por JAMIL CHADE
Professores brasileiros em
escolas de ensino fundamental têm um dos piores salários de sua categoria em
todo o mundo e recebem uma renda abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) per
capita nacional. É o que mostram levantamentos realizados por economistas, por
agências da ONU, Banco Mundial e Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Prestes a comemorar o Dia
Internacional do Professor, amanhã, a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) lançou um alerta, apontando que a profissão em vários países emergentes
está sob "forte ameaça" diante dos salários baixos.
Num estudo realizado pelo banco
UBS em 2011, economistas constataram que um professor do ensino fundamental em
São Paulo ganha, em média, US$ 10,6 mil por ano. O valor é apenas 10% do que
ganha um professor nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa
categoria em Zurique seria de US$ 104,6 mil por ano.
Numa lista de 73 cidades,
apenas 17 registraram salários inferiores aos de São Paulo, entre elas Nairobi,
Lima, Mumbai e Cairo. Em praticamente toda a Europa, Estados Unidos e Japão, os
salários são pelo menos cinco vezes superiores ao de um professor do ensino
fundamental em São Paulo.
Guy Ryder, o novo diretor-geral
da OIT, emitiu um comunicado ontem no qual apela para que governos adotem
estratégias para motivar pessoas a se tornarem professores. Sua avaliação é de
que, com salários baixos, a profissão não atrai gente qualificada. O resultado
é a manutenção de sistemas de educação de baixo nível. "Muitos não
consideram dar aulas como uma profissão com atrativos", disse. Para Ryder,
a educação deve ser vista por governos como "um dos pilares do crescimento
econômico".
Outro estudo - liderado pela
própria OIT e pela Unesco (órgão da ONU para educação, ciência e cultura) e
realizado com base em dados do final da década passada - revelou que
professores que começam a carreira no Brasil têm salários bem abaixo de uma
lista de 38 países, da qual apenas Peru e Indonésia pagam menos. O salário anual
médio de um professor em início de carreira no País chegava a apenas US$ 4,8
mil. Na Alemanha, esse valor era de US$ 30 mil por ano.
Em um terceiro levantamento, a
OCDE apontou que salários de 2009 no grupo de países ricos tinham uma média de
US$ 39 mil por ano no caso de professores do ensino fundamental com 15 anos de
experiência. O Brasil foi um dos poucos a não fornecer os dados para o estudo
da OCDE.
Médio. Numa comparação com a
renda média nacional, os salários dos professores do ensino fundamental também
estão abaixo da média do País. De acordo com o Banco Mundial, o PIB per capita
nacional chegou em 2011 a US$ 11,6 mil por ano. O valor é US$ 1 mil a mais que
a renda de um professor, segundo os dados do UBS.
Já a OCDE alerta que
professores do ensino fundamental em países desenvolvidos recebem por ano uma
renda 17% superior ao salário médio de seus países, como forma de incentivar a
profissão.
Na Coreia do Sul, os salários
médios de professores são 121% superiores à média nacional. O Fórum Econômico
Mundial apontou recentemente a Coreia como uma das economias mais dinâmicas do
mundo e atribuiu a valorização da educação como um dos fatores que
transformaram uma sociedade rural em uma das mais inovadoras no século 21.
Fonte: O
Estado de S.Paulo
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