25/abr/2012
. 10:20
Israel Nunes*
professor.israelnunes@gmail.com
O
pronunciamento judicial nada diz em relação à legitimidade dos interesses
defendidos pelos trabalhadores.
Um meio
muito comum ultimamente de tentar esgotar politicamente as lutas dos
trabalhadores em prol de melhores condições de vida é a judicialização do
conflito. Isso tem ocorrido com bancários, policiais militares, operários da
construção civil e, recentemente, com os professores.
Trabalhadores
da iniciativa privada ou do setor público têm as suas reivindicações ocultadas
por uma disputa judicial que desloca o centro do conflito das reivindicações
objetivas para uma discussão sobre a legalidade ou não da greve, ou para ações
em que se discute a posse, como no caso dos interditos proibitórios ajuizados
na Justiça do Trabalho ou comum.
Esta
tática, de judicializar o conflito, além de tentar deslocar o cerne da questão,
passa a ideia para a opinião pública de que as reivindicações serão apreciadas
por um órgão “imparcial”: o Poder Judiciário.
Ledo
engano. O pronunciamento judicial nada diz em relação à legitimidade dos
interesses defendidos pelos trabalhadores, mas sim, e de maneira duvidosa às
vezes, sobre aspectos relativos à legitimidade das formas de luta. Ou seja: do
ponto de vista do conteúdo, a discussão não será sepultada, embora do ponto de
vista da forma a greve ou o piquete possam ser sepultados.
E o
aumento de cerca de 22% que os professores pretendem é absolutamente injusto.
Porque é pouco.
Muitos
países com economia pífia diante da nossa têm níveis de escolaridade mais
elevados do que o Brasil. Em muitas outras nações o professor é um profissional
mais valorizado do que é no Brasil. É uma situação vergonhosa. É humilhante,
melhor dizendo. Humilhante para os brasileiros, humilhante para o Brasil,
humilhante para os professores.
É,
induvidosamente, uma necessidade inadiável vincular pelo menos 10% do PIB para
a educação pública.
A
transformação social que os governos progressistas do ex-presidente Lula e da
presidenta(e) Dilma tanto almejam passa, de maneira indiscutível, pela
valorização dos profissionais da educação. No âmbito do Estado da Bahia, a
coisa não é diferente, visto que temos um Governador de um partido ligado aos
interesses dos trabalhadores.
É uma
questão do Estado Brasileiro e que deve ser tratada desse modo. A construção da
cidadania e da noção de soberania popular, se é que ainda se pode falar de
soberania no plano internacional, depende da construção de um povo educado,
visto que a educação possui um caráter nitidamente emancipatório. O professor
desempenha esse papel crucial. Com o perdão do exagero: se o matarmos de fome,
a quem recorreremos?
Ao
Poder Judiciário? Talvez, para declarar a ilegalidade da morte por inanição, quem
sabe…
Devemos
ser razoáveis e aproveitar a oportunidade para corrigir logo esse erro
histórico, concedendo de imediato 22% aos professores estaduais e destinando
10% do PIB nacional para a educação.
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