Publicado em 8 de agosto de 2014
Às 10h desta sexta, via web, um debate
essencial para quem se preocupa com desigualdade. Ladislau Dowbor e Clair
Hickman participam. “Outras Palavras” oferece dossiê
Na jornalismo convencional
brasileiro, os “paraísos fiscais” são um lugar de milionários excêntricos.
Pequenas ilhotas no caribe, banhadas pelo sol dos trópicos, elas permitiriam a
um pequeno grupo de privilegiados escapar da pressão tributária exercida pelos
Estados. Embora pitorescas, não teriam, contudo, relevância, na estrutura de
produção e acumulação de riquezas do capitalismo.
O economista Ladislau Dowbor e
a auditora fiscal Clair Hickman ajudarão a desfazer este mito, na manhã desta
sexta-feira (8/8). A partir das 10h, via internet, eles participam de mais um
debate do ciclo Democracia Econômica, organizado pela campanha TTF Brasil e
Fundação Perseu Abramo. Em estudos e
apresentações, eles têm, em linhas gerais, o seguinte: a) na fase da
globalização e da hegemonia do capital financeiro, os paraísos fiscais ocupam um
papel central nas relações econômicas. Reúnem algo como 20 a 30 trilhões de
dólares, entre um terço e metade do PIB do planeta. Por eles, passa boa parte
das transações comerciais e de serviços do planeta; b) Seu papel é claro. Não
servem apenas a políticos corruptos e ao crime organizado. Eles oferecem, para
as grandes corporações globais, um ambiente em que podem escapar à ação das
sociedades. Isso permite sonegar impostos maciçamente, mas, também, escapar de
leis que em tese garantiriam redistribuição de riqueza, direitos sociais,
preservação ambiental.
Ladislau Dowbor, um estudioso
arguto das relações econômicas globais, tem estudado os paraísos fiscais em
profundidade. Acompanha e examina os livros e relatórios que, aos poucos, estão
desvendando este centro oculto do capitalismo. Clair Hickmann conhece seus
efeitos. Chefiou a delegacia de instituições financeiras da Receita Federal em
São Paulo. Acompanhou de perto os estratagemas de importações e exportações
fictícias, de bens e serviços, montados por grandes empresas para concentrar
cada vez mais riqueza e poder.
A série Democracia Econômica
procura examinar, num momento político de grande importância, os caminhos para
aprofundar o processo de redistribuição de riqueza — até o momento, muito
tímido — que o Brasil viveu na última década. Um novo debate, em 22/8, terá,
como tema, Brasil, o país dos impostos injustos. Outras Palavras é parceiro da
iniciativa.
Nosso dossiê:
Autor de livro indispensável
para entender finanças offshore sustenta: o sistema bancário das sombras ocupa
o centro do capitalismo global. Por Nicholas Shaxon, entrevistado por
Christophe Ventura
Novos dados revelam: Brasil é
quarto maior usuário dos paraísos fiscais: 25% do PIB está escondido do Estado,
fisco e sociedade. Por Ladislau Dowbor
Vazamento inédito revela pontos
obscuros da globalização, onde bancos e multinacionais misturam-se ao crime
organizado, para se esconder das sociedades. Por Antonio Martins
Fonte: Outras
Palavras
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