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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

RBBA lança novo número

A Revista Binacional Brasil-Argentina: diálogo entre as Ciências (RBBA), publicação eletrônica semestral de caráter binacional vinculada aos Programas de Pós-Graduação Memória, Linguagem e Sociedade (PPGMLS/UESB) e Didáctica de las Ciências Experimentales (PPGDCE/UNL), rememora os 50 anos da ditadura civil-militar brasileira (1964-2014). Em se tratando de publicação binacional, a evocação da ditadura cívico-militar argentina (1976) soou quase que naturalmente, não por questão de periodicidade, mas por compor o mesmo cenário histórico latino-americano. Assim, este número foi pensado como um “dueto” envolvendo os dois processos. 

Nessa (des) comemoração (antítese de desmemoria), como processo emblemático de uma região na qual o autoritarismo é uma marca registrada desde os processos da Conquista, passando pela Colonização e adentrando-se à República, este número da RBBA tem por horizonte o pressuposto de que recordar e silenciar não é apenas exercício fortuito e casual, mas construído socialmente. Para lembrar a socióloga argentina Elizabeth Jelin, a pugna pela memória trata-se de uma luta por nomear e por interpretar o passado. E, nesse sentido, a relação entre as memórias e a história – e memórias não tão distantes como a dos dois fenômenos político-sociais que representaram as ditaduras brasileira e argentina – é duração, como o afirmou Jacques Le Goff: passado a um só tempo pensado também como presente.

No dialético sentido dos artigos aqui publicados, as ditaduras não se deram por um estalo fortuito das instituições militares que, num surto repressivo, resolveram implementar atrozes regimes, produzindo profundos traumas sociais. Elas foram uma variante da violência de classe, imposta pelo Estado em favor da manutenção da dominação burguesa, manifestada em diversas dimensões. Não por acaso se deram em sequência por sobre quase todos os países da região. Seus diversos mecanismos respondiam à pedagogia do medo como forma de docilizar os corpos sociais (através da coerção física, psicológica, econômica...) que se contrapunham àquelas condições de vida. Assim, não podemos esquecer as diferenças entre as duas ditaduras sobre as quais os autores aqui se debruçaram. Enquanto a ditadura no Brasil (1964-85) fez uso pedagógico e regular da prisão e da tortura ao longo de sua existência, a ditadura argentina (1976-83) fez uso mais intenso da violência física com o objetivo de produzir uma paralisia social imediata. Nesse sentido, pensamos que a produção de memórias, constituídas e reproduzidas sistematicamente, diz respeito à perpetuação de aspectos-chave da constituição e da reprodução dos marcos da sociedade atual que devem ser revisitados por todos os que alimentam um senso crítico a respeito.
Apresentamos aqui o sumário deste novo número, como um convite à sua leitura por completo.
 
Sumário
Apresentação

Dictadura terrorista del capital financiero en Argentina (1976-1983). (Ditadura terrorista do capital financeiro na Argentina (1976-1983))
Irma Antognazzi

Ideologia, memória, esquecimento e as ressignificações dos lugares. (Ideología, memoria, olvido y las re-significaciones de los lugares)
Alexandrina Luz Conceição

Rastro de perseguição no DEOPS: trajetória, enquadramento na LSN e resistência de um historiador. (Rastro de persecución en DEOPS: trayectoria, clasificación en LSN y la resistencia de un historiador)

Lucileide Costa Cardoso

Construcción de una cartografía represiva y clausura de agendas en disputa en el Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA) Argentino (1973-1983). (Construção de um mapeamento repressivo e fechamento de agendas em disputa no Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) argentino (1973-1983)

Cecilia Gárgan

La política universitaria de la “Revolución Argentina”. La Universidad Nacional del Litoral durante el Onganiato. (A política universitária da “Revolução Argentina”. A Universidad Nacional del Litoral durante o Onganiato)

Natalia Vega

La universidad argentina durante la última dictadura: actitudes y trayectorias de los rectores civiles (1976-1983). (A universidade argentina durante a última ditadura: atitudes e trajetórias dos reitores civis (1976-1983))

Laura Graciela Rodríguez 

O anticomunismo do General Ferdinando de Carvalho no contexto da abertura política (1977-1978): uma (re) leitura de “Os Sete Matizes do Vermelho”. (El anticomunismo del general Ferdinando de Carvalho en el contexto de apertura política (1977-1978): una (re) lectura de "Los Siete Tonos de Rojo)

Sandra Regina Barbosa da Silva Souza

La Universidad Nacional de Rosario durante la última dictadura militar argentina (1976-1983). Un acercamiento a los conflictos al interior de la Gestión Interventora. (A Universidade Nacional de Rosario durante a ultima ditadura militar argentina (1976-1983). Uma aproximação aos conflitos no interior da gestão interventora)

Laura Luciani 

Disciplinamiento, control social y “acción sicológica”en la dictadura argentina. Una mirada a escala local: Rosario, 1976-1981. (Disciplinamento, controle social e “ação psicológica” na ditadura argentina. Um olhar em escala local: Rosário, 1976-1981)

Gabriela Águila 

Escritores y dictadura en Argentina: la Revista El Ornitorrinco y el problema de la resistencia cultural (1977-1983). (Escritores e ditadura na Argentina: a Revista El Ornitorrinco e o problema da resistência cultural (1977-1983))

Federico Iglesias 

O processo de reorganização nacional argentina durante a ditadura de 1976. (El proceso de reestructuración nacional argentina durante la dictadura de 1976)

Daniela Moura Rocha de Souza 

Resenha: Luta armada em Salvador: uma história de resistência ao regime militar no Brasil. (Lucha armada en Salvador: una historia de resistencia al régimen militar en Brasil)

Manoel Reinaldo Silva Rego 

Normas para Publicação (Directrices para Publicación)


Revista Binacional Brasil-Argentina


Comissão Editorial: José Rubens Mascarenhas de Almeida (UESB), Lívia Diana Rocha Magalhães (UESB) e Luciano Alonso (UNL).


Diagramação dos Textos: Adriana Santos Sousa (NTE/UESB)

Capa: Arte: Edmilson Santana; Montagem: João Henrique da Silva Pinto (UESB)
Para acessar, clicar RBBA, ano 3, num 1

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