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terça-feira, 13 de novembro de 2012

LIXO CULTURAL: SERÁ QUE CHEGAMOS AO FIM DO POÇO?


Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva
(reginaldoprof@yahoo.com.br)

Já faz algum tempo que venho observando o que nós, brasileiros, estamos “consumindo” através das mídias de massa (principalmente TV e rádio). E, para ser sincero, tenho sentido certo incômodo com a maneira com que alguns valores, considerados até a pouco tempo como necessários para manutenção da coletividade, têm sido desconstruídos por essas mídias.

O que me leva a trazer esse sentimento de incômodo a público não é o fato de achar que os valores são imutáveis ou de pensar que no passado as coisas eram melhores. Pelo contrário, eu acredito piamente na dinâmica da história humana e não sofro de qualquer mal do saudosismo. O que me move neste momento é exatamente a preocupação em ver conquistas da humanidade importantes porque permitiram a liberdade, a emancipação de grupos até então discriminados, serem tratadas com banalidade e até ridicularizadas.

Qual foi a minha surpresa quando por ocasião do início de uma dessas novas novelas, li o seguinte comentário do telespectador: “um sucesso, estou ansioso para o segundo capítulo, pois, no primeiro, quase aconteceu um estupro!”. Na minha surpresa, fiquei me perguntando o que seria uma mulher para aquele jovem. O que ele poderia considerar como “um sucesso” ver (talvez ao lado de sua mãe ou namorada) uma mulher ser subjulgada e violentada simplesmente pelo fato de ser uma mulher. Isto é divertimento?

Será que chegamos ao fim do poço?

Músicas, novelas, seriados, reportagens, shows, programas diários e semanais naturalizando a violência contra a mulher, cheios de conteúdos homofóbicos e racistas invadem o nosso cotidiano. A falsa igualdade de gênero e de etnia eivada de discriminações e preconceitos. Querem exemplos? Na última novela de sucesso, quantas mulheres efetivamente trabalhavam e eram senhoras de suas vidas não se subjulgando aos desejos masculinos? E a empregada negra, verdadeira guardiã de sua patroa vilã, que dava a entender que assumia esse papel não por ter uma índole ruim, mas por total incapacidade intelectual? E o que dizer da ideia propagada do consumo pelos homossexuais nos programas de TV: a de que é possível aceitá-los desde que se mantenham em seus lugares e gastem bastante dinheiro? E esses são apenas alguns exemplos.

Há muito se afirma que o brasileiro não tem “cultura”, que ele “não se manifesta como deveria frente aos escândalos de corrupção, a falta de gestão publica, as programações de baixo nível na TV, nos jornais, rádios e nos Shows”. Onde estará a raiz do problema? Estará na baixa qualidade do sistema de ensino no país? Estará nas influencias e tendências das mídias que se utilizam da alienação para obter resultados a seu favor, ou seja, audiência para seus programas e consumidores para seus anunciantes, alem de votos para seus partidários? Ou será tudo isso apenas “sinais do tempo”, do tempo que ainda não veio, mas que está se constituindo? Resta, porém, perguntar: este é o tempo que você quer ver se constituir?

Você pode fazer a diferença! Lixo Cultural: infelizmente ainda não chegamos ao fim do poço!

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