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Reginaldo de Souza
Silva*
Em greve há mais de 30 dias os
professores das escolas públicas da Bahia continuam sua luta histórica pela
valorização da categoria, pela melhoria das condições de trabalho e pela
garantia de um padrão mínimo de qualidade para a educação baiana. A paralisação
conta com a adesão de aproximadamente 1.450 escolas da rede estadual, 37 mil
professores, 1,1 milhão estudantes e seus familiares.
Trata-se da segunda greve de
grandes proporções enfrentada este ano pelo governador Jaques Wagner (PT), já
que, em fevereiro desse mesmo ano, os policiais militares pararam por 12 dias.
O caos do serviço público no estado baiano, acirrado pela ditadura do governo
do Partido dos Trabalhadores, é gritante e a população e os servidores
públicos, que conduziram esse partido político ao poder, estão dando conta que
as ilusões, as maracutaias e as falsas promessas feitas pelo PT voltaram-se
contra eles.
Em greve, os professores pedem
apenas que o governo baiano cumpra o piso nacional de educação, que é de R$
1.451. Para tanto, é necessário que a salário atual seja reajustado em 22,22%,
percentual determinado legalmente. Até o momento, cerca de 5.210 professores
com formação em nível médio ainda têm salário de R$ 1.187,90, piso extinto
desde o mês de dezembro do ano passado. Entretanto, não se pode confiar em
acordos com o governo do PT porque ele não os cumpre.
O governo concedeu um reajuste
linear de 6,5% para todo o funcionalismo público e afirma que a reivindicação
dos professores não será atendida porque o estado não tem caixa para custear um
novo aumento à categoria. Além disso, o governo tomou medidas de “achatamento”
dos salários dos professores com formação em nível superior (licenciados),
argumentando que esses não precisam do reajuste salarial pois o salário-base já
é maior do que o piso nacional. Agindo dessa forma leviana o governo baiano não
reconhece outro direito básico do trabalhador que é de ter um plano de
carreira. Desta forma, formação e tempo de serviço dos professores, mesmo
reconhecidos socialmente e estabelecidos legalmente, para o governador da Bahia
não são relevantes. Se já está difícil achar quem queira ser professor, imagine
com essa ideia inaceitável de que o piso salarial não é mínimo, mas o máximo,
extinguindo a noção de carreira profissional!
Enquanto isso, para o mega
evento da copa do mundo, espaço de grandes negócios (e negociatas) não faltam
recursos na Bahia…
Ao que parece, com as práticas
dignas de qualquer governo de ditadura, o PT baiano afirma que o “diálogo”
(leia-se monólogo, pois nele prevalece as concepções do governo) com os
professores está suspenso, bem como os seus salários. Paradoxalmente, assistimos
nos dias atuais um Partido dos Trabalhadores desrespeitando os direitos e
“matando” os próprios trabalhadores de fome!
Quando a educação será
prioridade? Na terra de todos os santos e dos orixás, a educação nunca foi
priorizada nem por governos nem pela iniciativa privada. Resta agora a
intercessão da igreja católica! Porque nem mesmo na justiça temos essa
esperança.
Mesmo com toda base legal
estabelecida (Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
Plano Nacional de Educação, Lei do Piso) apontando para a relação entre a
qualidade da educação e os salários dos professores, a justiça baiana, sem
conseguir enxergar o Caos da Educação no Estado, insiste em punir justamente
quem quer construir uma escola e educação de qualidade para todos: os
professores. Que justiça é esta que condena professores e não o governo Jacques
Wagner pelo desmantelo e abandono da educação estadual pública na Bahia?
Convido aos senhores
componentes da magistratura e os gestores públicos da educação (SERIN, SEFAZ,
SAEB, CEE, SEPLAN, CODES) que saiam de seus gabinetes confortáveis e com ar
condicionado a permanecerem algumas horas no interior de uma escola pública
com: baixos indicadores de qualidade (IDEB, prova Brasil, ENEM), falta de
infraestrutura adequada e de professores em quantidade e com formação em nível
superior. Ou melhor ainda, convido a que matriculem seus filhos e/ou netos nas
escolas públicas do estado como uma prova de que confiam de verdade em suas
próprias decisões quanto a educação da Bahia. E estendo o convite à Assembleia
Legislativa que, tutelada, conta com poucos legisladores com ética e honra
suficiente para aderir à luta por uma educação de qualidade na Bahia.
É bom lembrar que o próprio
ex-ministro da educação, Fernando Haddad, reconheceu que o valor do piso
nacional era irrisório. Reduzir, portanto, as possibilidades de ganhos mais
justos para os professores é declarar a falência da educação pública brasileira
que já vem sendo frontalmente violentada pelas ações irresponsáveis dos governadores,
prefeitos e legisladores brasileiros.
Uma certeza os professores do
Estado da Bahia têm: este governo irá passar e a educação permanecerá. Sendo
assim, alerto a toda sociedade (profissionais da educação, alunos, mães, a
comunidade, empresários, legisladores, a justiça, os meios de comunicação) que
fortaleçam a luta por uma educação de qualidade na Bahia, sabendo que essa não
se efetivará sem professores valorizados e respeitados.
*Doutor em Educação Brasileira,
professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia. Email: reginaldoprof@yahoo.com.br
Fonte: Blog do Nildo
Freitas
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