Nota
Oficial sobre a Ocupação da Diretoria Acadêmica
É
de conhecimento de todos que os estudantes da Universidade Federal de São
Paulo-Campus Guarulhos estão em greve há 42 dias. Também é conhecimento de
todos os motivos que movem a nossa mobilização, que partem tanto dos problemas
infraestruturais decorrentes de uma expansão sem qualidade, quanto da crise
institucional e política que o Campus da Unifesp Guarulhos enfrenta hoje.
Estamos
paralisados com o intuito de alcançar uma negociação efetiva no que tange as
nossas pautas mínimas, estas que giram em torno de condições básicas de
funcionamento de um ambiente universitário, como salas de aula suficientes,
ampliação do espaço da biblioteca, laboratórios de pesquisa e informática,
moradia estudantil, creche para estudantes e funcionários, etc., muitas dessas
questões que poderiam ser sanadas com a construção do nosso prédio central.
Entendemos, ainda, que essas condições refletem uma expansão universitária sem
planejamento, em que espaços inicialmente provisórios se tornam permanentes,
assim como a má gestão e falta de transparência dos responsáveis.
Além
disso, nos mobilizamos contra a criminalização do movimento estudantil, que
inicialmente se baseava nos processos enfrentados por 48 estudantes, mas que nesse
momento tem ganhado maior expressão tendo em vista os últimos acontecimentos
ocorridos. No Ato Unificado do dia 22 de abril em frente à Reitoria da Unifesp,
fomos recebidos pela Tropa de Choque e aguardamos por quatro horas para
conseguir entregar a nossa pauta de reivindicações ao reitor. Aqui no campus,
cotidianamente, temos percebido ações frequentes por parte da Diretoria
Acadêmica que caminham no mesmo sentido, como o fechamento de espaços da
universidade antes do horário previsto, a utilização de e-mail institucional
para campanha contra a greve, a vigilância da mobilização estudantil e o encaminhamento de boletins de ocorrência
contra o mesmo.
Hoje,
ainda, pudemos acompanhar na reunião da Congregação o encaminhamento de uma
Comissão de Sindicância para avaliar a mobilização dos estudantes com um
possível processo punitivo contra os alunos, o que consideramos uma incoerência
diante da formação de uma Comissão de Intermediação com os estudantes em greve
para a mediação dos atuais conflitos. No entanto, permanecemos abertos e
dispostos a manter a reunião de amanhã prevista com a referente Comissão para
melhor esclarecermos nosso posicionamento e intenções.
Isso
pode ser verificado na prática quando nos mostramos dispostos a dialogar com a
Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) hoje, em reunião solicitada pelos
estudantes no campus. Consideramos um avanço a abertura com tal instância, mas
após a solicitação de uma reunião de negociação com o Reitor para a próxima
semana, fomos informados que o mesmo está disposto a se reunir com a Comissão
de Negociação em São Paulo somente após o término da greve. No entanto,
entendemos que a greve estudantil é um instrumento legítimo de reivindicação, e
a saída da mesma anterio rmente a qualquer negociação é não ter garantia que
nossas reivindicações sejam atendidas, e tal ação é uma clara medida para
desmobilizar o movimento dos estudantes.
Tendo
em vista a atual conjuntura, avaliamos em Plenária do Comando de greve,
instância legítima deliberada em Assembleia Geral dos estudantes, a necessidade
de uma radicalização do movimento estudantil que pudesse responder aos recentes
ataques e pressionar uma negociação urgente com a Reitoria. A alternativa
proposta e deliberada foi a atual Ocupação da Diretoria Acadêmica, como forma
de evidenciar o engessamento das estruturas de poder da Unifesp e paralisar as
atividades do Campus Guarulhos no sentido de inverter a correlação de forças a
nosso favor.
Por
fim, reiteramos que constituímos aqui um movimento pacífico , mas que vê a
Ocupação como instrumento político necessário para o encaminhamento de nossas
conquistas visto a intransigência da Reitoria e Diretoria Acadêmica.
Comando
de Greve dos Estudantes
Campus
Guarulhos/Unifesp
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