Campinas, 1º de maio de 2012;
Prezados Alunos e Senhores
Pais:
Considerando a progressiva
deterioração das condições de trabalho impostas pela direção das Faculdades de
Campinas (FACAMP) nos últimos anos, os professores vêm por meio desta carta
aberta expor a atual situação e reivindicar o quanto segue:
1 – As mensalidades dos cursos
da FACAMP estão entre as mais elevadas dentre todas as instituições do país.
Entretanto, é de nosso conhecimento os constantes aumentos dos respectivos
valores, efetuados ano após ano, sob o argumento de que é necessário compensar
a elevação dos salários dos professores, inclusive a título de dissídios da
categoria;
2 – Pois bem, os professores
vêm a público registrar que esse argumento é simplesmente MENTIROSO! Não há e
nunca houve qualquer aumento de salário!;
3 – Nesta oportunidade, revelamos
o artifício contábil utilizado pela instituição para neutralizar o aumento
salarial ao qual teríamos direito, em razão do dissídio da categoria. Nos
demonstrativos de pagamento de salários existem duas rubricas denominadas,
respectivamente, (1) “aulas ministradas” e (2) “pesquisa”;
4 – Eis o artifício: Por
ocasião dos respectivos dissídios, a instituição eleva o valor assinalado a
título de “aulas ministradas” ao passo que, simultaneamente, diminui o valor
correspondente à rubrica “pesquisa”;
5 – O resultado deste odioso
artifício contábil é que os professores têm recebido, desde sempre, o mesmo
valor a título de salário real. Valor que se mantém idêntico nos últimos anos,
não obstante os inúmeros aumentos de mensalidades aos quais estão submetidos os
Senhores Pais;
6 – Além do mais, é preciso
registrar que não recebemos qualquer valor a título de orientação de TCC dos
alunos em época de conclusão de curso. Esta orientação é parte fundamental para
a completa formação acadêmica do estudante que está prestes a obter sua
graduação. Tal atividade, contudo, consome várias horas de trabalho durante o
ano. Ainda assim, os professores nada recebem como contraprestação a este
importante trabalho;
7 – Não bastasse essa precária
e humilhante situação, os poucos colegas que se dirigiram à instituição para
pleitear o justo pagamento por esta atividade foram recebidos com um sonoro:
“se não estiver satisfeito, peça sua demissão!”;
8 – Finalmente, mas sem revelar
sequer uma pequena parte dos procedimentos de deterioração de nossas condições
de trabalho, registramos que não possuímos, até hoje, um plano de carreira
real. Existe um plano de carreira formal, elaborado pela instituição para
cumprir as exigências impostas pelo Ministério da Educação (MEC), mas que não
passa de ficção;
9 – Seus dispositivos não são
aplicados e existem apenas para fazer com que a FACAMP escape das sanções que
seriam impostas pela fiscalização do MEC. Dessa maneira, nunca sabemos quais
são nossas aulas e frequentemente somos surpreendidos com a diminuição das
horas-aula, de maneira que nossos salários também são reduzidos;
À luz desta pequena exposição,
que nem de longe revela a precariedade do atual estado de coisas, os
professores vêm a público para alertar aos Senhores Pais e aos Alunos sobre as
possíveis consequências:
1 – Estamos todos desanimados
com a atual situação profissional e a diminuição real de nossos salários.
Muitos foram obrigados a ingressar em outras instituições, assumindo um número
elevado de aulas para compensar o decréscimo real dos salários. O cansaço e a
falta de estímulo são cada vez maiores;
2 – O tratamento dispensado
pela instituição, que consiste na utilização de artifícios contábeis para a
manutenção do salário real em valores correspondentes ao longo dos anos atrás,
na recusa em remunerar as orientações de TCC e em formular um plano de
carreira, no descarte de quaisquer negociações, vem despertando em certos
colegas um forte sentimento de ódio e rejeição, incompatíveis com a missão
pedagógica que nos foi reservada;
Considerando que a grande
maioria dos professores é “pai/mãe de família” e que não está, de forma justa e
legítima, disposta a arriscar seu emprego e respectivo salário, descartamos,
por enquanto, qualquer tipo de movimento grevista. Tal movimento, por outro lado,
se viesse a cabo, comprometeria todo o ano letivo dos alunos, uma vez que suas
cargas horárias são integrais:
1 – Assim, tendo em vista essas
duas circunstâncias e levando em conta o bom senso dos Senhores Pais e
respectivos Alunos, não nos resta alternativa a não ser pleitear que iniciem
imediatamente o processo de PRESSÃO SOBRE A INSTITUIÇÃO para fazer valer as
reivindicações que abaixo seguem;
2 – Ressaltamos que, por
enquanto, nossas atitudes são pautadas pela observância estrita da boa-fé e
respeito por nossos Alunos e respectivos Pais, muito embora estejamos, de certo
modo, enfurecidos com a instituição;
3 – Contudo, caso sejamos
ignorados por qualquer das partes, iniciaremos nas próximas cartas abertas o
processo de publicidade das orientações internas que visam evitar as
recorrentes evasões;
Solicitamos aos Senhores Pais e
Alunos que iniciem o PROCESSO DE PRESSÃO sobre a direção das Faculdades de
Campinas (FACAMP) para que atenda, imediatamente, as seguintes reivindicações
iniciais:
1 – Aumento de salário, com
reposição dos valores corrigidos de acordo com toda a perda inflacionária dos
últimos anos, além de aumento real pautado pelo crescimento anual médio do
produto interno bruto (PIB) brasileiro nos últimos anos;
2 – Remuneração do trabalho de
orientação de TCC na base dos valores vigentes no mercado praticados pelas
instituições que concorrem em termos de valores de mensalidades com a FACAMP;
3 – Imediata elaboração de
plano de carreira real que assegure aos professores prévio conhecimento e estabilidade
nas aulas por períodos anuais;
Finalmente, pedimos aos alunos
e, em especial, aos representantes de classe e membros do DCE-Celso Furtado,
que façam cópias da presente carta e distribuam aos demais colegas em todo o
campus, para dar ampla publicidade ao apelo dos Professores aqui efetuado.
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