Os prejuízos do pragmatismo exacerbado do Pt no seu "modus operandi" na Bahia. Os professores do Estado dão uma boa aula de política e de dignidade ante o descaso do partido às questões sociais.
Imagem: amigosdecatalao.com.br |
Por EDER LUIS SANTANA
A menos de três meses para as
eleições municipais, a greve dos professores da rede estadual na Bahia desponta
como o principal fator de desgaste do PT na disputa em Salvador, afirmam
especialistas.
"O PT está subestimando o
impacto eleitoral da greve", diz o doutor em filosofia e pesquisador em
comunicação e política da UFBA (Universidade Federal da Bahia) Wilson Gomes.
A paralisação já dura mais de
90 dias e os professores decidiram continuar parados pelo menos até sexta-feira
(13).
Para Gomes, o conjunto de
medidas punitivas adotadas pelo governo Jaques Wagner (PT), como a suspensão de
salários e benefícios dos docentes, teve impacto negativo na opinião pública.
O PT disputará a Prefeitura de
Salvador com o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA), ligado a Wagner e
que tentará o posto pela quarta vez.
"O PT sempre teve a imagem
de solidariedade com professores. Agora, é como se perdesse seus agentes, em
especial nas cidades pequenas, onde a figura do professor é muito
respeitada", afirmou Gomes.
Para o cientista político Jorge
Almeida, o fato de o governo ter enfrentado uma greve da Polícia Militar de 12
dias, em janeiro deste ano, agrava o cenário. Outro ponto citado por ele é o
fato de o PT na Bahia explorar a aliança com o governo federal e supostamente
não ter identidade consolidada perante o eleitorado.
"O governo Wagner não tem
sido caracterizado por ações que deixem um marco na gestão", diz.
"Votei no PT minha vida
inteira, mas agora percebo que os políticos do partido não sabem negociar. A
greve mudou minha opinião. Hoje me vejo sem candidato", disse Neuza Dias,
46, mãe de aluno de uma escola em greve na Pituba, bairro de classe média alta
de Salvador.
OPOSIÇÃO
De olho nos votos de quem
pretende penalizar o PT nas eleições, os candidatos de oposição montam
estratégias.
O deputado federal e candidato
à prefeitura ACM Neto (DEM) diz que se colocará como opção de administração
eficiente. A greve será explorada em sua campanha como exemplo de problemas de
gestão do PT.
"Hoje o PT é inoculado
pelo próprio veneno. A vida toda o partido manipulou sindicatos para se
promover, mas hoje a população busca algo novo", disse.
Em nota, o candidato do PMDB,
Mário Kertész, disse que não fará uso político da greve. No entanto, disse ser
"natural que [a greve] recaia sobre o candidato apoiado pelo governador,
levado pelos próprios professores e sociedade".
PT
REBATE
O presidente do PT na Bahia,
Jonas Paulo, se disse tranquilo diante do cenário político. Afirmou que
"não precisa de estratégias" para evitar eventuais impactos, no
pleito na capital, das paralisações do funcionalismo no Estado.
"Os movimentos sociais
estão em torno da nossa chapa política e temos todos os militantes
conosco", afirmou.
O petista apontou dificuldades
na negociação com os docentes. "Não se trata de um problema de
intransigência do governo, é uma questão de diálogo prejudicado a partir de
equívocos cometidos por ambas as partes na condução das negociações."
Os professores buscam reajuste
salarial de 22,22%. O governo oferece 7% de acréscimo em novembro, além de mais
7% que seriam pagos em abril de 2013. Outros 6,5% foram concedidos ao
funcionalismo público no início do ano.
Fonte: Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário