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A escola pública está tão
doente que precisa de médicos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas,
pastores, padres, pais de santo, políticos, pais, mães, estudantes, enfim de
todos e não somente do retorno dos professores para ressuscitá-la. Mas quem
deseja fazer isso? A simples volta à sala de aula em meio à greve garante
alguma coisa? As pessoas que estão voltando acreditam em quê? Há muito que as
instituições públicas, incluindo as escolas, pereceram por conta do
autoritarismo, da ausência de investimentos e do abandono político.
Os nossos representantes,
dominados pela economia, enxergam o fenômeno social como gasto e não como
investimento. Mas preferimos os mitos da democracia. Escutar um professor dizer
que voltará à sala de aula porque não aguenta mais emocionalmente pode ser
muito sintomático. O professor que desiste da luta porque não suporta mais o
cinismo e a indiferença do governo, aliados à falta de dinheiro, contribuem
para a manutenção da iniquidade porque despreza a força dos movimentos sociais
para as mudanças. Há muita gente dizendo que a luta acabou, mas ela sobrevive
porque ninguém suporta indiferença por muito tempo.
Nos moldes atuais do Brasil, em
que menos de 1% da população tem preocupações com a educação, não se pode
esperar reconhecimento de professor. Por isso cabe a discussão sobre a educação
e a sua função até mesmo para desmistificá-la. A escola não é democrática. A
escola pública não inclui e não conscientiza. Por isso, está mais do que na
hora de pensarmos num enterro decente para essa mão do mercado chamada
educação. Creio que só não fizemos isso ainda porque o professor ainda se vê
como um sacerdote. Já ouvi pais ameaçarem os filhos de puni-los com a escola
pública caso desobedecessem. É que nos habituamos com os absurdos.
É por isso que nem pai, nem
mãe, nem filho e nem o Espírito Santo se deram por falta da escola. Porque não
sabem dos prejuízos a longo prazo que enfrentarão por ignorar os nossos
direitos, por nos acomodar. A escola tem função social e só não vê quem não
quer. Há um acordo tácito entre todos que impede investimento em educação
pública com o risco de desequilibrar o mercado e alterar os postos de trabalho,
além do mais, quem irá servir o cafezinho? Quem irá apertar o parafuso? Por
isso, o mínimo do mínimo aos pobres. Se houvesse preocupação social com a
escola, garanto que o governo já teria feito algo.
Recentemente, participei de
reunião de pais e pude notar o quanto de cordeiro e de gado há nas classes
empobrecidas. Ninguém questionou nada sobre a greve, sobre os prejuízos,
parecia até reunião de início de ano. Como pode tamanho anestesiamento e
indiferença? Portanto, não acho que retornar sem ganho para a escola seja uma
medida para contorno de sofrimento psíquico. Pelo contrário, acho que vai
agravá-lo porque o aluno já se habituou com a sua aula vaga, se habituou a não
querer estudar, se habituou a passar de ano sem saber nada, se habituou a viver
com a mediocridade, se habituou a se calar nas coisas sérias e a falar muita
asneira.
Os professores que se preocupam
com a educação devem pensar no tipo de cidadania que está formando, na
desvinculação do seu conteúdo com o mundo e na despreocupação com a comunidade
escolar porque consumidor não é cidadão. Essa greve serve para se pensar na
cultura que temos e na que queremos, se é que queremos de fato. A greve, de
forma alguma, representa uma fuga aos problemas da escola, mas uma forma de chamar
a atenção da sociedade para o que acontece dentro dela. Mas tenho medo de que
tudo não passe de puro idealismo e que a prática do descaso e do esquecimento
volte a ser a nossa conduta.
Josué Brito (Julho 2012, LUTE
SINDICATO)
Prezados,
ResponderExcluirSolicito a alteração da informação sobre a charge utilizada, sendo de minha autoria e estando no endereço http://www.nossooutromundo.blogger.com.br/1charge01.JPG corretamente. Caso seja interessante, sugiro também a utilização da carge em sua fonta original, com tamanho maior e mais agradável á leitura.
Cordialmente,
Savio Roz
Caro Sávio, a fonte informada foi a mesma do Google. Mas já retificamos. Grato. Estamos sempre abertos a contribuições. Parabéns pela charge.
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