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domingo, 22 de julho de 2012

Proposta do governo ameaça Universidades Federais


Carta à sociedade baiana

Nós, professores da Universidade Federal da Bahia, reivindicamos um modelo de Universidade que favoreça o desenvolvimento do país, o que torna necessário reestruturar a nossa carreira, melhorar as nossas condições de trabalho e não apenas os salários. A reestruturação da carreira visa garantir a valorização profissional, além de tornar atrativo o exercício da docência.
A proposta de carreira apresentada pelo Governo Dilma, após quase dois meses de paralisação, só foi anunciada porque está em curso a maior greve já vista das universidades federais. Entretanto, é necessário esclarecer as armadilhas desta proposta que recusamos firmemente: 1) ela não corrige os problemas da carreira atual, além de introduzir novas distorções e barreiras para o desenvolvimento dos professores na carreira; 2) ela não resgata os enormes prejuízos impostos aos aposentados na última modificação da carreira em 2006; 3) ela ameaça, com imposições de critérios para progressão na carreira, a autonomia universitária prevista na Constituição Federal, a qual pressupõe que cada Universidade faça essas definições respeitando as suas particularidades regionais e estruturais. Além disso, não há qualquer proposição de melhoria para as condições de trabalho, que se encontram degradadas após a desordenada expansão do número de vagas de estudantes em descompasso com o número de professores e técnico-administrativos e com a atual infraestrutura (salas de aula, bibliotecas, laboratórios).
Quanto ao salário, a proposta do Governo trará graves perdas ao conjunto dos professores. Contando que a inflação projetada pelo DIEESE de 2010 até 2015 deverá somar 35,55%, o reajuste de 16% a 45% prometido em parcelas até 2015 significaria um aumento de até 12,24% para uma minoria, enquanto muitos amargariam perdas de até 11,11%. Necessitamos de uma proposta que efetivamente corrija distorções da carreira, bem como as perdas salariais. Exigimos que qualquer acordo seja cumprido até 2013 e que não seja parcelado como propõe o Governo. Valorizar a educação implica destinar recursos financeiros que garantam condições dignas de vida e trabalho para todos os servidores (técnico-administrativos e docentes), além de garantia aos estudantes de acesso e permanência com qualidade, nas redes públicas municipais, estaduais e federais.
Com a greve, pretendemos que o Governo reformule sua política e com isso a sociedade seja beneficiada de forma mais permanente por meio de uma universidade socialmente referenciada. A greve é um sacrifício momentâneo para a sociedade em troca de um projeto de desenvolvimento social sólido, o que só pode ser alcançado com uma educação responsável, realizada por professores bem qualificados e com condições de executar o tripé essencial da universidade: ensino, pesquisa e extensão. Extensão para aproximar-se da sociedade e definir junto a ela suas prioridades presentes e projetos futuros, definindo-se assim as linhas principais de pesquisa. Ao mesmo tempo, multiplicar esses conhecimentos formando pessoal para atuar na construção de uma sociedade mais autônoma e justa. Conclamamos a sociedade baiana a se juntar a nós nesta luta.
Comando de greve dos Docentes da UFBA

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