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sábado, 16 de junho de 2012

Estudantes: a bola da vez da repressão?


Foto: anelonlinesp.blogspot.com
O relato de uma aluna da UNIFESP sobre a ação policial VIOLENTA que culminou na prisão de 26 ESTUDANTES que serão encaminhados para PENITENCIARIAS em breve, dá conta de, a partir da experiência vivida pelos estudantes daquela instituição, da prática repressora do Estado na universidade. Até na ditadura se tinha mais respeito pela autonomia universitária!

Hoje levaram mais 26 estudantes da UNIFESP pra delegacia federal, na lapa. Em menos de uma semana essa é a segunda vez que a PM entra no campus de humanas ao mando de um professor e da reitoria pra reprimir a nossa greve que já dura mais de 80 dias.
Fui uma dos 46 estudantes detidas na semana passada por causa da ocupação da diretoria acadêmica do campus, tentaram nos calar com um termo circunstanciado, nos deram um chá de cadeira de 12 horas, passamos fome, dormimos no chão e recebemos ameaças de ficarmos presos até a audiência, mas não conseguiram.. e dessa vez agiram com MUITO mais violência..
Hoje foi feito uma assembleia intercampi e depois disso teve um ato no terminal Pimentas, perto da faculdade. Quando os alunos voltaram ao campus perceberam que o Diretor Acadêmico, Marcos Cezar estava em sua sala e queriam explicações sobre o truculenta atitude de colocar a tropa de choque pra prender a gente semana passada, como ele não saiu, começaram a gritar palavras de ordem como: FORA MARCOS CEZAR.
Um professor, que não apoia o Movimento Estudantil, chamou a polícia militar alegando que íamos reocupar a diretoria, essa já chegou agressiva e ameaçou uma aluna que estava gritando: FORA PM DO CAMPUS, com as seguintes palavras: "Se você gritar mais uma vez a gente vai descer a borracha". Dito e feito. A Laisy gritou e 3 policias a pegaram, deram borrachadas e a colocaram dentro do camburão. Nisso começou a confusão e foi chamado mais reforços policiais, esses chegaram com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Tentaram dividir os alunos em dois grupos e sitiaram o campus, os alunos que tentaram se esconder nos fundos da faculdade foram pegos, algemados, colocados dentro de um ônibus municipal e levados pra delegacia federal.
Algumas pessoas foram atingidas pelas balas.
Os que foram presos ficaram cerca de 40 minutos presos sozinhos no campus com a Polícia militar, pois tiraram algumas pessoas do campus e trancaram o portão da faculdade, quase que um cativeiro dentro de um espaço público.
Estou no 1° ano da faculdade.. já fui detida junto com meus colegas do M.E da UNIFESP ,semana passada, por reivindicar que essa MERDA de REUNI seja algo melhor.
Agora meus colegas e companheiros foram agredidos, humilhados e estão na delegacia de novo. A mídia está nos abafando e ninguém nos apoia, não sei mais pra quem gritar. Como esperado, a mídia burguesa não relata os verdadeiros fatos e criminaliza os estudantes.
É preciso nos manter unidos, apoiando os estudantes agredidos e denunciando a repressão. Peço para que, de forma individual ou coletiva (movimentos, entidades, instituições de direitos humanos) se solidarizem, ajudem a divulgar os fatos, precisamos de todo apoio possível, inclusive de advogados.




Frente à ação policial ocorrida no campus Guarulhos da Unifesp no dia 14 de junho de 2012, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) manifesta a toda comunidade acadêmica e a toda sociedade o veemente repúdio à opção de tratar as questões universitárias, por mais complexas e controversas, por meio da violência.
Ressaltamos que são valores da PRAE o compromisso com a democracia e o respeito à diversidade intelectual, cultural, social e política.
São Paulo, 15 de junho de 2012.



Moção de repúdio à presença da PM e à prisão e indiciamento dos estudantes do Campus Guarulhos da UNIFESP

Considerando que desde o dia 17 de maio de 2012 as instituições federais de ensino superior deflagraram um legítimo movimento de greve, buscando garantias para que o ensino,a pesquisa e extensão se desenvolva dentro de padrões mínimos de qualidade, que são necessários à construção de um Brasil verdadeiramente democrático;
Considerando que pelas reivindicações o movimento de greve busca conquistar condições adequadas para superar as históricas dívidas sociais do ensino superior público brasileiro, algo almejado há tempos pelos que atuam na educação pública e que se constitui, na verdade, como uma necessidade histórica;
Considerando que o movimento está se fortalecendo a cada dia com a incorporação de estudantes e técnicos administrativos às mobilizações em curso;
Os professores do Campus Sorocaba da UFSCar vem a público manifestar repúdio ao ocorrido no Campus de Guarulhos da UNIFESP no dia 14.06.2012, quando a Polícia Militar foi chamada e deu, mais uma vez, uma manifestação inequívoca de que se orienta pela criminalização dos movimentos sociais e de todos os que lutam por um país melhor, ao prender e indiciar mais de 20 estudantes que democraticamente utilizavam do constitucional direito à livre manifestação.
Na tentativa de repudiar as atitudes antidemocráticas ocorridas no Campus de Guarulhos da UNIFESP realizadas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, os professores do Campus Sorocaba da UFSCar, conclamam a todos para que cerrem fileiras com o movimento grevista dos professores, estudante e técnicos administrativos das instituições de ensino superior federais para garantirmos outra educação, pública, gratuita e de qualidade.
Assinam essa Moção os professores do Campus Sorocaba da UFSCar reunidos no dia 15.06.2012 e em greve desde o dia 04.06.2012.
Sorocaba, em 15 de junho de 2012.

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