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terça-feira, 5 de junho de 2012

A greve dos professores estaduais e a mediocridade do governo Wagner

REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
04/06/2012 - 10:08
Pobre Bahia! Depois de sofrer durante anos com as malvadezas de ACM agora pena com as perversidades do galego, o governador campeão de viagens internacionais. Em comum entre eles só a cabeça branca. Em termos de realizações, não há como se comparar.
A greve dos professores da rede estadual de ensino completa esta semana inacreditáveis dois meses. E o que é pior: sem qualquer sinal de acordo. De um lado, os trabalhadores incansáveis, coesos, unidos, apesar do maltrato, da falta de dinheiro, da luz cortada, da fome. Do lado do governo, o descaso, o desleixo, um governador de uma frieza espantosa, um secretário de Educação incapaz de se fazer ouvir e ser notado numa crise desse porte. No meio de tudo isso, uma Justiça patética, que manda, todo mundo ouve e ninguém  obedece, e um milhão de sofridos estudantes com o ano letivo comprometido. Se a educação pública da Bahia já era um horror, com esta paralisação mergulhou definitivamente no fundo do poço.
Jaques Wagner – o governador campeão de viagens internacionais, conforme matéria publicada na semana passada pelo jornal O Globo – nega ter firmado qualquer acordo com os professores para concessão de um aumento de 22,22% à categoria. É mesmo, governador? Quer dizer então que os 50 mil profissionais de educação – a maioria absoluta gente séria e do bem – de norte a sul da Bahia, de diferentes raças, credos e religiões, resolveram se unir na mentira para enganar a opinião pública e prejudicar os estudantes? É sério?
Parece piada, mas é verdade: o governo baiano do Partido dos Trabalhadores aposta na fome dos professores  – isso mesmo, na fome, no que há de mais perverso e horroroso na vida humana – para acabar com o movimento grevista. Inacreditável.
Apontar culpados ou inocentes a esta altura do ano letivo nem vale mais a pena. Mas não podemos perder de vista uma coisa: cabe ao governo – sim, ao governo – agir, tomar a iniciativa e resolver o problema. Para isto foi eleito e é isso que a sociedade cobra e espera dele: soluções para as crises.
É preciso negociar, ceder um pouco, ter boa vontade, oferecer algum percentual de aumento, ter humildade, reconhecer o erro ao assinar aquele documento prometendo o tal reajuste. Algum mal nisso? Não, Nenhum. Isso é fazer política.
Mas o que faz Wagner? Empurra o problema com a barriga. Pior: atropela a sua brilhante história de líder sindical.
Intransigente, o governador mandou cortar os salários dos professores. O plano era a seguinte: sem dinheiro, os professores não teriam como comprar, consumir, pagar as contas em dia. Logo ficariam famintos. Desesperados cederiam e voltariam ao trabalho mansinhos, mansinhos.
Parece piada, mas é verdade: o governo baiano do Partido dos Trabalhadores aposta na fome dos professores – isso mesmo, na fome, no que há de mais perverso e horroroso na vida humana – para acabar com o movimento grevista. Inacreditável.
O governo só não contava com a resistência dos professores. Eles não recuam. Chega a ser comovente. E olha que tem muitos trabalhadores passando fome, como queria o governo, com contas atrasadas, vivendo de favor, pedindo dinheiro emprestado a agiotas, se endividando em bancos, deprimidos. Mas não abrem mão do que consideram justo e legítimo. Resultado: os estudantes, pais de alunos e a maioria absoluta da população simpatizam com o movimento.
E o governo? Ficou sozinho nessa, isolado, constrangido. E os deputados e senadores da esquerda, aliados de Wagner? Que papelão, hein? Um vexame.
Governador, cortar o ponto pode até ser legal juridicamente, mas numa greve como essa é imoral, indecente e vergonhoso. É golpe baixo, baixíssimo. O PT baiano maltrata, sem dó nem piedade, o seu maior ativo: o apoio e a cumplicidade do movimento sindical.  Pobres trabalhadores.
Pobre Bahia. Depois de sofrer durante anos com as malvadezas de ACM agora pena com as perversidades do galego. Em comum entre eles só a cabeça branca. Mas só isso, viu? O governo atual mergulhou na mediocridade. Seu legado é sofrível, pífio.

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