REDAÇÃO DO JORNAL DA
MÍDIA
04/06/2012 - 10:08
Pobre
Bahia! Depois de sofrer durante anos com as malvadezas de ACM agora pena com as
perversidades do galego, o governador campeão de viagens internacionais. Em
comum entre eles só a cabeça branca. Em termos de realizações, não há como se
comparar.
A
greve dos professores da rede estadual de ensino completa esta semana
inacreditáveis dois meses. E o que é pior: sem qualquer sinal de acordo. De um
lado, os trabalhadores incansáveis, coesos, unidos, apesar do maltrato, da
falta de dinheiro, da luz cortada, da fome. Do lado do governo, o descaso, o
desleixo, um governador de uma frieza espantosa, um secretário de Educação
incapaz de se fazer ouvir e ser notado numa crise desse porte. No meio de tudo
isso, uma Justiça patética, que manda, todo mundo ouve e ninguém obedece, e um milhão de sofridos estudantes
com o ano letivo comprometido. Se a educação pública da Bahia já era um horror,
com esta paralisação mergulhou definitivamente no fundo do poço.
Jaques
Wagner – o governador campeão de viagens internacionais, conforme matéria
publicada na semana passada pelo jornal O Globo – nega ter firmado qualquer
acordo com os professores para concessão de um aumento de 22,22% à categoria. É
mesmo, governador? Quer dizer então que os 50 mil profissionais de educação – a
maioria absoluta gente séria e do bem – de norte a sul da Bahia, de diferentes
raças, credos e religiões, resolveram se unir na mentira para enganar a opinião
pública e prejudicar os estudantes? É sério?
Parece
piada, mas é verdade: o governo baiano do Partido dos Trabalhadores aposta na
fome dos professores – isso mesmo, na
fome, no que há de mais perverso e horroroso na vida humana – para acabar com o
movimento grevista. Inacreditável.
Apontar
culpados ou inocentes a esta altura do ano letivo nem vale mais a pena. Mas não
podemos perder de vista uma coisa: cabe ao governo – sim, ao governo – agir,
tomar a iniciativa e resolver o problema. Para isto foi eleito e é isso que a
sociedade cobra e espera dele: soluções para as crises.
É
preciso negociar, ceder um pouco, ter boa vontade, oferecer algum percentual de
aumento, ter humildade, reconhecer o erro ao assinar aquele documento
prometendo o tal reajuste. Algum mal nisso? Não, Nenhum. Isso é fazer política.
Mas
o que faz Wagner? Empurra o problema com a barriga. Pior: atropela a sua
brilhante história de líder sindical.
Intransigente,
o governador mandou cortar os salários dos professores. O plano era a seguinte:
sem dinheiro, os professores não teriam como comprar, consumir, pagar as contas
em dia. Logo ficariam famintos. Desesperados cederiam e voltariam ao trabalho
mansinhos, mansinhos.
Parece
piada, mas é verdade: o governo baiano do Partido dos Trabalhadores aposta na
fome dos professores – isso mesmo, na fome, no que há de mais perverso e
horroroso na vida humana – para acabar com o movimento grevista. Inacreditável.
O
governo só não contava com a resistência dos professores. Eles não recuam.
Chega a ser comovente. E olha que tem muitos trabalhadores passando fome, como
queria o governo, com contas atrasadas, vivendo de favor, pedindo dinheiro
emprestado a agiotas, se endividando em bancos, deprimidos. Mas não abrem mão
do que consideram justo e legítimo. Resultado: os estudantes, pais de alunos e
a maioria absoluta da população simpatizam com o movimento.
E
o governo? Ficou sozinho nessa, isolado, constrangido. E os deputados e
senadores da esquerda, aliados de Wagner? Que papelão, hein? Um vexame.
Governador,
cortar o ponto pode até ser legal juridicamente, mas numa greve como essa é
imoral, indecente e vergonhoso. É golpe baixo, baixíssimo. O PT baiano
maltrata, sem dó nem piedade, o seu maior ativo: o apoio e a cumplicidade do
movimento sindical. Pobres
trabalhadores.
Pobre
Bahia. Depois de sofrer durante anos com as malvadezas de ACM agora pena com as
perversidades do galego. Em comum entre eles só a cabeça branca. Mas só isso,
viu? O governo atual mergulhou na mediocridade. Seu legado é sofrível, pífio.
Fonte:
Jornal
da Mídia
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