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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Educação básica em Conquista: um incômodo pior lugar

Para governos que pautam seus lemas eleitorais no "tudo pelo social", a situação da educação em Vitória da Conquista é um fato revelador: nada do social preocupa os gestores públicos da cidade e do Estado.
 por Rubens Mascarenhas*

A Revista Veja desta semana, que já está nas bancas, traz uma matéria relatando as “cidades campeãs da riqueza e do bem-estar”. A publicação divulga, por outro lado, levantamento que revelou Vitória da Conquista como ‘a pior educação básica do país’, com a nota de 2,9 (segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb). Outro município baiano, Feira de Santana, aparece na terceira colocação do ranking, com a nota de 3,5.
O Índice é um instrumento criado pelo MEC com o fito de medir a qualidade da educação pública no Brasil.
E voltar a memória ao comercial da prova final 2009, no qual uma moça  dizia da meta do órgão federal: chegar à nota 6, média dos países "desenvolvidos". A nota no Ideb evidenciava a qualidade do ensino público no Brasil. E o Ministério da Educação finalizava o comercial dizendo que a "qualidade" da educação era um "compromisso de todos". Relembre:

Vale registrar que a nota média do ensino público na cidade, no ano de 2077 já era um inadmissível 3,8, que cairia, dois anos depois (2009), para 2,9. Pelo visto, quem não assumiu o compromisso foi o Estado, pois os professores que enfrentam a lida da educação pagam sua parte realizando o trabalho com os imorais salários destinados a eles e as precárias condições do exercício da educação pública no Brasil. A Escola Dom Climério é apenas um modelo que foi copiado e reproduzido em inúmeras escolas no Município. Qualquer informação precisa - o que implica dizer não oficial - pode ser obtida com cada professor do ensino público na periferia da cidade.
E pensar que Conquista é administrada, nos últimos 14 anos ininterruptos, por prefeitos do mesmo partido que administra as esferas nacional e estadual, o PT. E lembrar os discursos e retóricas daqueles que hoje se beneficiam de cargos no Estado que afirmavam que o município, alinhado às macro esferas (Estado e União) da política, viveria situação jamais vivida. Realmente, nunca, por mais descredibilizada que seja a revista que divulga tais dados, fomos manchete nacional de situação tão vexatória (ou, quem sabe, os dados do Ideb estejam equivocados?).
Aliás, as renitentes e incisivas greves docentes e discentes, do ensino básico ao superior, nessa década e meia de mando petista denunciaram as condições da educação na cidade, apontando o descaso dos gestores públicos (nas três esferas) em relação, principalmente, à educação e à saúde. Nesta última, voltou a ser corriqueiro se morrer em fila de atendimento sem ser mesmo examinado e, para se conseguir atendimento em UTI se necessita entrar com ação jurídica (pasme você que não vive esta situação).
Será que, mais uma vez, culparão os professores pelo descalabro na educação? Ou a atual geração de alunos, que não se interessa pelos estudos? Quem sabe alguém se atine para o alinhamento petista das três esferas que concentrou o esforço neoliberal da burguesia petista rumo à concentração financeira no país ao custo do sucateamento da educação e da saúde públicas? Ou, quem sabe, alguma mãe de santo descubra qualquer ‘malvadeza’ de outro mundo agourando a administração sindical-petista da Bahia de Todos os Santos? Ou, ainda, quem sabe, tais dados nos acordem para a realidade sinistra a que fomos levados pela malversação do dinheiro público, perdulariamente administrado de forma a encher as bruacas dos meios de comunicação – cujo fito é esconder as mazelas da administração sindical-petista – e trazer à tona o descaso do Estado com relação a suas obrigações sociais; acobertar a falta de investimento na educação pública; e mascarar o financiamento da rede privada com recursos da tributação da classe trabalhadora, transferindo riqueza em favor do capital privado? Quem sabe???
Quem sabe, um mínimo de bom senso nos leve a questionar e exigir do poder público que a gestão da educação tem que ser levada a cabo por quem entende e a pratica e não por técnicos burocratas ignorantes quanto ao fazer pedagógico, mas experts na enrolação-enganação politiqueira do fazer eleitoral, em Conquista e na Bahia? Quem sabe, alguém questione mais a fundo e denuncie o fato da educação e saúde serem tratadas como mercadoria nessa sanha acumulativa de capital? Quem sabe???
Quem sabe se enterrem de vez o antigo provérbio popular que afirmava haver “males que vêm para o bem” e explicite que esse “mal da educação” está aí para o bem de toda uma matula de políticos que, como seus antigos irmãos semelhantes da Arena, PDS, DEM, que beneficiam a classe a que pertencem, organicamente, ao administrarem o Estado burguês. Quem sabe???
Até lá, História e Memória nos farão registrar e relembrar essa amarga situação e que está sendo debitada na conta das gerações futuras.
*Professor universitário, pesquisador do Museu Pedagógico da UESB e do Núcleo de Estudos de Ideologia e Lutas Sociais (NEILS/PUCSP).

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