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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ensino superior: o que está por trás dos acordos de Dilma com as instituições privadas estadunidenses

Os acordos firmados entre a presidente e as instituições privadas norte-americanas e a campanha da burguesia pela privatização da USP.

13 de abril de 2012

Recentemente, a presidente Dilma Rousseff visitou os Estados Unidos e firmou quatorze acordos com duas das principais universidades privadas norte-americanas, Harvard e o Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).
A visita teve como objetivo firmar a cooperação dos dois países na área de educação e tecnologia. Dilma criou um programa que concede 10 mil bolsas a estudantes brasileiros em universidades norte-americanas.
A presidente realizou acordos com Harvard para projetos conjuntos de pesquisa e intercâmbio. O governo negocia também uma parceria entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o MIT.
Dilma firmou dois acordos de cooperação com o MIT, que envolvem intercâmbio de professores e desenvolvimento de projetos educacionais. O ministro da Educação chegou até mesmo a dizer que o MIT abriria uma filial no país.
Os acordos não são meramente de intercâmbio de estudantes, mas têm objetivos políticos, caso contrário a presidente não precisaria pessoalmente visitar o país.
Há uma campanha da burguesia brasileira pela privatização das universidades públicas, consideradas por eles como atrasadas. A cooperação com as universidades privadas norte-americanas busca estabelecer relações mais estreitas com o seu sistema de funcionamento, formar estudantes com a sua ideologia e assim preparar a própria burguesia para realizar a privatização das universidades públicas brasileiras, plano que é completamente rejeitado pela população.
A declaração do diretor do “Brazil Institute” de um centro de pesquisas em Washington deixou claro os objetivos políticos por trás dos acordos: “o Brasil precisa resolver problemas domésticos estruturais e fazer sérias reformas”.

As reformas incluem entre outras questões: privatizar as universidades públicas. A declaração é parecida com a de um dos diretores do Banco Mundial, com sede nos Estados Unidos.
Jamil Salmi, coordenador de ensino superior do Banco Mundial em janeiro deste ano após a publicação do ranking  Times Higher Education acerca das “200 melhores universidades do mundo” (rankings que têm curiosamente dado destaque à USP) declarou: “Essas duas instituições (Harvard e Cambridge) possuem recursos financeiros abundantes e são capazes de atrais os melhores docentes e estudantes. Além disso, Cambrigde e MIT, por exemplo, são conhecidas por sua estreita ligação com as empresas da região onde estão localizadas. Em muitos países em desenvolvimento, estabelecer parcerias com empresas é visto com desconfiança, como se isso fosse um desvirtuamento, fruto de ações que visam somente o lucro”.
Essa declaração mostra qual o objetivo das universidades na visão do Banco, não prover ensino superior para todos, mas selecionar os melhores e estabelecer parcerias com empresas.
Salmi também já declarou que o problema das universidades brasileiras é que o sistema de contratação dos funcionários não permite demissões, o currículo é carregado de “ideologia” e que os alunos não pagam mensalidade.
Por traz dos termos “inovação”, “modernização”, “cooperação” está a defesa da abertura das universidades brasileiras ao modelo norte-americano de ensino superior privado, mas será que é isso que a população brasileira deseja? Evidente que não.
O que reforça a tese de que os acordos estabelecidos visam objetivos políticos e econômicos específicos, do que meramente bolsas de estudo e intercâmbios, é a ingerência exercida pelos Estados Unidos, por meio do Banco Mundial e de uma série de acordos na política educacional brasileira e de todos os países da América Latina nas últimas décadas.
O caso mais marcante foi o acordo feito pelo governo do Chile com a Escola de Chicago que formou profissionais para investir diretamente na política educacional do governo. Os assessores de Pinochet foram formados pela Escola de Chicago, tendo trazido suas receitas para a economia do país prontas do receituário neoliberal daquela instituição.
A parceria começou com o incentivo para que chilenos fossem estudar na Escola de Chicago sob os ensinamentos de Milton Friedman, o chamado pai do neoliberalismo. O resultado foi a aplicação de um plano desastroso que destruiu a economia do país e a política educacional, tendo sido privatizadas todas as universidades e escolas chilenas.
No Brasil, o receituário norte-americano foi aplicado na década de 1990, quando foi dado grande incentivo ao crescimento de instituições privadas de ensino e realizadas reformas que destruíram as instituições de ensino públicas.
O que está por trás desses acordos é a ofensiva que a burguesia está fazendo para privatizar a USP e em seguida todas as universidades públicas do país, tendo como promotores dessa política os próprios Estados Unidos.
Fonte: PCO

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