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sexta-feira, 7 de março de 2014

O nascimento da ideologia fascista (1ª parte)

  
16 de fevereiro de 2014  

A ideologia fascista representou a síntese do nacionalismo orgânico com a revisão antimaterialista do marxismo. Por Zeev Sternhell



Apresentamos aqui a tradução da «Introdução» escrita por Zeev Sternhell para a obra: Zeev Sternhell, Mario Sznajder e Maia Asheri, The Birth of Fascist Ideology. From Cultural Rebellion to Political Revolution, Princeton, Nova Jersey: Princeton University Press, 1994. Esta tradução foi feita por um leitor para o Passa Palavra.

Este livro baseia-se em duas premissas. A primeira é que o fascismo, antes de se tornar uma força política, foi um fenômeno cultural. O crescimento do fascismo não teria sido possível sem a revolta contra o Iluminismo e a Revolução Francesa que varreu a Europa no fim do século XIX e início do século XX. Por toda a Europa, a revolta cultural precedeu a política. O surgimento dos movimentos fascistas e a tomada de poder fascista na Itália só foram possíveis devido à combinação da influência crescente dessa revolução cultural e intelectual com as condições políticas, sociais e psicológicas que tomaram corpo no fim da Primeira Guerra Mundial. Nesse sentido, o fascismo foi apenas uma manifestação extrema de um fenômeno muito mais amplo e completo.

A segunda premissa, derivada da primeira, é que durante o desenvolvimento do fascismo, o seu arcabouço conceitual desempenhou um papel de especial importância. Não pode restar dúvida de que a cristalização da ideologia precedeu a construção do poder político e pavimentou o caminho para a ação política. O fascismo não foi, para usar uma famosa expressão de Benedetto Croce, um “parêntese” na história contemporânea. Não foi, como pensava ele, o resultado de uma “infecção”, de um período de “declínio da consciência de liberdade” em consequência da Primeira Guerra Mundial. Não foi o produto de uma espécie de renascimento “maquiavélico” do qual a Europa do século XX foi vítima. Ao contrário do que disseram Friedrich Meinecke e Gerhard Ritter à geração do pós-guerra, o fascismo foi parte integrante da história da cultura europeia.

Da mesma forma, o fascismo também não foi uma espécie de sombra projetada sobre o marxismo, como defende Ernst Nolte, cujo livro brilhante e bem conhecido continua a obra de Meinecke e Ritter. Também não se deve sobrevalorizar a qualidade “anti” do fascismo; o fascismo não foi apenas uma forma de antiliberalismo (para usar a expressão de Juan Linz, autor de estudo notável). Nem foi uma “variedade de marxismo”, como pretende A. James Gregor, um acadêmico normalmente perspicaz e autor de obras importantes. Além disso, o fascismo não pode ser reduzido, de acordo com a interpretação marxista clássica, a uma simples reação antiproletária que surge num estágio de declínio do capitalismo. Entre esses dois extremos, há uma abundância de interpretações.
 
Para ler a matéria por completo, clicar na fonte: PassaPalavra

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