16 de fevereiro de 2014
A ideologia fascista representou a síntese do nacionalismo orgânico com a revisão antimaterialista do marxismo. Por Zeev Sternhell
Apresentamos aqui a tradução da «Introdução» escrita por Zeev Sternhell para a obra: Zeev Sternhell, Mario Sznajder e Maia Asheri, The Birth of Fascist Ideology. From Cultural Rebellion to Political Revolution, Princeton, Nova Jersey: Princeton University Press, 1994. Esta tradução foi feita por um leitor para o Passa Palavra.
Este livro baseia-se em duas premissas. A
primeira é que o fascismo, antes de se tornar uma força política, foi
um fenômeno cultural. O crescimento do fascismo não teria sido possível
sem a revolta contra o Iluminismo e a Revolução Francesa que varreu a
Europa no fim do século XIX e início do século XX. Por toda a Europa, a
revolta cultural precedeu a política. O surgimento dos movimentos
fascistas e a tomada de poder fascista na Itália só foram possíveis
devido à combinação da influência crescente dessa revolução cultural e
intelectual com as condições políticas, sociais e psicológicas que
tomaram corpo no fim da Primeira Guerra Mundial. Nesse sentido, o
fascismo foi apenas uma manifestação extrema de um fenômeno muito mais
amplo e completo.
A
segunda premissa, derivada da primeira, é que durante o desenvolvimento
do fascismo, o seu arcabouço conceitual desempenhou um papel de
especial importância. Não pode restar dúvida de que a cristalização da
ideologia precedeu a construção do poder político e pavimentou o caminho
para a ação política. O fascismo não foi, para usar uma famosa
expressão de Benedetto Croce, um “parêntese” na história contemporânea.
Não foi, como pensava ele, o resultado de uma “infecção”, de um período
de “declínio da consciência de liberdade” em consequência da Primeira
Guerra Mundial. Não foi o produto de uma espécie de renascimento
“maquiavélico” do qual a Europa do século XX foi vítima. Ao contrário do
que disseram Friedrich Meinecke e Gerhard Ritter à geração do
pós-guerra, o fascismo foi parte integrante da história da cultura
europeia.
Da mesma forma, o fascismo também não
foi uma espécie de sombra projetada sobre o marxismo, como defende Ernst
Nolte, cujo livro brilhante e bem conhecido continua a obra de Meinecke
e Ritter. Também não se deve sobrevalorizar a qualidade “anti” do
fascismo; o fascismo não foi apenas uma forma de antiliberalismo (para
usar a expressão de Juan Linz, autor de estudo notável). Nem foi uma
“variedade de marxismo”, como pretende A. James Gregor, um acadêmico
normalmente perspicaz e autor de obras importantes. Além disso, o
fascismo não pode ser reduzido, de acordo com a interpretação marxista
clássica, a uma simples reação antiproletária que surge num estágio de
declínio do capitalismo. Entre esses dois extremos, há uma abundância de
interpretações.
Para ler a matéria por completo, clicar na fonte: PassaPalavra
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