Primeiro,
colonizada, depois, subordinada e dependente na cadeia imperialista,
constituída de formações sociais com forte presença de povos pré-colombianos, a
América Latina sempre representou um desafio aos estudiosos. No campo do
marxismo, José Carlos Mariátegui foi um pioneiro e inovador com suas teses
sobre o lugar dos povos originários na luta anticapitalista; sobretudo porque
formulou essas teses numa conjuntura de muito prestígio da concepção etapista
de transição ao socialismo. Que não se engane o leitor com a presença das
palavras “etapa” e “fase” na formulação de Mariátegui, pois aí elas não
designam um estágio numa ordem sequencial progressiva, mas a contemporaneidade
de todas elas numa luta que tem por horizonte o fim da dominação e exploração de
classe.
Nessa
quadra histórica, quando a luta pelo socialismo é retomada pela via insuspeita
do questionamento das políticas de Estado e da exigência de constituição de
outros tipos de Estado (dito comunal, na Venezuela; plurinacional na Bolívia;
cidadão no Equador), via diferente das guerrilhas que agitaram a região até a
década de 1980, mas não oposta a elas na medida em que delas tira lições e
guarda o espírito rebelde, é oportuno retomar o legado de Mariátegui à luz dos
novos desafios enfrentados pelas forças populares.
Como
a obra de Mariátegui suscita um debate de grandes dimensões, o dossiê que Lutas
Sociais apresenta pretende ser uma pequena contribuição para esta tarefa
teórica...
Jair Pinheiro
(pelo Comitê Editorial)
Sumário
ARTIGOS
DOSSIÊ: Memória e revolução na América Latina: a atualidade de
José Carlos Mariátegui
LIVROS
A história da destruição cultural da América Latina: da conquista à globalização ,
de Fernando Báez
de Fernando Báez
Um genocídio, um etnocídio e um memoricídio praticados contra os povos latino-americanos
Waldir José Rampinelli
Waldir José Rampinelli
Fonte: NEILS
Nenhum comentário:
Postar um comentário