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sábado, 9 de agosto de 2014

Para compreender a fundo os “paraísos fiscais”

por Antonio Martins
Publicado em 8 de agosto de 2014 

Às 10h desta sexta, via web, um debate essencial para quem se preocupa com desigualdade. Ladislau Dowbor e Clair Hickman participam. “Outras Palavras” oferece dossiê

Na jornalismo convencional brasileiro, os “paraísos fiscais” são um lugar de milionários excêntricos. Pequenas ilhotas no caribe, banhadas pelo sol dos trópicos, elas permitiriam a um pequeno grupo de privilegiados escapar da pressão tributária exercida pelos Estados. Embora pitorescas, não teriam, contudo, relevância, na estrutura de produção e acumulação de riquezas do capitalismo.

O economista Ladislau Dowbor e a auditora fiscal Clair Hickman ajudarão a desfazer este mito, na manhã desta sexta-feira (8/8). A partir das 10h, via internet, eles participam de mais um debate do ciclo Democracia Econômica, organizado pela campanha TTF Brasil e Fundação Perseu Abramo.  Em estudos e apresentações, eles têm, em linhas gerais, o seguinte: a) na fase da globalização e da hegemonia do capital financeiro, os paraísos fiscais ocupam um papel central nas relações econômicas. Reúnem algo como 20 a 30 trilhões de dólares, entre um terço e metade do PIB do planeta. Por eles, passa boa parte das transações comerciais e de serviços do planeta; b) Seu papel é claro. Não servem apenas a políticos corruptos e ao crime organizado. Eles oferecem, para as grandes corporações globais, um ambiente em que podem escapar à ação das sociedades. Isso permite sonegar impostos maciçamente, mas, também, escapar de leis que em tese garantiriam redistribuição de riqueza, direitos sociais, preservação ambiental.

Ladislau Dowbor, um estudioso arguto das relações econômicas globais, tem estudado os paraísos fiscais em profundidade. Acompanha e examina os livros e relatórios que, aos poucos, estão desvendando este centro oculto do capitalismo. Clair Hickmann conhece seus efeitos. Chefiou a delegacia de instituições financeiras da Receita Federal em São Paulo. Acompanhou de perto os estratagemas de importações e exportações fictícias, de bens e serviços, montados por grandes empresas para concentrar cada vez mais riqueza e poder.

A série Democracia Econômica procura examinar, num momento político de grande importância, os caminhos para aprofundar o processo de redistribuição de riqueza — até o momento, muito tímido — que o Brasil viveu na última década. Um novo debate, em 22/8, terá, como tema, Brasil, o país dos impostos injustos. Outras Palavras é parceiro da iniciativa.


Nosso dossiê:


Autor de livro indispensável para entender finanças offshore sustenta: o sistema bancário das sombras ocupa o centro do capitalismo global. Por Nicholas Shaxon, entrevistado por Christophe Ventura


Novos dados revelam: Brasil é quarto maior usuário dos paraísos fiscais: 25% do PIB está escondido do Estado, fisco e sociedade. Por Ladislau Dowbor



Vazamento inédito revela pontos obscuros da globalização, onde bancos e multinacionais misturam-se ao crime organizado, para se esconder das sociedades. Por Antonio Martins

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