Este artigo focaliza uma das dimensões essenciais do processo educacional das sociedades capitalistas: a conexão entre classe média e educação pública. Mais especificamente, ele se destina a caracterizar a posição da classe média diante da escola pública, bem como a analisar o lugar ocupado pela classe média dentro dessa instituição. Seria a classe média a força dirigente no funcionamento do sistema educacional público? Ou é a classe capitalista quem exerce um estrito controle sobre esse sistema, buscando compatibilizar a educação de massas e os interesses do capital?
Muitas das idéias expostas neste artigo já estão presentes nos melhores trabalhos de análise sociológica do processo educacional das sociedades capitalistas , como os de Bourdieu & Passeron, de Baudelot & Establet e de Georges Snyders.
Porém, o esquema teórico geral aqui proposto não coincide inteiramente com o esquema teórico proposto por qualquer um desses autores, embora elementos parciais presentes nas suas análises tenham sido aqui reaproveitados. A possibilidade teórica de estabelecimento de algumas distinções que façam avançar a análise da relação entre o sistema de educação pública e a classe média, nas sociedades capitalistas, motivou-nos a escrever este texto.
As classes fundamentais (capitalistas, trabalhadores manuais) e a educação
Os membros individuais de qualquer classe social buscam normalmente algum tipo de educação para os seus filhos: escolar ou extra-escolar, longa ou curta, formal ou informal etc. Sem alguma forma de educação, ninguém se insere na prática social (econômica, familiar, política etc.). Por isso, não há diferença entre os indivíduos pertencentes às diferentes classes sociais quanto ao objetivo de obter alguma educação para os seus filhos. Isso não significa, entretanto, que todas as classes sociais defendem a educação de todos os membros da sociedade e empunham permanentemente a bandeira da educação universal, pelo menos no nível elementar ou básico. Aparentemente, todos são favoráveis a essa meta; a prática social evidencia, porém, que tal bandeira é um dos maiores mitos da sociedade capitalista e, como tal, indispensável à reprodução desse modelo de sociedade. Tomemos a classe capitalista. Tal classe social, que se subdivide em frações (industrial, bancária, comercial), tem, no seu conjunto, interesse econômico em que à sua mão de obra se assegure acesso à instrução elementar. Isso não a converte, entretanto, em adepta da educação básica universal.
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