Após as Assembléias da categoria docente nas quatro universidades estaduais baianas, que reprovaram com indignação o retrocesso do Governo nas negociações ao apresentar um arranjo de proposta que retroagia a negociação a termos piores que os iniciais (da renegociação em dezembro), o Fórum das AD´s e os representantes dos comandos de greve reuniram-se com o Governo na tarde de sexta-feira (19/05), em Salvador.
Na reunião, os representantes dos comandos de greve e das AD´s relataram a decisão das assembléias e seu vigor de indignação aos desdobramentos da última mesa de negociação. E que nós, docentes, não abdicaríamos da defesa da nossa dignidade e não aceitaríamos o tom de ameaça do governo. No entanto, ainda acreditava na capacidade de negociação mesmo ante a intransigência governamental e suas ameaças de suspensão das negociações após dois anos de diálogo. Lembrou que o governador foi, pessoalmente, à mídia afirmar que a questão salarial já havia sido resolvida e que o problema da greve era a revogação do decreto. Isso não era verdade, tratava-se de um embuste que o governo alardeia com o intuito de desarticular a categoria e jogar a sociedade contra o movimento. Informou, também, que a arrogância e desrespeito do Governo para com a categoria só vêm aumentando a indignação dos docentes, que votaram por unanimidade a continuidade da greve e o rechaço à proposta salarial do governo. Já estávamos flexibilizando o tempo de incorporação e esperávamos boa vontade por parte do governo para negociar, flexibilizando de sua parte também.
A resposta do governo: intransigência
Mesmo concordando no fato de a redação enviada pelo governo no dia 6 de maio era pior que a original, de dezembro, o governo não abria mão da clausula da mordaça do movimento docente e do Decreto de contingenciamento. A proposta estava retirada da mesa de negociação. O Governo não vê perspectiva nas negociações. Agora se trata de zerar as negociações e começar tudo de novo.
Com esta resposta o governo da Bahia decerra as cortinas de sua intransigência nas mesas de negociação e põe a nu o seu descaso para com a educação pública. Praticamente dois meses de greve por impossibilidade de uma negociação decente e digna para os trabalhadores da educação, com uma clara e evidente enrolação do Governo, com o teatro de quinta categoria com que, nesses dois anos de negociação tem levado a cabo, diz que devemos voltar à estaca zero. Cadê sua preocupação com os alunos sem aulas, tanto enfatizada nas suas retóricas das dispendiosas para os cofres públicos propagandas pagas com o dinheiro do povo trabalhador?
Por outro lado, vemos que tal medida, por maior intransigência que demonstre, por profundo descaso de um governo que se elegeu dizendo priorizar a educação, a saúde, a segurança, aponta para novas perspectivas para o movimento docente em greve. Agora trata de derrotar o governo nas ruas. As mentiras oficiais, por mais recursos públicos e tecnologia que detenham, não têm credibilidade, porque “a mentira tem pernas curtas”, como no ditado popular. Quer dizer, a realidade é muito mais eloqüente que a retórica. O movimento grevista se vê oxigenado por novas perspectivas e descobre que tem outros mecanismos que não somente as mesas de negociação. Vamos à luta! Vamos às ruas desmascarar o fascismo, a intransigência e o descaso com as questões sociais desse governo!
Rubens Mascarenhas, membro do Comando de Greve
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