O Conselho Estadual de Cultura (CEC) aprovou por unanimidade moção de apoio aos professores em greve das universidades baianas. O texto traz críticas contundentes à atuação do governo estadual.
Há alguns anos atrás quando da posse do atual CEC-BA (Conselho Estadual de Cultura da Bahia), num evento glamoroso com a presença do então Ministro Gilberto Gil, acompanhado pelo Governador Jaques Wagner e o Secretário de Cultura Márcio Meireles anunciava-se uma nova política cultural na Bahia. A meta prometida era agenciar a sociabilidade baiana para além da capital, Salvador. Contemplando a complexidade geopolítica e cultural de um Estado que abriga a pluralidade histórica com a condição de um quase país e nação.
Educação e cultura são expedientes sérios e determinantes num Estado que busca o partilhamento de uma vida social sustentável e humanizadora. É de assombrar que um Estado construído por segmentos progressistas ameace a vida da cultura e educação. Impondo cláusulas e amarras contra as Universidades Públicas do primeiro Estado do Brasil. É fato que a Bahia paga os piores salários perto dos professores universitários do Nordeste. Longe do pico nacional do Sul e Sudeste numa desconcertante incoerência com sua posição histórica, política, econômica e cultural.
O governo deve respeitar os que administram cultura e educação na Bahia. Deve ouvir e respeitar os que estão na base da construção do conhecimento e cultura de nossas vidas. Vidas ameaçadas por uma mídia poderosa que invade nossa hora de almoço e de convívio familiar com imagens de sangue e injustiças tantas. Aqui o CEC aposta que cultura, sociabilidade e o mistério da educação contemporânea guardam respostas nas Universidades Estaduais e Federais. Nessa moção de apoio à greve dirigida para os docentes das Universidades Estaduais que lutam por dignidade, qualidade de vida, educação e cultura. Marcamos responsavelmente presença nas políticas públicas e culturais baianas para além das dimensões alargadas do Brasil. Aqui está um CEC baiano certo de representar culturas para além de nós.
A greve dos professores e professoras das Universidades Estaduais da Bahia trava uma luta inusitada contra um governo que pensávamos ser parte de nós. Um governo que elegemos e que não respeita os que administram a educação e cultura na Bahia. Um CEC democrático deve cobrar do Estado um diálogo aberto. A greve dos professores universitários do Estado da Bahia, infelizmente passou a ser o último recurso na luta de seus direitos. Educar com plenitude contribui para apaziguar. E nessa linha um Conselho de Cultura responsável deve apoiar a luta de educadores e alunos em prol da vida. E da construção da plenitude do conhecimento e da cultura. Os professores das Universidades Estaduais da Bahia reivindicam a incorporação do CET em seus salários. O Governo concorda, mas impõe uma cláusula que define o congelamento dos salários até 2014. Trata-se de um acordo perigoso colocando em risco o orçamento de nossas Universidades.
É do conhecimento de todos o que o Governo atual reteve os salários dos docentes. Antes, mesmo de completar um mês de greve, criando uma perigosa jurisprudência. Nem os governos oligárquicos que enfrentamos durante décadas usaram de tamanha arrogância. Nesse sentido o CEC que prima por isenção democrática e autonomia. tece aqui, duas moções:
A primeira defende o direito de greve das UEBA que lutam pela qualidade e sustentabilidade da produção de uma cultura e educação responsável em nosso Estado.
A segunda aponta para uma moção de desagravo para um Estado que construímos e que se volta contra a cultura e educação.
Antonio Godi é professor da UEFS e membro do Conselho Estadual de Cultura
Fonte: Bahia na Rede, 27/05/2011
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