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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

HOMOFÓBICOS (INFELIZMENTE), SOMOS TODOS NÓS!!!

Tânia Regina Braga Torreão Sá*

Recentemente, a UESB abriu espaço num evento – como vem fazendo desde 2009 –, para a discussão da luta contra a homofobia. Eu não pude comparecer a esse evento, apesar do desejo de estar presente, porque outro compromisso que assumi, foi programado para ser realizado exatamente nos dias em que esse debate acontecia. Uma lástima para mim que certamente pela ausência, perdi a oportunidade de aprender um pouco mais sobre saídas para romper com uma das formas mais virulentas de preconceito que a sociedade proclama: o preconceito contra o direito de exercer a sua sexualidade como as pessoas bem aprovem.
Queria estar presente também, porque a minha visão sobre um estágio de convivência respeitosa entre LGBT’s e heterossexuais – mínimo que se espera dos laços de convivência social – é marcada pelo ceticismo, pela descrença e como tal, participando do II Seminário do Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia, esperava constituir novas armas para lutar, também, eu contra o  meu próprio ceticismo.
Não sou especialista no assunto, aliás, longe disso, sou apenas mais uma pessoa que está na briga para ‘rasurar’ as suas próprias certezas, os seus próprios preconceitos. E porque estou nessa disputa contra um ethos histórica e socialmente construído para ser preconceituoso, confesso que não consigo compreender que avanços temos conseguido na luta contra a homofobia se de forma antidemocrática, autoritária, vimos determinamos desde a pré-história até os dias de hoje e a revelia da tomada de consciência do outro, a sexualidade de uma pessoa observando apenas o sexo que ela ou ele tem.
Num debate não tão recente, inclusive, discutíamos o bullyng contra as LGBT’s nas escolas. E através desse debate – penso eu, por conta de uma visão obliterada que não permite enxergar que o preconceito nasce no seio da família – crucificaram a pobre instituição, chegando mesmo a fazer a defesa que é lá (na escola) que nasce o preconceito, sendo lá, portanto, que devemos combatê-lo.
Discordo veementemente!!!! O preconceito contra as LGBT’s é forjado no seio da família, se constituindo e entranhando na natureza íntima dos seres humanos precocemente, desde o momento em que os pais se dão conta do sexo dos seus bebês. Vejam se não é assim? Se sabemos que nascerá menina, pintamos o quarto de rosa. Se sabemos que será menino, o quarto será azul. Se sabemos que virá uma menina, compramos o vestido, o laço de fita, a boneca. Se sabemos que virá um menino compramos o macacão ou o carrinho...E assim, de forma totalmente intencional e comprometida por uma visão predeterminada de ‘ser mulher’ e ‘ser homem’, construímos um ethos marcado pelo sexo, que acaba por definir também, um modelo pronto, amarrado de sexualidade.
Mesmo nas pessoas consideradas de ‘mente mais aberta’, parece-me que elas não conseguiram avançar a ponto de protelar essas marcações que se pautam na observação pura e simples do órgão que as pessoas carregam ou escondem entre as pernas. Em 43 anos de vida, por exemplo, nunca vi um pai ou uma mãe estimular a protelação da escolha da sexualidade dos seus filhos, apesar desses mesmos pais e mães – ao menos uma boa parte das pessoas que com que eu convivo – se enquadrarem no caso dos chamados “moderninhos”.
Acho que acerca do assunto luta contra a homofobia, nos perdemos no vazio de discursos e teses que não fazem outra coisa, senão, nos confortar, fazendo-nos crer que avançamos dentro de parâmetros aceitáveis de conviviabilidade. Isso não é verdade!!!! Vez por outra a bomba explode e assistimos atônita a violência, que nos parece se configurar gratuita, mas que realidade traz como pano de fundo a inaceitação em relação ao modo como o outro escolheu ser, inaceitação essa forjada no seio de nossa constituição enquanto seres humanos que não toleram condição de humanidade... e quem dispara o gatilho desse processo de constituição? Não há como negligenciar o papel relevantíssimo da família.
Em minha perspectiva, portanto, não poderemos avançar na luta contra a homofobia sem abrir mão de romper definitivamente com a concepção organicista de sexualidade o que implica, principalmente, na constituição de laços mais abertos de convivência familiar e porque não admitir NUMA POSTERGAÇÃO DE ESCOLHAS sobre a sexualidade que nossos filhos terão.
Quero aqui confessar que não penso nessa saída, como a mais fácil. Ao contrário disso, penso-a como a mais complicada, a mais difícil, porque ela mexe com a própria concepção de ser homem ou ser mulher.
Acho, portanto, que enquanto o papel da família não for enfrentando, terrivelmente, lastimavelmente SEREMOS TODOS HOMOFÓBICOS.
#Professora DCHL/UESB

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