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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Futebol de segunda

Joilson Bergher*

Segundo HOBSBAWN, Eric, J. As palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto que os documentos. E palavras na acepção do que apregoa Ludwig Wittgenstein, é fundamental para entender o que de fato a humanidade produz ou deixará de produzir. Tal filósofo discute fatos complexos a partir da linguagem, no caso do futebol, tal linguagem, em 2013, termina de forma negativa, acéfala, um quadro extremamente nefasto que envergonha inclusive a minha sobrinha de apenas oito anos de Idade. Procura-se explicações aqui e ali para a dêbaclé, ou seja, desordem, derrota, desastre, ruína, ruptura, maus resultados, derrocada, ruína, colapso, falência, deficiência técnica,- do principal esporte praticado aqui em Esquizópolis; (re)inventar a roda, não daria certo, até porque o futebol nem aqui nasce, até poderia, pois os Pretos, por exemplo, se tivessem sido dados a estes a possibilidade da prática de tal esporte, por certo, não teria essa cara e futebol hermético que é praticado na Europa, por exemplo, onde o peso capitalista tem feito para uns a diferença, para outros, nada mais do que a destruição da arte do drible, do gol e até mesmo do impedimento. O futebol retrocedeu, não evoluiu! O que fazer? Transparência, lealdade, honestidade, decência e honestidade de horários nas grades da TV. Como pode, por exemplo, o cidadão que torce por esse ou aquele time de futebol, esperar essa determinada novela das 20 horas, na verdade 21 horas, para enfim, se deslocar para um estádio de futebol. Ou seja, a pessoa sai numa quarta-feira e só volta numa quinta-feira, feliz ou “retado” com o time que torce, defende, tem paixão,- isso se de forma coincidente, no caminho não for encontrado pelos amigos do alheio, (Alheio?) afim, de surrupiar alguns bens. Pois sim! É oportuno eu afirmar que a despeito de gostar desse esporte, afinal, até pratico, não sou especialista e nem me proponho, apenas observador da linguagem que é o futebol e demais esportes afins. Fico a imaginar: em pleno mundo moderno (?) convive-se com um conceito de esporte extremamente desumano, degenerado. Nesse momento de virada de mesa, já se discute em se desvirara mesa: ao invés de cair os 4 últimos penduricalhos do atual campeonato brasileiro de 2013, subiria mais 4, indo para 24 o número de participantes do certame 2014. Como medir tal transformação? Discutir com quem? Quem são os dirigentes desse esporte? Quem vota nessa rapaziada? E os jogadores, não se movimentam? E esse tal de Futebol de bom senso ou senso de futebol baseado no Sul e Sudeste do Brasil?. E o deputado Aldo Rebelo no Ministério do Esporte? A despeito de entender da história do futebol e bom de conversa e de fino trato, tem dado mostra dos limites do Estado no controle da sanha extremamente predatória tanto da Instituição que controla com mãos de fogo o futebol no Brasil, como a que controla o futebol no mundo, em conluio com a dita principal emissora de Televisão do País.

Vergonha, decepção, desonestidade, malandragem. Deputado Aldo Rebelo, são esses os sentimentos que tenho tido ao dialogar, conversar com quem de fato vive o sonho que é o futebol. O massacre ocorrido no jogo envolvendo Vasco e Atlético, é o mais puro exercício da ausência do Estado no controle desse esporte que é o futebol. O que esperar de um futebol onde um time que consegue aos trancos, barrancos, pedras, paus continuar numa divisão considerada de primeira divisão, por não ter representação política junto a essas entidades que controla o nosso futebol ir pra segunda divisão no dia seguinte? Ah, é porque colocou jogador irregular em campo! É isso mesmo? E se fosse com o time que é considerado o maior do Brasil, o que aconteceria? A TV que detêm o poder de transmissão do Futebol no país, permitiria esse time ser rebaixado? Será o povo brasileiro retardado por não conseguir visualizar o que acontece no cotidiano futebolístico? Pois sim! É incrível e lamentável o cinismo e a maldade como essas autoridades e agentes públicos de segurança pública, vem de público postergar a inteligência ou seria ignorância (?) da sociedade brasileira ao jogar atribuições para esse ou aquele setor do Estado. Imaginamos então se naquele massacre incontrolável –existissem, por exemplo, metade daquelas pessoas com armas de fogo? E se houvessem mortes? Quem responderia por tais ações? Aliás, são cenas que fazem parte do cotidiano: desastres com chuvas, desmandos na política, desvio de tanques de água do semiárido que estão indo pra quem não precisa, homofobismo, intolerância racial inclusive no futebol. Entre 1789 e 1848, eclodiu o que constitui a maior transformação da história humana desde os tempos remotos quando o homem inventou a agricultura e a metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado. Tais períodos da história – são importantes referenciais de datas e fatos que se referem a importantes movimentos revolucionários, que marcaram a expansão das ideias liberais iluministas. Em 1789 se iniciou a Revolução Francesa que aboliu o "antigo regime" do país e, em 1848, um conjunto de movimentos revolucionários abalou a Europa, conhecido como "Primavera dos Povos" que, no caso da França, promoveu o avanço do liberalismo com a adoção do regime republicano e a ampliação dos direitos sociais e políticos. Nesse movimento, cabeças rolaram literalmente, foram decapitados. Isso está registrado na história, afinal, essa, é a nossa grande aliada. Revolução no esporte é o que se preconiza em todo o país. Precisamos de política e políticos propositivos nesse país. Chega de tanta inapetência no gerenciar o esporte no Brasil. Chega de tanto político manso no Brasil. Não brinquem com a emoção subjetiva de quem por exemplo, veste a camisa desse ou daquele esporte. A partir do momento em que haja a mistura de ufanismo, entretenimento, patriotismo, paixão, sentimentos desvairados – o que esperar dessa mistura explosiva? Do ponto de vista psicológico, considerando aqui, obviamente, a filosofia analítica, se esse ou aquele time vencesse já seria frustrante, porque, evidentemente, as condições de vida das pessoas de nenhuma sociedade melhoram apenas porque seu time venceu um campeonato de futebol. Perdendo, frustra mais rapidamente, entristece-se, chega-se a depressão e a destruição do outro, literalmente. Sem dúvida, o que importa nesse cenário degenerado esportivo é a receita e o lucro. Empresários, cartolas, técnicos, jogadores, todos faturam alto. Afinal, até os jogadores são produtos, criados desde pequenos para poderem valer algo no futuro do mercado esportivo. Uma boa piada, não aquela de salão: na final desse campeonato mundial, onde o time Atleticano, fora defenestrado por um time que nem sei pronunciar o nome direito, o presidente da FIFA, reverberou a sua chateação por essa competição não repercutir no mercado europeu, na verdade, corporações de tal mercado certamente, não deve ter adquirido ou comprado cotas de alto valor capitalista de uma competição sem apelo competitivo de verdade. Paciência senhor presidente. Aliás, De forma sintética, Chris Bambery explica como se dá a relação entre o esporte (entre eles, o futebol, principalmente) e o capitalismo: “Portanto, o esporte está totalmente integrado em uma interação entre rivalidade interestatal, produção capitalista e relações de classe. Como uma ideologia, difundida pela mídia em uma enorme escala, o esporte é parte e parcela da ideologia burguesa dominante. A estrutura hierárquica do esporte reflete a estrutura social do capitalismo e seu sistema de seleção competitiva, promoção, hierarquia e ascensão social. A competitividade e os recordes, forças que movimentam o esporte, são reflexos das forças que movimentam a produção capitalista”. É isso querido leitor(a), se você ainda tiver esperança, quem sabe em 2014, o seu time venha com novo técnico, novos dirigentes, um novo campo, um novo estádio, novos jogadores, até podendo ser convocado para a seleção do Brasil,- mas também tenha esperança na construção de novos leitos de hospitais, aumento salarial, mais educação...E essa Seleção do Brasil?

*Professor de História, Especialista em Metodologia do Conhecimento Superior, Pesquisador independente do Negro no Brasil e Graduando em Filosofia/UESB.

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