Joilson Bergher*
Segundo
HOBSBAWN, Eric, J. As palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto
que os documentos. E palavras na acepção do que apregoa Ludwig Wittgenstein, é
fundamental para entender o que de fato a humanidade produz ou deixará de
produzir. Tal filósofo discute fatos complexos a partir da linguagem, no caso
do futebol, tal linguagem, em 2013, termina de forma negativa, acéfala, um
quadro extremamente nefasto que envergonha inclusive a minha sobrinha de apenas
oito anos de Idade. Procura-se explicações aqui e ali para a dêbaclé, ou seja,
desordem, derrota, desastre, ruína, ruptura, maus resultados, derrocada, ruína,
colapso, falência, deficiência técnica,- do principal esporte praticado aqui em
Esquizópolis; (re)inventar a roda, não daria certo, até porque o futebol nem
aqui nasce, até poderia, pois os Pretos, por exemplo, se tivessem sido dados a
estes a possibilidade da prática de tal esporte, por certo, não teria essa cara
e futebol hermético que é praticado na Europa, por exemplo, onde o peso capitalista
tem feito para uns a diferença, para outros, nada mais do que a destruição da
arte do drible, do gol e até mesmo do impedimento. O futebol retrocedeu, não
evoluiu! O que fazer? Transparência, lealdade, honestidade, decência e
honestidade de horários nas grades da TV. Como pode, por exemplo, o cidadão que
torce por esse ou aquele time de futebol, esperar essa determinada novela das
20 horas, na verdade 21 horas, para enfim, se deslocar para um estádio de
futebol. Ou seja, a pessoa sai numa quarta-feira e só volta numa quinta-feira,
feliz ou “retado” com o time que torce, defende, tem paixão,- isso se de forma
coincidente, no caminho não for encontrado pelos amigos do alheio, (Alheio?)
afim, de surrupiar alguns bens. Pois sim! É oportuno eu afirmar que a despeito
de gostar desse esporte, afinal, até pratico, não sou especialista e nem me
proponho, apenas observador da linguagem que é o futebol e demais esportes
afins. Fico a imaginar: em pleno mundo moderno (?) convive-se com um conceito
de esporte extremamente desumano, degenerado. Nesse momento de virada de mesa,
já se discute em se desvirara mesa: ao invés de cair os 4 últimos penduricalhos
do atual campeonato brasileiro de 2013, subiria mais 4, indo para 24 o número
de participantes do certame 2014. Como medir tal transformação? Discutir com
quem? Quem são os dirigentes desse esporte? Quem vota nessa rapaziada? E os
jogadores, não se movimentam? E esse tal de Futebol de bom senso ou senso de
futebol baseado no Sul e Sudeste do Brasil?. E o deputado Aldo Rebelo no
Ministério do Esporte? A despeito de entender da história do futebol e bom de
conversa e de fino trato, tem dado mostra dos limites do Estado no controle da
sanha extremamente predatória tanto da Instituição que controla com mãos de
fogo o futebol no Brasil, como a que controla o futebol no mundo, em conluio
com a dita principal emissora de Televisão do País.
Vergonha,
decepção, desonestidade, malandragem. Deputado Aldo Rebelo, são esses os
sentimentos que tenho tido ao dialogar, conversar com quem de fato vive o sonho
que é o futebol. O massacre ocorrido no jogo envolvendo Vasco e Atlético, é o
mais puro exercício da ausência do Estado no controle desse esporte que é o
futebol. O que esperar de um futebol onde um time que consegue aos trancos,
barrancos, pedras, paus continuar numa divisão considerada de primeira divisão,
por não ter representação política junto a essas entidades que controla o nosso
futebol ir pra segunda divisão no dia seguinte? Ah, é porque colocou jogador
irregular em campo! É isso mesmo? E se fosse com o time que é considerado o
maior do Brasil, o que aconteceria? A TV que detêm o poder de transmissão do
Futebol no país, permitiria esse time ser rebaixado? Será o povo brasileiro
retardado por não conseguir visualizar o que acontece no cotidiano
futebolístico? Pois sim! É incrível e lamentável o cinismo e a maldade como
essas autoridades e agentes públicos de segurança pública, vem de público
postergar a inteligência ou seria ignorância (?) da sociedade brasileira ao
jogar atribuições para esse ou aquele setor do Estado. Imaginamos então se
naquele massacre incontrolável –existissem, por exemplo, metade daquelas
pessoas com armas de fogo? E se houvessem mortes? Quem responderia por tais
ações? Aliás, são cenas que fazem parte do cotidiano: desastres com chuvas,
desmandos na política, desvio de tanques de água do semiárido que estão indo
pra quem não precisa, homofobismo, intolerância racial inclusive no futebol.
Entre 1789 e 1848, eclodiu o que constitui a maior transformação da história
humana desde os tempos remotos quando o homem inventou a agricultura e a
metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado. Tais períodos da história – são
importantes referenciais de datas e fatos que se referem a importantes
movimentos revolucionários, que marcaram a expansão das ideias liberais
iluministas. Em 1789 se iniciou a Revolução Francesa que aboliu o "antigo
regime" do país e, em 1848, um conjunto de movimentos revolucionários
abalou a Europa, conhecido como "Primavera dos Povos" que, no caso da
França, promoveu o avanço do liberalismo com a adoção do regime republicano e a
ampliação dos direitos sociais e políticos. Nesse movimento, cabeças rolaram
literalmente, foram decapitados. Isso está registrado na história, afinal,
essa, é a nossa grande aliada. Revolução no esporte é o que se preconiza em
todo o país. Precisamos de política e políticos propositivos nesse país. Chega
de tanta inapetência no gerenciar o esporte no Brasil. Chega de tanto político
manso no Brasil. Não brinquem com a emoção subjetiva de quem por exemplo, veste
a camisa desse ou daquele esporte. A partir do momento em que haja a mistura de
ufanismo, entretenimento, patriotismo, paixão, sentimentos desvairados – o que
esperar dessa mistura explosiva? Do ponto de vista psicológico, considerando
aqui, obviamente, a filosofia analítica, se esse ou aquele time vencesse já
seria frustrante, porque, evidentemente, as condições de vida das pessoas de
nenhuma sociedade melhoram apenas porque seu time venceu um campeonato de
futebol. Perdendo, frustra mais rapidamente, entristece-se, chega-se a
depressão e a destruição do outro, literalmente. Sem dúvida, o que importa
nesse cenário degenerado esportivo é a receita e o lucro. Empresários,
cartolas, técnicos, jogadores, todos faturam alto. Afinal, até os jogadores são
produtos, criados desde pequenos para poderem valer algo no futuro do mercado
esportivo. Uma boa piada, não aquela de salão: na final desse campeonato
mundial, onde o time Atleticano, fora defenestrado por um time que nem sei
pronunciar o nome direito, o presidente da FIFA, reverberou a sua chateação por
essa competição não repercutir no mercado europeu, na verdade, corporações de
tal mercado certamente, não deve ter adquirido ou comprado cotas de alto valor
capitalista de uma competição sem apelo competitivo de verdade. Paciência
senhor presidente. Aliás, De forma sintética, Chris Bambery explica como se dá
a relação entre o esporte (entre eles, o futebol, principalmente) e o
capitalismo: “Portanto, o esporte está totalmente integrado em uma interação
entre rivalidade interestatal, produção capitalista e relações de classe. Como
uma ideologia, difundida pela mídia em uma enorme escala, o esporte é parte e
parcela da ideologia burguesa dominante. A estrutura hierárquica do esporte
reflete a estrutura social do capitalismo e seu sistema de seleção competitiva,
promoção, hierarquia e ascensão social. A competitividade e os recordes, forças
que movimentam o esporte, são reflexos das forças que movimentam a produção
capitalista”. É isso querido leitor(a), se você ainda tiver esperança, quem
sabe em 2014, o seu time venha com novo técnico, novos dirigentes, um novo
campo, um novo estádio, novos jogadores, até podendo ser convocado para a
seleção do Brasil,- mas também tenha esperança na construção de novos leitos de
hospitais, aumento salarial, mais educação...E essa Seleção do Brasil?
*Professor de História,
Especialista em Metodologia do Conhecimento Superior, Pesquisador independente
do Negro no Brasil e Graduando em Filosofia/UESB.
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