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Alex Conceição*
Já que a poesia se desprende do
limbo por si só
Em meio a um turbilhão de
palavras,
Aqui estou eu
Mero coletor que recebe da
consciência sonambula
Uma dádiva imensurável
Eis em sua presença não
singelas palavras
Mas aquelas de aço cortante
Enferrujadas pelas gotículas de
sangue
Brilhantes em parte
Pois nem tudo se perde em meio
à destruição
Contudo afogadas em veneno
Para que assim contaminem
aqueles tocados por elas
Rogue aos céus por clemencia
Pois a estupefata poesia
terrorista aqui está
Diante de ti aviões com homens
embriagados nas suas crenças
Preparam-se para por abaixo não
apenas um ou dois prédios cheios de vida
Perto disso, contudo mais
violentamente,
Porão por terra todas as suas
certezas
Destruirão o cumulo do seu
vomito de padronização
As palavras agora decifradas
pelos seus olhos
Não são simplesmente a
composição sonora de fonemas conectados
Não formam apenas um cântico
redundante.
Expressam a cólera de um
pensamento perturbado pela incerteza do ser
Exausto pela luta hilariante
contra homens vendados
É sim... A voz que agora
decodifica esses símbolos que chamam de letras
E ainda mais, a sua união de
palavras,
Recita para si mesmo o choro de
uma poesia que incorpora todos os inusitados tipos de encheção de saco, toda
dor de barriga longe de casa sem mato por perto,
Todas as escolas sem conversa
na sala de aula,
Todo decreto, todo silencio do
medo ao ouvir-se a sirene,
Todo verbo conjugado no
imperativo...
Essa produção artística não
pode ser definida como bela
Pois o belo aqui não existe
Existe como sempre existiu, o
que cada um é. Nem melhor nem pior.
Espero sinceramente que o suor
e os calafrios tomem a sua alma ao lê-la
Se não pelo menos que questione
com muito medo
O que você tem acreditado até
agora
Infelizmente é necessário
dormir, pois ainda vivemos longe de alcançar o objetivo do veneno desses
simplórios vocábulos.
Enfim me levantarei e tomarei
em minhas mãos um copo d’agua
Beberei... Respirarei fundo e
imaginarei o quão longe está o dia em que essa tão pretensiosa poesia(por se desprender sozinha) terá significado para tão aviltados sentidos...
Contudo eu não preciso ver para
saber que agora você tenta interpretar-me
Portanto não precisarei ver os
seus pensamentos estrebuchando com a dose letal de peçonha injetada por mim
Não é necessário eu ver a morte
do velho se neste mesmo instante engendro aqui a semente para algo totalmente
novo...
*Estudante de História da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
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