Carlos Eduardo de Quadro |
Segundo pesquisa, desemprego
entre jovens da América Latina diminuiu, mas ainda atinge 7,8 milhões. Mais da
metade dos que trabalham estão na informalidade. E 22 milhões não trabalham nem
estudam
13/02/2014
Vitor Nuzzi,
da Rede Brasil Atual
A taxa de desemprego entre jovens
de 15 a 24 anos na América Latina recuou de 16,4%, em 2005, para 13,9% em 2011,
mas ainda atinge 7,8 milhões, 43% dos desempregados da região. E mais da metade
(55,6%) dos que trabalham só conseguem ocupações informais. Os dados constam de
relatório divulgado hoje (13) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT),
que os relaciona às manifestações públicas. "Não é casual que os jovens
sejam defensores dos protestos de rua quando suas vidas estão marcadas pelo
desalento e a frustração por causa da falta de oportunidades", diz a
diretora da OIT para América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco.
Segundo ela, o crescimento
econômico dos últimos anos foi insuficiente para melhorar o cenário, e os
jovens seguem enfrentando desemprego e informalidade. "Estamos diante de
um desafio político que demanda uma demonstração de vontade de aplicação de
políticas inovadoras", diz Elizabeth. "É evidente que o crescimento
não basta."
Dos aproximadamente 108 milhões
de jovens da região, 56 milhões fazem parte da força de trabalho. E 7,8 milhões
procuram emprego sem encontrá-lo. A taxa de desemprego de 13,9% representa o
dobro da média geral e o triplo da dos adultos. Entre os setores de menor
renda, sobe para mais de 25%.
A taxa de desemprego é maior
entre jovens do sexo feminino: 17,7%, ante 11,4% entre os do sexo masculino.
Outro fator de preocupação é o
chamado universo dos "nem-nem", isto é, aqueles jovens que não
estudam nem trabalham. São 21,8 milhões de jovens nessa situação na América
Latina. "Aproximadamente um quarto desses jovens buscam trabalho, mas não
conseguem, e cerca de 12 milhões dedicam-se a afazeres domésticos, em sua
grande maioria mulheres jovens", diz a OIT. Há 4,6 milhões que a
organização chama de "núcleo duro": não estudam, não trabalham, não
procuram emprego e não se dedicam a tarefas domésticas. Uma situação que aponta
exclusão social.
Os "nem-nem" chegam a
27,5% em Honduras, a 25,1% na Guatemala e a 24,2% em El Salvador. Na outra
ponta, atingem 12,7% na Bolívia, 16,9% no Paraguai e 17% no Equador. No Brasil,
somam 19%, pouco acima da Argentina (18,4%).
Há um dado citado como positivo
pela OIT: o percentual de jovens que apenas estudam aumentou de 32,9%, em 2005,
para 34,5% em 2011. "Não há dúvida que temos a geração mais educada da
história, e por isso mesmo é necessário tomar as medidas apropriadas para
aproveitar melhor seu potencial e dar-lhes a oportunidade de iniciar com o pé
direito sua vida profissional", comenta Elizabeth Tinoco.
O total de jovens que só
estudam foi estimado em 37,2 milhões em 2011. Os que só trabalham somam 35,3
milhões, sendo 64% homens e 36% mulheres. E 13,3 milhões trabalham e estudam
(58% homens e 42%, mulheres).
Dos que trabalham, praticamente
metade estavam no comércio (29%) e nos serviços (21%). Outros 19% ficavam na
agricultura e/ou mineração e 14%, na indústria manufatureira. A OIT estima que
quase 56% se encontravam na informalidade, o equivalente a 27 milhões
Entre as ações possíveis, a
organização destaca educação, formação e qualificação, aplicação de programas
de inserção no mercado e estratégias para promover a iniciativa empresarial
entre os jovens e emprego por conta própria. Cita medidas nesse sentido
aplicadas no Brasil e em países como Chile, Argentina, Peru, Equador Costa
Rica, Honduras, El Salvador e Nicarágua.
No relatório, a OIT destaca a
importância não apenas de ampliar a educação secundária, mas também de reter os
jovens que têm acesso a ela. "Se bem que em todos os países com informação
disponível a taxa de deserção no ciclo secundário se reduziu desde a década de
1990, em 2011 se observam altos níveis desse indicador. Em sete países (Brasil,
El Salvador, México, Nicarágua, Panamá e Uruguai), essa taxa supera 15%,
"com as consequentes perdas sociais".
A OIT lembra ainda que as
projeções demográficas indicam que, dos 599 milhões de habitantes em 2013, 69%
têm menos de 40 anos. Em 1950, eram 162 milhões de habitantes, com 79% abaixo
dos 40. "Até 2050 essas proporções terão mudado e, segundo as previsões,
população total será de aproximadamente 734 milhões, mas apenas 49% será menor
de 40 anos." A expectativa de vida terá passado, de 52 anos, em 1950, para
81 em 2050. Mesmo com a redução relativa, o número de jovens triplicou de 1950
a 2010, de 31 milhões para 105 milhões – mas deve cair para 92 milhões em 2050.
No caso brasileiro, a OIT
observa que "a tendência de probabilidade de desemprego para os jovens é,
em todos os anos, superior à tendência para o restante da população". Não
se observa mudança significativa dessa tendência. O país concentra 40% da
população economicamente ativa da região. A taxa média de desemprego recuou de
19,4% (2005) para 15,3% (2011) – chega a 12% para os homens e 19,8% para as
mulheres.
Fonte: Brasil de Fato
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