Considerada
uma vitória da classe trabalhadora brasileira, Marcha denuncia os ataques do
governo aos direitos trabalhistas e a situação de precariedade vivida em todo
país
Representantes do campo e da
cidade, servidores públicos federais e da iniciativa privada, do setor
petroleiro, gráficos, metalúrgicos. Jovens, aposentados, índios, negros,
homoafetivos, homens, crianças e mulheres. Integrantes de movimentos de luta
pela terra, pela reforma agrária e contra o capitalismo. Ao todo, mais de 20 mil pessoas marcharam na
Esplanada dos Ministérios na manhã desta quarta-feira (24), unidas em uma única
voz: não ao ataque aos direitos dos trabalhadores!
Durante cinco quilômetros de
percurso, os trabalhadores chamaram a atenção da população, de governantes e de
parlamentares, e denunciaram as iniciativas do governo que atacam os direitos
dos trabalhadores brasileiros, como o Acordo Coletivo Especial (ACE), a Reforma
da Previdência e a criminalização dos movimentos sociais. Centenas de faixas,
cartazes e bandeiras denunciaram a situação de precariedade vivida pelos
trabalhadores do país, as formas de privatização da saúde e da educação, as
condições dos representantes do campo, dos trabalhadores sem terra, e dos
operários da usina de Belo Monte, vítimas do trabalho escravo, entre outras.
Tantos casos e descasos relatados com indignação, por meio de protesto e
palavras de ordem que diziam “O povo na rua, Dilma a culpa é sua”, e “Eu vim aqui
fazer o quê? Parar o ACE e o direito defender”.
Para os representantes das
dezenas de entidades que organizaram a mobilização, a Marcha demonstra a
integração de diversas categorias dos setores público e privado, movimentos
sociais e populares contra a política econômica do Governo Federal, e mostram a
força do movimento. A Marcha também é um chamamento para a continuidade da
jornada de lutas nos estados, com a sequência de atos, debates e novas ações na
defesa dos direitos.
“O ANDES-SN, representado pelas
suas Secretarias Regionais e Seções Sindicais de todo país, fizeram um grande
esforço para promover a unidade dos trabalhadores, e a Marcha é resultado
disso. A unidade é importante para defender a educação e saúde contra os
ataques, como é o caso da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh),
que privatiza a saúde e retira direitos dos trabalhadores e da população
usuária”, afirmou a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira. A diretora do
Sindicato Nacional acrescentou que o ANDES-SN continuará a luta nos estados,
contra as ações do governo que precarizam as condições de trabalho na área da
educação.
Marinalva ainda convidou os
trabalhadores a integrarem o ato realizado pelas entidades da educação, em
frente ao MEC, na tarde desta quarta-feira, e participarem do lançamento da
Revista Dossiê Nacional 3 - Precarização das Condições de Trabalho, da
divulgação do resultado do Plebiscito Nacional Sobre a Ebserh e da
rearticulação da Campanha 10% do PIB para Educação Pública Já!. “Algumas ações
específicas estão previstas nos estados. Entre os dias 20 e 24 de maio, haverá
jornada de luta das federais com paralisação no dia 22 e, 29 de maio, será o
dia nacional de luta dos docentes das instituições estaduais e municipais de
ensino superior. É grande nossa vitória e o caminho é a unidade, articulação.
Precisamos dar continuidade a isso”, acrescentou.
Para a dirigente nacional da
Fasubra, Janine Teixeira, o governo privatiza as políticas públicas do país.
“Este governo será lembrado como o governo que acabou com o SUS, que está
implementando com autoritarismo a Ebserh. Um governo travestido de esquerda
pior que de FHC. O acordo feito com a Fasubra não foi cumprido integralmente.
Só juntos vamos conquistar o que a gente merece”, disse.
Na frente do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), os trabalhadores fizeram o enterro simbólico do ACE.
Durante o ato, Paulo Barela, da CSP-Conlutas, afirmou: “direito se amplia, não
se negocia”.
Para o coordenador-geral do
Sinasefe, Shilton Roque, a Marcha mostra que os trabalhadores não estão
satisfeitos com o tipo de governo da presidenta Dilma. “Estamos aqui reunidos
para dizer não ao ACE e afirmar que somos contra a precarização e ataques aos
nossos direitos, conquistados ao longo dos anos. Os trabalhadores estão
revoltados com essa situação, o movimento classista está na rua. O ato mostra a
indignação e a estratégia de luta é a unidade”, afirmou.
O secretário-geral da Condsef,
Josemilton Maurício da Costa, parabenizou a iniciativa dos movimentos independentes
e afirmou que a participação dos trabalhadores na Marcha superou as
expectativas. “O movimento independente é diferente dos movimentos ligados ao
governo. No movimento independente não tem jogo, e a Dilma sabe que é este
movimento que faz a luta e que fez a greve do ano passado. Os trabalhadores e
trabalhadoras têm compromisso com os trabalhadores e não com o governo Dilma”,
reforçou.
O representante da “CUT Pode
Mais” Alberto Ledur afirmou que “a Marcha tem ampla pauta classista de
reivindicações e que não se rendeu ao peleguismo da direção majoritária da CUT
para denunciar a Reforma da Previdência comprada e que retira direitos.
Queremos seguir construindo com o Espaço de Unidade e Ação para lutar pelos
direitos das classes trabalhadoras”.
O membro da
Secretaria-Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágora Lopes agradeceu as
entidades “que não mediram esforços para a realização da Marcha e aquelas que
fizeram debates em suas bases nos estados”. Para Atnágoras, os próximos
desafios são os atos do dia 1º de maio, que devem tentar reproduzir o classismo
que uniu os trabalhadores no dia 24 de abril em Brasília. “Temos que lutar
contra o ACE e para anular a Reforma da Previdência comprada com o mensalão. A
CSP-Conlutas se orgulha de fazer parte desse conglomerado de trabalhadores.
Vamos viver o socialismo, que não é um sonho inalcançável”.
No final da manhã, Paulo Barela
da CSP-Conlutas informou que quatro pessoas haviam sido presas no Congresso
Nacional pela polícia legislativa, por colocarem uma bandeira no local. “Eles
foram presos porque ousaram defender a democracia ao se manifestarem. Isto é
democracia?”, questionou.
A juventude e os estudantes
foram representados pela Anel, que pintou a Esplanada dos Ministérios com as
cores do arco-íris, como afirmou Clara Saraiva, representante da Assembleia. Os
jovens pediram a saída do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. A Anel também realizou um
beijaço coletivo e fez casamentos homossexuais em protesto à Feliciano. “A
juventude tem muito orgulho de lutar junto aos trabalhadores do campo e da
cidade”, finalizou Clara.
Entidades
organizadoras
Além da CSP-Conlutas, compõem a
organização da Marcha as seguintes entidades e organizações: ANDES-SN, A CUT
Pode Mais (corrente que integra a CUT), CNTA (Confederação Nacional de
Trabalhadores da Alimentação), Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados e
Pensionistas), Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Públicos
Federais), Cpers (Centro dos Professores Do Estado Do Rio Grande Do Sul), MST,
Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo),
Admap (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas), Anel (Assembleia
Nacional dos Estudantes – Livre), assim como entidades de movimento populares,
entre outras.
Fonte: ANDES-SN
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