Fruto do descaso de sucessivos governos, a Educação no Brasil é pior que em Chade,
Suazilândia e Azerbaijão. País ficou em 116.º em ranking de qualidade de ensino
que avaliou 144 nações. Fraco desempenho em ciências e matemática é barreira
para País, diz Fórum Econômico Mundial
Jamil Chade
10 de abril de 2013
GENEBRA - Com um dos piores
ensinos de matemática e ciências do mundo, o Brasil reduz sua capacidade de
adaptação ao mundo digital. Um informe apresentado nesta quarta-feira, 10, pelo
Fórum Econômico Mundial aponta que o País subiu apenas da 65.ª para a 60.ª
posição entre as nações mais preparadas para aproveitar as novas tecnologias em
seu crescimento.
Além do ranking sobre
capacidade de adaptação ao mundo digital, o Fórum divulgou outros dois,
referentes ao ensino de matemática e de ciências.
Entre os 144 países avaliados,
o Brasil aparece no 116.º lugar em educação, atrás, por exemplo, de Chade,
Suazilândia e Azerbaijão. Em ciências, Venezuela, Lesoto, Uruguai e Tanzânia
estão melhores posicionados no ranking que o Brasil, que ocupa a 132.ª posição.
O resultado é uma estagnação no
avanço da tecnologia no Brasil, apesar dos investimentos públicos em
infraestrutura e de um certo dinamismo do setor privado nacional. Na América
Latina, países como Chile, Panamá, Uruguai e Costa Rica estão melhores
preparados para enfrentar o mundo digital que o Brasil.
“Apesar desse progresso, a
tradução dessa maior cobertura em impactos econômicos em inovação e
competitividade está estagnada”, alerta o documento. Um dos motivos é a
“qualidade do sistema educacional, que aparentemente não garante as habilidades
necessárias para uma economia em rápida mudança em busca de talentos”, indicou.
Mesmo em países pobres como Senegal, Quênia e Camboja, o acesso de escolas à
internet é superior, segundo o informe.
O ranking é liderado pela
Finlândia, seguida por Cingapura e Suécia. O Brasil, de fato, vem ganhando
posições. Mas os autores do informe estimam que a posição hoje do País no
ranking não condiz com uma das sete maiores economias do mundo.
O informe considera que a
maioria das economias em desenvolvimento continua sem conseguir criar as
condições necessárias para reduzir a falta de competitividade existente na área
da tecnologia de informação, em comparação às economias desenvolvidas. “No
Brasil temos grande desenvolvimento por parte de empresas multinacionais para
melhorar a competitividade, mas esse empenho não se estende por todo o setor
privado”, alertou o editor do informe, Beñat Bilbao-Osorio.
Internet
A subida de posição do Brasil
no ranking vem dos avanços em infraestrutura e do fato de o País ter dobrado a
capacidade de uso de banda larga, além de ampliar a rede de celulares. Em
bandas fixas, o Brasil é o 11.º colocado no ranking.
Outro problema sério, porém, é
o ambiente para promover inovação e burocracia, além do custo dos celulares, um
dos mais altos do mundo. O Brasil aparece na 130.ª posição entre os 144 países,
superado pelo Gabão.
O número de usuários de
internet no Brasil, em 2011, também não chegava ainda a 45%, o que deixa o País
na 62.ª posição nesse critério, abaixo da Albânia. Apenas um terço dos brasileiros
tem internet em casa. A taxa despenca para apenas 8% se o critério for o número
de casas com banda larga.
O Brasil não é o único a passar
por essa situação. “Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
enfrentam desafios”, diz o informe. “O rápido crescimento econômico observado
em alguns desses países nos últimos anos poderá ser ameaçado, caso não forem
feitos os investimentos certos em infraestruturas, competências humanas e
inovação na área das tecnologias da informação”, alerta.
“A digitalização criou 6
milhões de empregos e acrescentou US$ 193 bilhões à economia global em 2011.
Apesar de positivo, o impacto da digitalização não é uniforme nos setores e
economias – cria e destrói empregos”, disse Bahjat El-Darwiche, Sócio, Booz &
Company.
RANKING
Segundo a capacidade de
adaptação ao mundo digital
1. Finlândia
2. Cingapura
3. Suécia
4. Holanda
5. Noruega
6. Suíça
7. Reino Unido
8. Dinamarca
9. EUA
10. Taiwan
60. Brasil
Fonte: O
Estado de S. Paulo
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