Moção de Repúdio ao Ato Impetrado pela Reitoria em exercício da PUC-SP
Contra todos os princípios
democráticos conquistados ao longo de sua história, a Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo está permitindo e mantendo, através da sua representante
na reitoria, uma postura nada menos que autoritária e intransigente na direção
da abertura do processo administrativo instaurado contra a profa. Beatriz
Abramides. A alegação é de “mau comportamento ético-moral”, por esta ter
participado da manifestação dos alunos contra a instauração do Conselho
Universitário, que entendem que houve quebra do diálogo institucional e
reivindicam uma legítima participação da comunidade em processos decisórios,
uma vez que se trata de uma instituição de ensino e não de instituição penal.
A profa. Beatriz, de fato,
enquanto representante da Assembleia dos Professores da PUC-SP e conforme
deliberação desta participou da manifestação. Engrossou as fileiras dos
descontentes com os rumos que toma esta universidade, desprezando suas
tradições e desrespeitando suas práticas democráticas, e manifestou a sua
indignação. Nada mais fez do colocar em prática o direito da livre expressão.
Este quadro mostra que não se
trata, pois, de mera sindicância. A fria utilização de ferramentas legais
disponíveis revela nada mais que um processo demissionário. Atrás dos códigos,
tal medida, fruto de insidiosa manipulação política, quer garantir a
eliminação, por “causa justa”, da docente Beatriz Abramides e do que hoje ela
fortemente passa a representar: o símbolo de uma resistência às iniquidades,
aos mandos e desmandos que campeiam a PUC-SP,
em nome da ordem e da segurança - uma ordem repressiva e uma falsa
segurança. E, com isto, pretende-se, em palavras comuns, “cortar o mal pela
raiz”. Ledo engano! A docente realmente emprestou a sua voz para clamar o
resgate da autonomia/democracia universitária – tão em baixa nesses corredores
que já conheceram momentos na História de nosso país -, mas não é a única voz.
Tantas outras existem e tantas outras estão se revelando, multiplicando-se a
cada dia e encontrando eco em outros espaços, inclusive para além do setor
universitário.
Através desta moção, hoje, somos todos Bia Abramides, somos todos
uma PUC-SP democrática, sem intervenções autoritárias, nem golpes espúrios, nem
mesmo Golias travestidos em senhores da ordem.
Sob pena de se ver a Educação
ser freada e desvirtuada, de ter uma universidade nada significativa, temos que
refletir. De que tem medo a PUC-SP? De revelar a sua face oculta? Lembramos
aqui que as páginas bíblico-históricas celebram a inevitável vitória de David.
Manifestamos o nosso repúdio e
colocamos a nu, aqui e agora, a nossa indignação. Pela retirada imediata do
processo administrativo contra a professora Bia Abramides e não abertura de
nenhum outro processo político a nenhum professor, estudante ou funcionário.
São Paulo, 03 de abril de 2013
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