A nossa luta defende a
valorização da educação pública a fim de construir uma universidade
democrática, a serviço do povo e com condições de acesso e permanência para as
classes trabalhadoras que historicamente são excluídas deste espaço
16/07/2013
DCE - Helenira Rezende
O movimento estudantil da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho vem por meio desta
explicar os motivos pelos quais decidimos pela ocupação da reitoria.
Diante de um movimento que
perdura mais de três meses, o movimento estudantil da UNESP vêm a público
denunciar e lutar contra este projeto de universidade que está posto,
elucidando a enorme crise que se estende por esta instituição. Totalizamos hoje
10 campus em greve estudantil, que são: Ourinhos, Marília, Assis, Botucatu,
Franca, São José do Rio Preto, Bauru, Rio Claro, Araraquara e São Paulo.
A nossa luta defende a
valorização da educação pública a fim de construir uma universidade
democrática, a serviço do povo e com condições de acesso e permanência para as classes
trabalhadoras que historicamente são excluídas deste espaço. Queremos políticas
efetivas de permanência e de assistência estudantil, como restaurante
universitário, moradia estudantil e bolsas de auxilio socioeconômicas e também
por uma política de cotas inclusiva, não à repressão aos movimentos sociais,
paridade nas instâncias deliberativas, reajuste e isonomia salarial para
funcionários e professores.
Para além dos problemas de
estrutura da universidade, os ataques ao movimento estudantil se mostram
inaceitáveis. Em curto período de mobilização, vemos casos de sindicâncias
absurdas. Em Araraquara, seis estudantes foram expulsos da moradia estudantil.
Em Franca, 31 foi o número de estudantes que estão em processo de sindicância,
por mais de oito meses, por se manifestarem politicamente. Houve também em Rio
Claro, recentemente, o caso de reintegração o de posse no campus contra uma
ocupação pacífica, em que houve quatro processos judiciais contra estudantes,
os quais somente foram cancelados diante de pressão política. Todos estes
processos são embasados em provas e argumentos falhos, contestáveis e
enviesados que criminalizam o movimento que é legítimo, tendo como única
intenção punir aqueles que se manifestam politicamente e coagir a organização do
movimento estudantil.
Não menos importante, temos
também o ataque do governo do Estado de São de Paulo com o projeto do PIMESP
(Programa de Inclusão por Mérito no Ensino Superior do Estado de São Paulo), o
qual impõe uma barreira à verdadeira inclusão nas universidades por meio das
cotas. Este projeto impõe um curso semipresencial de dois anos para a inclusão
de alunos cotistas, o que representa um enorme racismo e subestima a capacidade
do estudante cotista, além de não oferecer uma real complementação ao
conhecimento deste aluno, devido à grade que tem cursos como Gestão de tempo,
Empreendedorismo entre outros.
Durante o período de greves e
ocupações, a reitoria demonstrou seu caráter intransigente nas negociações.
Poucas das nossas pautas foram atendidas e mesmo diante da grave situação em
que se encontra nossa universidade, o reitor Júlio César Durigan se ausentou em
férias por quinze dias e, na data de hoje, o mesmo entra em férias novamente,
deixando claro o descaso e falta de diálogo da reitoria para com o movimento
que se instaurou na UNESP por professores, funcionários e estudantes.
Em anterior ocupação da
reitoria, no dia 27 de junho, após a negociação com a vice-reitora em exercício
da reitoria Marilza Vieira Cunha Rudge, o movimento entendeu que tivemos poucos
avanços nas pautas. A maioria delas foram somente encaminhadas à outras
instâncias, nas quais não possuímos participação igualitária.
Além disso, foi necessária uma
nova reunião no dia 12 de julho, com a presença do reitor, para que esses acordos
fossem reafirmados. O que deixou claro, mais uma vez, a postura da reitoria de
postergar as negociações e deliberações. Nossa luta não se pauta em
privilégios, mas sim por direitos que deveriam ser garantidos pela universidade
permitindo um ensino público acessível e de qualidade. As pautas do movimento
estudantil são históricas, o que indica problemas que historicamente são
herdados. O que demonstra a necessidade da luta por meio de ações diretas como
greves, ocupações, manifestações, dentre outros. Logo, esses são métodos
legítimos de luta dos movimentos sociais. A reitoria continua se mostrando
negligente frente aos problemas que afetam a comunidade acadêmica. Nós não
desocuparemos o prédio enquanto nossas pautas não forem atendidas, portanto, exigimos
da reitoria ações objetivas e imediatas. Para isso, as atividades na reitoria
estão suspensas durante o período de ocupação.
Convocamos todos os alunos e
outros movimentos sociais, que se solidarizam às nossas pautas, a compor o
nosso movimento de ocupação. Nossa luta é legitima e não aceitaremos migalhas!
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