As perdas são de R$ 5,9 bilhões só no próximo ano. |
Alteração em texto sobre
royalties do pré-sal, feita por recomendação do governo, retirou recursos do
Fundo Social. Movimento afirma que vai trabalhar para reverter quadro na Câmara
por Sarah Fernandes
Publicado 03/07/2013 18
São Paulo – O
substitutivo do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Projeto de Lei 41, de
2013, reduziu os dividendos do petróleo que seriam destinados para as áreas de
educação e saúde, segundo especialistas em orçamento público que analisaram o
texto aprovado na madrugada de hoje (3) pelo Senado. O parlamentar manteve a
previsão de destinar 75% dos recursos dos royalties do petróleo para educação e
25% à saúde, mas fez alterações no montante que será destinado ao Fundo Social
do Pré-Sal, criado em 2010 para ser uma espécie de poupança de longo prazo para
garantir desenvolvimento social e regional.
O projeto da Câmara,
aprovado na última quarta-feira (26), previa que metade de todos os recursos do
pré-sal seriam depositados no Fundo Social. O Senado, a pedido do governo Dilma
Rousseff, retomou a proposta original do Executivo e repassou para a área 50%
dos juros oriundos da movimentação das verbas do Fundo Social, que serão
destinadas para o mercado financeiro, para regular a economia.
“O Senado abriu sua caixa
de maldades e os investidores devem estar soltando rojões hoje”, lamenta o
coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
Ainda não há como calcular o quanto essa perda representa em valores, mas a
entidade vai iniciar um estudo para calcular o prejuízo. “Nem os senadores
devem ter feito esse cálculo”, avaliou Cara.
Obrigatoriamente, 50% dos
recursos do fundo devem ser destinados à educação – destes, 80% para o ensino
básico e infantil –, mas a composição de verbas do fundo pode ser alterada pelo
Legislativo, o que foi feito no projeto votado ontem. O relatório de Braga,
porém, não dimensiona as perdas provocadas pela mudança.
Se o texto tivesse
mantido nos moldes da Câmara, a educação poderia receber, até 2022, R$ 196,08
bilhões, e a saúde, R$ 65,36 bilhões, segundo projeções de uma nota técnica da
Casa. Para que se tenha uma noção da importância da verba, o orçamento total do
MEC para este ano fica em R$ 101 bilhões.
O especialista em
financiamento da educação Luiz Araújo chegou a estimar o valor das perdas: pelo
projeto da Câmara, a educação iria receber, já em 2013, mais R$ 5,9 bilhões.
Porém, com o substitutivo aprovado pelo Senado esse valor cai para R$ 850
milhões, uma perda de R$ 5,1 bilhões. Em 2017, poderiam ser mais R$ 14,45
bilhões para a área, que ficaram restritos a R$ 7,53 bilhões, uma perda de R$ 6,9
bilhões. Em 2022, teria garantido R$ 47,83 bilhões pelo aprovado na Câmara, mas
a verba será de R$ 17,82 bilhões, uma perda de R$ 30 bilhões.
Fonte: Rede
Brasil
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