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domingo, 30 de outubro de 2011

Brasil: Manifesto continental pela retirada das tropas do Haiti


COMPROMISSO DE SÃO PAULO
 
Aba Okipasyon / Aba Minustah
Fora a Ocupação!
 
   Reunidos em Ato Público na Câmara Municipal de São Paulo, vindos de “X” países, cujos governos estão envolvidos na ocupação do Haiti,e, no Brasil, de diferentes Estados, firmamos um compromisso de solidariedade militante com a soberania da nação negra do Haiti.        
    Faz já 7anos que as tropas da “Missão da ONU para a Estabilização do Haiti”-Minustah – estão neste país. São elas responsáveis pela violação da sua soberania, pela agressão aos direitos humanos e repressão a manifestações democráticas, sindicais, estudantis e populares e mortes consideradas efeitos colaterais” de um estado de guerra perpétua. Seus soldados introduziram o cólera,que matou 6 mil pessoas e contaminou  mais de 300. Sobre elas pesam acusações fundadas de violência sexual e estupro de jovens que, como outros crimes, seguem impunes dada à sua imunidade legal.
   No último dia 15 de outubro, o Conselho de Segurança da ONU, insensível às demandas expressas por vários setores em diferentes países e pelo próprio povo haitiano, renovou por mais um ano, o mandato da Minustah (reduzida ao contingente anterior ao terremoto), e ainda “manifestou sua intenção de renovar o mandato da missão para além de 2012” !
  Nós estabelecemos o compromisso de lutar pela retirada imediata das tropas invasoras e exortamos trabalhadores, jovens, democratas, socialistas e comunistas, com suas organizações, a não sair das ruas enquanto não terminar essa operação militar, irmanando-se ao povo haitiano, que exigem respeito à sua soberania, em seguidos protestos contra essa ocupação.
   O Haiti, país pioneiro na abolição da escravidão, cujo povo, há 208 anos atrás, expulsou as tropas coloniais de Napoleão e constituiu a primeira república negra do mundo, pagou um alto preço pela sua independência: 90 milhões em francos-ouro, como compensação às perdas de propriedade – terras e escravos -, à custa da sangria de seus recursos, e uma punição permanente no decurso de sua história. Sofreu inúmeras ocupações militares. A última delas se deu em 2004, quando do golpe em cima do presidente eleito, Aristide, orquestrado pelos interesses imperialistas dos EUA, França e Canadá, na região. Mascarada pela ONU como uma missão de paz, essa ocupação conta com tropas e polícias militares de 40 países, sob o comando do exército brasileiro.
 A MInustah também encobre os interesses imperialistas do governo brasileiro na regiãoe seu comando pretende apresentar cara humana quando, na verdade, facilita ainda mais a exploração vil da mão de obra haitiana pelas multinacionais, sem direitos nem proteção social, e garante as manobras da Comissão Interina de Reconstrução do Haiti – CIRH – que tem como responsável nada menos que Bill Clinton.
  Para nada serviu a presença das tropas da ONU, sequer ajudaram na prevenção de catástrofes naturais, preferiram prestar socorro em bairros ricos, negligenciando os atingidos pela catástrofe.O resultado é que, quase dois anos após o terremoto, mais de 1 milhão de haitianos continuam desabrigados. Tampouco serviram para estabelecer a democracia, nem poderiam, pois foram fiadoras, por exemplo, da última farsa eleitoral, onde apenas 17% dos haitianos votaram.
    A dívida histórica que temos com o povo haitiano só pode ser amortizada se estabelecermos o compromisso de apoiar sua luta e exigirmos dos governos dos nossos países – Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, EUA, França... - que ponham fim a essa política de Estado que legitima e viabiliza a invasão militar do Haiti.
   Este ato deve ser encarado como a pedra fundamental do nosso compromisso de construir um Comitê Continental pela Retirada Imediata das Tropas Militares do Haiti e a não permissão da entrada de forças especiais mercenárias no país, em substituição às forças militares oficiais.
    Respaldados em ações semelhantes, no dia de hoje,também no Canadá, Peru e Equador, chamamos à constituição de Comitês Pela Imediata Retirada em todos os países do continente. E propomos, em particular, à Conferência Caribenha de Cap Haitien, Haiti (16-18 de Novembro), uma Jornada Continental pela Retirada Imediata das Tropas na data dos 8 anos da ocupação do Haiti, em 1º de Junho de 2012, com atos e manifestações em face dos respectivos governos.
  • O Haiti precisa é de médicos, engenheiros e técnicos, não de soldados!
  • Cancelamento da dívida externa do Haiti! Restituição dos valores pagos!
  •  Ressarcimento do pagamento da dívida imoral da independência
  • Reparação às famílias vitimas do cólera e de violações dos direitos humanos!
  • Retirada Imediata das tropas da ONU do Haiti e que nenhum força militar ou paramilitar seja mantida no território haitiano.

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