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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Contra respostas militares a crises políticas e sociais

Camille Chalmers
Foto: R. A. Hdez, La Jiribilla

Economista haitiano: “Temos que romper com o sistema que oferece respostas militares a crises políticas e sociais”

O economista e ativista haitiano Camille Chalmers afirmou, na mesa de debate da Cátedra de los Libertadores realizada na última terça -feira, em Buenos Aires, que o Haiti deve aprender com o recente processo latino-americano e que os países da América Latina têm muito o que aprender com o Caribe: “Chegou o momento do reencontro entre o Haiti e os povos da América Latina”. 

Falar das relações entre o Haiti e o continente latino-americano é sumamente importante hoje, quando refletimos sobre a necessidade de construir outro mundo e outras relações entre os povos.
A história entre o Haiti e a América Latina é uma história de encontros, de desencontros e de reencontros. Para entender o lugar especial que o Haiti ocupa na história do mundo, não podemos deixar de falar da grande revolução anti-escravista de 1804, que representou uma ruptura radical em relação à ordem da época.
A primeira revolução contra a escravidão ocorreu em 1793, no Haiti, e ainda existiu até 1865 nos Estados Unidos e até 1885 no Brasil. E hoje em dia, ainda há relações de produção muito parecidas à escravidão. Então é importante observar o caráter anti-sistêmico, o caráter de ruptura radical desta revolução, que foi vista pelos impérios da época como um perigo, como uma ameaça.
Isso faz lembrar da frase que existe na resolução do Conselho da ONU para criar a Minustah em junho de 2004, que diz que o Haiti é um perigo para a segurança hemisférica. Há uma continuidade histórica da rejeição em aceitar o conteúdo revolucionário deste processo escravista de 1804 e da ideologia dominante que se difunde sobre o Haiti com estereótipos e com uma construção ideológica que apresenta o Haiti como um país muito violento, etc.
Claro que a resposta dos impérios à revolução anti-escravista haitiana foi brutal, foi uma resposta com múltiplas estratégias: negação, silêncio – um “não aconteceu nada aí”, as enciclopédias falam da abolição da escravidão na França e na Inglaterra, mas não no Haiti – e houve um isolamento do país que continua tendo efeitos.



Para ler o discurso na íntegra, clicar Narrativas Argentinas

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