Uma agência de notícias
chinesa, o Shanghai Evening Post, conseguiu retratar uma realidade muito pouco
conhecida pela população mundial. No início do mês de setembro, o veículo
infiltrou um de seus jornalistas na fábrica da Foxconn em Taiyuan, na China, onde
é produzido o novo iPhone 5, lançado no último dia 12.
O jornalista se passou por um
funcionário novato durante dez dias, reunindo informações e imagens sobre o
trabalho da fábrica, o processo de produção e a rotina intensa e desumana
imposta aos profissionais. A empresa realiza a montagem de outros aparelhos
eletrônicos como o iPad e o Xbox 360 e é conhecida pelas péssimas condições de
trabalho que oferece aos seus empregados.
Alojamentos destinados aos
funcionários não possuem limpeza e conforto mínimos. (Foto: Reprodução)
Os funcionários trabalham sobre
a pressão de cumprir uma meta de 57 milhões de iPhones fabricados ao ano, prazo
este estipulado e fiscalizado com rigor pela Apple. Logo no primeiro dia, o
jornalista passou por um rápido processo de seleção, pouco depois de responder
questões sobre suas faculdades mentais. Em seguida foi levado à fabrica, onde
teve início o período de treinamento.
Os alojamentos, por sua vez,
chamaram ainda mais a atenção do repórter do que a rigidez na empresa. Todos
eram sujos e apresentavam mau cheiro, além de não possuírem condições mínimas
de conforto e estarem infestados de baratas.
Já no segundo dia de trabalho todos os novos funcionários foram
obrigados a assinar contratos após se alimentarem num refeitório superlotado.
Neles, haviam cláusulas a respeito do vazamento de informações adquiridas no
local, sem ao menos citar assuntos como acidentes de trabalho e horas extras.
Funcionários se alimentam com
comida de má qualidade e em um refeitório superlotado. (Foto: Reprodução)
Ao longo dos outros dias de
treinamento o repórter ressaltou a naturalidade com que os funcionários
responsáveis pela supervisão do trabalho de produção tratavam mal os operários.
Segundo o jornalista, os
instrutores afirmavam que o tratamento era adotado daquela forma para o bem de
todos. O estresse era aliviado em uma área livre, reservada para os gritos
guardados dos trabalhadores durante o período de trabalho, enquanto que
tentativas de suicídios eram combatidas com a instalação de grades em todas as
janelas da fábrica.
Operários passam por revista diária antes de acessar a linha de produção do novo iPhone 5 (Foto: Reprodução) |
Após a fase de treinamento, os
novos operários conheceram a linha de produção do novo iPhone. Para entrar no
local, cuja segurança é máxima, todos são revistados e passam por detectores de
metais, obrigando todos a retirar fivelas de cintos, correntes, brincos e
aparelhos eletrônicos. Vale lembrar que cada operário ganha em média R$ 8 a
cada duas horas, mesmo que sejam realizadas durante a madrugada.
O repórter retratou também
passagens onde funcionários descarregaram a raiva esmurrando aparelhos ainda na
esteira de montagem, enquanto seus supervisores não estavam por perto. Ainda
segundo o jornalista, apenas dois dos 36 operários que iniciaram o processo de
seleção permaneceram no trabalho. Após o 10º dia, ele não suportou o cansaço e
o estresse e pediu demissão da empresa.
Fonte: Br.finance
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