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26 de março de 2013
por Vivian Fernandes
Da praça da Sé à praça da
República, cerca de 1 mil jovens percorreram as ruas do centro da cidade de São
Paulo, nesta terça-feira (26), em defesa da ampliação de recursos para
educação, do fim da violência contra os jovens pobres, especialmente negros, da
democratização dos meios de comunicação e da Reforma Agrária.
A marcha, que encobriu com seus
gritos e canções o som do trânsito paulistano por toda a manhã, faz parte da
Jornada de Nacional de Lutas da Juventude. As organizações que promovem
jornada, que vai até 11 abril, realizarão ações em mais de 15 estados do país.
As bandeiras que os jovens
traziam em punho representavam as várias organizações que construíram o ato,
como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Levante Popular da Juventude, o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Nação Hip Hop Brasil, o
Fora do Eixo, a Marcha Mundial das Mulheres e a União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (UBES).
O presidente da UNE, Daniel
Iliescu, defendeu a unidade política dos movimentos sociais para a construção
da jornada. "Os jovens estão unidos na rua, porque os seus sonhos são
generosos, porque o que se tem no coração e nas mentes é a convicção de mudar o
país”, disse.
O coordenador do coletivo de
juventude do MST em São Paulo, Gerson de Souza, denunciou em frente ao Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo “a criminalização de vários militantes, não
só do MST, mas de vários movimentos sociais, que estão proibidos de fazer luta,
de fazer ocupações e marchas”.
Ele apontou ainda que a
democratização do Estado só será possível a partir das manifestações e lutas
políticas.
Educação, genocídio e cotas
No cruzamento da avenida São
João com o largo do Paissandú, os jovens realizaram uma intervenção artística
para chamar a atenção para o extermínio da população negra em São Paulo.
Enquanto manifestantes
carregavam caixões de cartolina negra com cruzes brancas, a militante do
Levante Popular da Juventude, Beatriz Lourenço, apresentou dados sobre o
genocídio da população negra em São Paulo.
“O Mapa da Violência de 2012
diz que enquanto o homicídio de jovens brancos caiu 25%, o de jovens negros
aumentou 30%. E a cada dez jovens assassinados no país, sete são negros”, disse
Beatriz.
Ela ainda comparou o número de
assassinatos decorrentes da ditadura militar com o extermínio da juventude
negra e pobre pela Polícia Militar nos últimos anos, que atingiu índices
maiores. Os jovens puxaram palavras de ordem para denunciar o racismo e
violência da polícia sob controle do governador Geraldo Alckmin.
O ato terminou na praça da
República, onde fica a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Os
manifestantes criticaram o sistema de inclusão nas universidades estaduais
proposto por Alckmin.
O Programa de Inclusão com
Mérito no Ensino Superior Público (Pimesp), voltada para USP, Unesp e Unicamp
foi rechaçado pelas organizações juvenis, que classificaram como “elitista”.
Os jovens afirmam que o
programa de Alckmin trata o aluno cotista como “estudante de segunda classe”,
por obrigar que passem dois anos em um curso de reforço para ingressar nas
universidades públicas paulistas.
Os jovens manifestantes também
criticaram o governador por retirar as disciplinas de História, Geografia e
Ciências dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A medida faz parte da
reformulação curricular das escolas em tempo integral e já chegou a 297
colégios da rede estadual.
A manifestação terminou com
apresentações de grupos de rap.
Audiências
Delegações de representantes
das diversas organizações e movimentos de juventude se reuniram com a
Prefeitura de São Paulo e com a Secretaria de Educação do governo do Estado de
São Paulo.
Na prefeitura, os jovens foram
recebidos pelo secretário de governo, Antônio Donato, pelo responsável pela
coordenadoria de juventude, Gabriel Medida, e pelo chefe de gabinete do
prefeito Fernando Haddad, Gustavo Vidigal.
Os movimentos sociais cobraram
medidas da prefeitura para enfrentar o extermínio da juventude da periferia,
fazendo um contraponto à ação da Política Militar do governo Geraldo Alckmin.
Além disso, pautaram a implementação do passe livre no transporte público para
os estudantes que ingressaram na universidade pelo Programa Universidade para
Todos (Prouni).
Donato fez o compromisso de
levar as demandas para o prefeito e propôs a realização de uma audiência dos
movimentos juvenis com Haddad. Ele disse também que Haddad tem compromisso com
o financiamento da educação, por meio dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em
nível federal, 50% do fundo soberano do pré-sal e 100% dos royalties do
petróleo.
Na audiência com o secretário
estadual de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, as organizações
apresentaram críticas ao Pimesp, cobraram a ampliação de recursos para o
financiamento da educação, a manutenção das escolas do campo já existentes e
construção de novas unidades para garantir a permanência da juventude no campo.
Os movimentos defenderam passe
livre para estudantes do Prouni e o investimento em laboratórios e equipamentos
tecnológicos para elevar a qualidade da educação pública. As entidades
estudantis, principalmente secundaristas, cobraram a livre organização nas
escolas e participação no Conselho Estadual de Educação.
O secretário Herman Voorwald
enfatizou que o programa de cotas das universidades estaduais paulistas não
está sob sua responsabilidade, mas se comprometeu a mediar uma audiência das
organizações da juventude com o Conselho de Reitores das Universidades
Estaduais de São Paulo (CRUESP).
“O momento é de construção de
uma resposta concreta à demanda da sociedade, e o fato das universidades
estarem discutindo uma proposta é sem dúvida um grande avanço”, disse o
secretário.
O secretário-adjunto da
Educação, Palma Filho,que também é vice-presidente do Conselho Estadual de
Educação, afirmou apoiar a participação das entidades estudantis no Conselho.
“Esta pauta está em discussão,
mas precisa haver o entendimento por parte do colegiado, que é formado por 24
pessoas”, ponderou.
“Essa reunião representa um
avanço no sentido de podermos apresentar essas reivindicações de forma
coletiva, reflexo da unificação das pautas das diferentes organizações que
articularam nossa jornada”, avaliou a integrante da coordenação estadual do MST
de São Paulo, Jade Percassi.
Fonte: MST
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