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sexta-feira, 22 de março de 2013

Sobre o ENEM

De Enem e Miojo
Juliana Brito 22/03/13

Que bom que ainda existem jovens irreverentes e capazes de fazer algo necessário quando os mais velhos já não se dispõem a fazer: avaliar o avaliador. Os meninos que introduziram em seus textos do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) uma "receita de Miojo" ou o "Hino do Palmeiras" poderão ajudar a aperfeiçoar o Exame mais do que muitos teóricos de plantão ou jornalistas hipócritas da nossa mídia elitista. Para esta, o que interessa apenas é que os menos privilegiados deixem de "contaminar" as instituições que sempre lhes pertenceram. Os mais pobres não estão apenas querendo ir para "os cursos de pobre" como têm sido tratadas historicamente as licenciaturas, eles querem ocupar e dividir as mesmas salas dos "templos do saber" que antes eram frequentados apenas pela "nata da sociedade", ousam ser médicos, juízes, engenheiros etc.
Se a língua foi "ferida" por erros ortográficos, há que se debater sobre isso, e creio que não são os jornalistas os mais habilitados a discutir linguística, como eu também, uma pobre mortal, não estou habilitada a discutir sobre um cálculo estrutural ou uma intervenção cirúrgica. Piores e mais graves erros são os de sentido que a elite que patrocina a mídia comete todos os dias, subvertendo a lógica dos fenômenos sociais. Está aí para todos verem: um assalto é culpa da vítima, uma greve é culpa dos trabalhadores, a falta d`água é por culpa do desperdício da população etc. Claro, que para os puristas, mais vale escrever certo o errado. Mas nós sabemos que a linguagem é poder, depende de quem fala e de onde fala. É por isso que, ao invés de questionar o cerne do problema e investir seriamente na Educação Básica e na valorização de seus profissionais, retiram o foco do que realmente importa e elaboram uma série de discursos e regras que passam a exigir o impossível aos meninos que saem do Ensino Médio, que façam uma redação, entre outras provas, sem nenhum erro. Não conheço nenhum autor que tenha conseguido tamanha façanha, as edições corrigidas estão aí para provar. Eles criaram um fato e agora propõem a solução: acabem com o ENEM! Dessa forma, o Brasil continuará indo muito bem, ao menos para uns poucos privilegiados.
Salve os nossos meninos irreverentes que, ao nos ensinar a fazer um bom “Miojo”, nos ensinam a questionar! Ainda há esperança!

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