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domingo, 12 de maio de 2013

OS GESTOS DEVERIAM FALAR MAIS – TE AMO! MAMÃE...

Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva*

A palavra “Mamãe”, apesar de familiar, esconde um apelo: por favor, tome conta de mim, pare de gritar comigo e faça um afago na minha cabeça, fique do meu lado, tenha eu razão ou não.
Kyun Sook Shin

Como professor de uma universidade pública do estado da Bahia tenho a felicidade proporcionada por Deus, a cada semestre, de conhecer novas e velhas pessoas, cada uma com seus sonhos, pesadelos e perspectivas de futuro. Se outrora, uma população “mais velha” chegava a educação superior, atualmente os jovens de todas as camadas sociais estão presentes. Lá, no meio das turmas sempre há uma mamãe. Mas, é nos cursos do denominado PARFOR - Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, onde a grande maioria é formada por professoras com mais de dez anos de experiência, Mães e pais.

Assim, como professor, hoje gostaria de iniciar uma nova aula, baseada em um planejamento feito a décadas atrás. Nele consta os conteúdos de vida, os sonhos, as esperanças e também os fracassos.  As metodologias são diversas, dependem da cultura, dos recursos. As formas de avaliação estão presentes em nosso dia a dia (muito amor, abandonos, falta de reconhecimento, sonhos realizados e a realizar etc) e as referencias de sua elaboração e execução estão permeadas nos gestos que deveriam falar mais. O Conteúdo principal, Ser MÃE. Muito se falou sobre as mães, a maior das flores em nosso imenso jardim, a coisa mais linda do mundo, etc.

Confesso, que ao me deparar com as novas e velhas gerações para além dos conflitos, pergunto: Quem efetivamente é a mãe do século XXI? Outrora, tínhamos o estereótipos de mãe confrontada hoje na contemporaneidade. A mulher nasce e cresce em um determinado tempo e espaço e por eles é influenciada. Tem preferências, mas para muitas, há poucas escolhas.

Gostaria que nossos jovens alunos pudessem enxergar a felicidade. Isso não é uma tarefa fácil, pois as lentes do consumismo, das coisas fáceis, fúteis estão permeando as relações. Compreender que nossa mãe é fruto do seu tempo e por ele é condicionada mas não determinada, implica saber e respeitar o que elas sonham e planejam, o que a deixa feliz, a acalma! Podemos dizer nossa mamãe é feliz? Foi feliz? Que contribuição tenho dado para sua efetivação?
Em tempos de globalização, escutar o outro não tem sido tarefa fácil, principalmente se for a nossa MÃE. Nossa sociedade supervaloriza a juventude, as aparências. A experiência de vida parece querer impedir tudo o que é divertido e prazeroso. A voz da mãe alertando para as más companhias, para a violência das madrugadas, para a correria do trânsito, para evitar as drogas não tem espaço entre os infindáveis apelos do consumo da alegria.
Pergunto a você: que gestos você tem feito para ouvir e tentar levar em consideração o que sua mãe fala? Quais os seus sentimentos, angustias, sonhos? A chave é o coração, o tempo, a paciência de sentar e escutar tudo o que sua mãe precisa dizer. A fala é mais do que o som que a expressa, é também, a forma, o tempo, o conteúdo, o que não foi dito, a troca de olhares, o afeto, o toque das mãos...
Os presentes são bem vindos, mas para muitas MAMÃES o tempo é o maior presente. Maior tempo de vida deveria representar, maior afeto, maior presença, maior paciência, maior partilha, maior convivência, maior fé, principalmente em DEUS. Há jovens que não sabem o que isto significa, quanto maior o grau de sua formação maior distanciamento para alguns. Saber viver, conviver com os mais velhos, as MAMÃES, não é fácil, à medida que envelhecemos aparecem as “manias”, inseguranças, desequilíbrios, falta de força, as dores que começam e insistem em permanecer etc.
Precisamos aprender a reconhecer a contribuição de nossa MAMÃE para chegarmos onde estamos hoje. Estarmos prontos para acolher a quem, certa ou errada, procurou as formas de garantir que sobrevivêssemos aos primeiros anos de vida e alçasse os primeiros voos.
Pense naquele(a)s que ao formarem uma nova família a primeira coisa que fazem é distanciar ou abandonar a própria mãe. Aquele(a) que tem vergonha da forma como ela se veste, como fala, de suas histórias, de seu ambiente de origem, de sua cultura, de seus laços. Gostaria muito que as universidades e as igrejas acolhessem os mais velhos. Professoras são aposentadas compulsoriamente e nas igrejas padres e pastores se esqueceram das visitas aos lares, a chamarem os fiéis para as visitas e o preparo dos templos para recebe-los e acolhe-los.
Em dias de formaturas, ao receberem seus títulos, seus diplomas, muitos escondem sua MAMÃE. Em África quando alguém recebe seu diploma é toda a sua cidade, seus amigos, sua família que o recebe, todos são agraciados por aquele resultado. A aula de hoje e de todos os dias deveria confirmar o papel dos Gestos em nossas relações. Eles fazem parte do movimento do corpo, das mãos, dos braços e da cabeça.  Parafraseando, Esopo “Nenhum gesto de amor, por muito insignificante que seja, é desperdiçado”. Vale o ditado popular - Um gesto vale mais do que mil palavras! Que seus gestos diariamente falem mais - TE AMO! MAMÃE...

Nesta semana na capital do estado da Bahia a Mãe, Avó, Bisavó, Sogra BELARMINA ROCHA PIO, BELINHA como é conhecida, completará 100 anos de vida, de fé e de amor. Parabéns pelo seu dia! FELIZ DIA DAS MÃES.

* Coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente – NECA/UESB.

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