Foto: Blog do Adylson Machado |
Juliana Brito
31/01/13
Estamos chegando na Bahia ao
final de um dos mais difíceis anos letivos, o de 2012, em que ocorreu uma das
greves mais longas e dramáticas do magistério estadual. Os professores lutaram,
sem sucesso, pela implementação de uma lei que desde 2008 continua a ser
ignorada e desrespeitada, a Lei Nacional do Piso do Magistério. Nesse período,
muita coisa não aconteceu nas escolas baianas, entre elas: aprendizagens
significativas e valorização dos profissionais da educação.
Tenho uma incômoda certeza, que
a função social da escola tem sido apenas a de ser um cárcere provisório para
nossas crianças e jovens. Não há uma preocupação real da sociedade do que se
faz e se aprende nos ambientes escolares, apenas querem que os meninos fiquem
"guardados lá dentro", de preferência, o maior tempo possível.
Aceita-se a extensão interminável dos dias de aula, por não contarem com nenhum
outro espaço de convivência e sociabilidade para seus filhos. Quem está lá
dentro, militando pela causa, luta contra a correnteza, sonhando em produzir um
outro tipo de educação, no entanto, muitos já não conseguem nadar e se entregam
as ondas do desânimo e da alienação, quando não submergem de vez, morrendo
afogados. Há muitos mortos-vivos nas escolas. Como gerar vida e esperança nessa
conjuntura?
Me constrange ver a passividade
dos pais e dos próprios alunos quanto às migalhas que lhes são oferecidas. Sei,
que essa atitude é historicamente construída e reforçada por todos os veículos
possíveis, mas sempre me assusto com o grau de mansidão e passividade das
pessoas. De tanto ouvirem que não são, que não podem, acham que não merecem
algo melhor. As leis permanecem como letras mortas e só servem para proteger a
propriedade privada; as instituições com seus burocratas hipócritas fingem
funcionar; o Legislativo não fiscaliza; o Executivo e o Judiciário não defende
o direito e a justiça etc.
Apesar de tudo isso, há nas
escolas baianas muitas veias pulsando, cabeças pensantes, corações que sentem e
ousam sonhar, jovens de potencial e personalidade que não se entregam e teimam
em continuar vivos e querendo aceitação, acolhimento, valorização, anseiam por
alguém que lhes digam "vocês podem mais", "vocês merecem
mais" e que lhes ensinem conhecimentos pertinentes. Nunca uma educação
emancipadora foi tão necessária como agora!
31/01/13 Ainda falta
21 dias para o encerramento do ano letivo de 2012.
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