Outubro 31, 2013
Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei
porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns
operários,
mas a mim não me afetou
porque não sou operário.
Depois prenderam os
sindicalistas,
mas eu não me incomodei
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
de alguns padres, mas como
não sou religioso, também não
liguei.
Agora levaram-me a mim
e quando percebi,
já era tarde. (BRECHT, Bertold)
A criminalização da pobreza e
dos movimentos sociais voltam a ser pauta do noticiário burguês e da direita
paulistana. A morte dos adolescentes Douglas Rodrigues e Jean Silva Nascimento
na semana derradeira de outubro reabre um processo bem conhecido pela população
paulistana: o de extermínio da juventude negra, pobre e periférica. Histórias
que vimos acontecer em Maio de 2006, em 2012 quando se instaurou uma crise na
Secretaria de Segurança Pública do Estado e na Chacina do Jardim Rosana.
As indicações por parte do
governo tucano já vinham sendo dadas há algumas semanas, fosse pela retirada da
proibição de utilizar balas de borracha na contenção dos protestos em São
Paulo, editoriais do Estadão e Folha pedindo a punição devida à “vândalos”, as
repressões violentas aos atos nas últimas semanas são demonstrações claras do
recrudescimento do governo tucano frente as periferias paulistas e aos
movimentos sociais.
Para além do processo
protagonizado por Alckmin e Grella também temos visto que a política de gentrificação
e higienização tem se alastrado por todo país. O desaparecimento de Amarildo no
Rio de Janeiro, a morte de Ricardo na baixada santista, a utilização da Força
Nacional durante o leilão de Libra e as manifestações em cidades-sede da Copa
das Confederações em junho apontavam para esse processo de recrudescimento da
criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.
As imagens veiculadas nesta
terça-feira no Jornal do SBT mostram bem a nova guerra que começa a se instalar
em São Paulo e a justificativa para recrudescer esta guerra contra os
marginalizados socialmente é a de coibir “vândalos” nas manifestações que vem
ocorrendo pelo país.
Para tanto governo Dilma, na
figura do ministro José Eduardo Cardozo, irá se reunir com os secretários de
segurança de São Paulo e Rio de Janeiro para articular ações comuns para
reprimir durante as manifestações. Para além, o ministro da Justiça também
declarou que é necessário procurar a melhor forma de punir as pessoas que
transgridem as leis. Bom lembrar que nas últimas manifestações do Rio de
Janeiro várias pessoas foram enquadradas na Lei de Segurança Nacional que está
em vigor desde a Ditadura Civil-Militar.
O que vemos ser retomado em São
Paulo, mas também no país, é a manutenção de uma política de segurança pública
que visa exterminar a classe trabalhadora, se munindo da criminalização da
pobreza e dos movimentos sociais. Maior exemplo foi a concessão da Salva de
Prata à Rota pela Câmara de Vereadores de São Paulo.
Além disso o convênio da
Operação Delegada entre o governo Alckmin e a prefeitura de São Paulo, iniciado
na gestão Kassab e perpetuado agora na gestão Haddad, ajuda a manter o processo
de extermínio da população pobre e negra da nossa cidade e quem já tem sido
implementada no interior do estado, substituindo nos finais de semana as
Guardas Municipais por PMs.
Não queremos mais uma edição
dos Crimes de Maio, das execuções de
2012, dos desaparecimentos que ocorrem por todo país e não são
esclarecidos pelos governos estaduais e federal. Queremos uma segurança pública
desmilitarizada, fim do processo de higienização social e de repressão!
O Comitê pela Desmilitarização
da Política e da Polícia acredita que neste momento é fundamental que ninguém
se omita, pois o aprofundamento da aplicação da política do terror se mostra
evidente dia após dia seja em São Paulo seja no resto do país, é importante que
não deixemos essa política de repressão e do medo avançar, é preciso denunciar
os abusos policiais nas periferias, os assassinatos e desaparecimentos para que
realmente jamais se repita as atrocidades que temos visto nos últimos anos e,
principalmente, no último período!
Convidamos a todos para estarem
na quinta-feira, 07/11, às 17h na Praça Roosevelt para podermos dizer aos
nossos governantes que não aceitaremos mais violência policial e mais mortes em
nosso país!
Pela desmilitarização da
política e da polícia!
Contra o genocídio de negrxs,
indígenas e de toda classe trabalhadora!
Assinam:
Comitê
pela Desmilitarização da Política e da
Policia
Movimento
Luta Popular
PSTU
Tribunal
Popular
PSOL
Amparar
Cordão
da Mentira
Juntos
PCB
Bia
Abramides-professora da PUCSP e diretora da Apropuc
Movimento
Terra livre
Insurgência
Circulo
Palmarino
ECLA-Espaço
Cultural Latino Americano
Kiwi
Companhia de Teatro
Observatório
das Violências Policiais
Coletivo
Merlino
Coletivo
Ecossocialista Libertário (Ecossol)
Movimento
Nacional da População de Rua
Grupo
Construção Coletiva da PUC
Deputado
Federal pelo PSOL Ivan Valente
MNU-
Movimento Negro unificado
Movimento
Primavera
Anastacia
Livre
Aby
Ala
Bloco
do Beco
Cia.
Estavel de teatro
NEP
– Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru
Revista
Fórum
MIR-
Movimento Indígena Revolucionário
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