O Grupo de Estudos de Ideologia
e Lutas de Classes (GEILC), vinculado ao Museu Pedagógico/UESB vem, ao longo
dos anos, desenvolvendo diversas pesquisas no campo do marxismo. Tais pesquisas
são marcadas tanto por preocupações epistemológicas quanto militantes. Ao se
constituir a partir de sua práxis cotidiana compromete-se com o rigor da
produção do conhecimento científico, compreendendo também a complexidade das
relações na sociedade capitalista, atuando e contribuindo na transformação da
realidade social.
Neste sentido, o GEILC busca
projetar-se para além do academicismo que tanto compromete as pesquisas hoje,
levadas para os interesses reprodutivos do capital, pouco ou nada contribuindo
socialmente. Nesse sentido crítico do fazer acadêmico-científico, o Grupo
convida as comunidades acadêmica e geral para a realização de sua última
atividade de extensão do ano de 2013, constante do Projeto “História e Memória
no campo das lutas de classe”. Esta atividade consta da palestra proferida pelo
professor do Departamento de História da Uesb, Jorgeval Andrade Borges[1], que
centrará seu foco na “PALAVRA PARA A ÁFRICA: ORALIDADE AFRICANA NA EDUCAÇÃO”.
A palestra buscará discutir uma
proposta de prática pedagógica para a Educação Básica desenvolvida durante o
doutorado do ministrante na Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Bahia, particularmente através do grupo de pesquisa HCEL (História, Cultura,
Educação e Lazer). A proposta, elaborada em conjunto com as professoras Maria
Cecília de Paula e Elizabeth de Jesus da Silva, problematiza, a partir da
literatura da tradição oral africana, a definição da “palavra” na África,
apontando uma unidade entre literatura oral, música e expressão corporal como
definição ampla da “palavra” na cultura africana. Com esta definição de
oralidade africana, e amparados em autores africanos, especialistas em cultura
e tradição oral, discutem a importância da exploração da corporalidade, da
música e da literatura da tradição oral africana como mediadoras de uma
experiência educativa inovadora que permita
o mergulho na cultura desse continente visualizando sua complexidade e
percebendo-a como produto de sociedades estruturadas.
A exposição propõe trazer, num
primeiro momento, a problemática da descoberta de elementos mediadores de aprendizagem
da cultura africana nas escolas – a tradição oral, sua musicalidade e expressão
corporal – como recursos importantes e possíveis de mediação na práxis
educacional designada de Educação das Relações Ético-raciais. Buscará
estabelecer uma reflexão fundamentada em estudiosos da cultura africana,
apresentando dois importantes compiladores e pesquisadores desta tradição oral.
Na sequência, anunciará a figura do Griot e de seu papel nas sociedades
africanas, ampliando o debate sobre a oralidade na África através da persona
que a conduz; traçará igualmente relações entre o conceito de africanidade, na
forma elaborada por Kabenguele Munanga, propondo uma experiência educacional a
partir do referencial da multidimencionalidade da cultura africana em que se
trabalha conjuntamente a unidade e diversidade desse continente. Dos resultados, as experiências educacionais
reflexivas que possam subsidiar o que se entende por oralidade africana e sua
unidade com a música e o corpo. Experiências educacionais significativas
constituem uma alternativa para o que é denominado de Pedagogia das Relações
Étnico-raciais no Brasil, fundamental à reflexão/proposição sobre formas de se
introduzir a tradição oral africana na educação escolar brasileira.
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