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domingo, 24 de novembro de 2013

Entre os graduados, professor é o profissional mais mal pago

Estudante protesta em passeata de professores das redes
 municipal e estadual no Rio de Janeiro.
MARCOS DE PAULA/Estadão

Em 2012, 53 mil pessoas que exerceram o ofício receberam, em média, menos que, por exemplo, ferramenteiros


Paulo Saldaña
Rodrigo Burgarelli
20 de novembro de 2013

SÃO PAULO - Os dados da Rais revelam uma situação problemática no campo da educação. De todas as profissões que exigem formação universitária, são os professores os que recebem os menores salários em São Paulo.

Quando consideradas apenas as ocupações com mais de 20 mil registros profissionais, o menor salário de nível superior é o dos professores de ensino fundamental – 53 mil pessoas que exerciam esse ofício em 2012 receberam, em média, R$ 2,2 mil mensais. É menos do que ganham os supervisores de telemarketing (R$ 2,6 mil), agentes penitenciários (R$ 3.3 mil) e ferramenteiros (R$ 3,4 mil).

O cenário é ainda pior quando se analisa quem ensina certas disciplinas específicas. Um professor de matemática aplicada no ensino superior, por exemplo, ganhava em média R$ 1,8 mil no ano passado por mês. Quem dava aulas na educação infantil com um diploma universitário recebia R$ 1,7 mil. E um professor de filosofia no ensino médio ganhava apenas R$ 1,5 mil mensais.

Valorização do professor? Estudos já mostraram que o salário médio dos professores no País são 40% menores do que os profissionais com a mesma titulação de ensino superior. Com base nos dados da Rais em São Paulo, é possível perceber que um professor de ensino fundamental recebe 71% menos do um engenheiro civil, no topo da lista.

Especialistas em educação apontam que qualquer melhora da educação passa pela rediscussão da carreira do professor. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) é valorizar os profissionais do magistério das redes públicas da Educação Básica, a fim de equiparar o rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

"É uma vergonha que o Estado mais rico do País apareça com esse índice salarial", diz o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação (CNTE), Roberto Leão. Ele lembra que já há uma grande dificuldade de atrair gente para virar professor. "É uma profissão que não atrai ninguém e hoje o problema atinge todas as áreas e disciplinas", diz ele.

Escola de qualidade. Em 2012, existiam 2,1 milhões de docentes de educação básica. O número de interessados em ser professor está caindo a cada ano, o que torna mais difícil suprir as demandas.

De 2006 a 2011, o número de alunos que entraram em Licenciatura e Pedagogia caiu 7,5%. Em 2011, último ano em que os dados estão disponíveis, foi registrado o menor volume de pessoas que ingressaram nesses cursos desde 2004. Foram 662 mil matriculados em cursos presenciais e na modalidade a distância em todo País.

Apesar de a maioria dos professores estar na rede pública, que centraliza a maior parte das matrículas, a média salarial registrada no Rais também computa as redes particulares. "A classe média brasileira precisa compreender que a escola pública brasileira é dela, devia se somar para cobrar uma escola de qualidade", completa Leão.


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