Foto: ABr |
12 de novembro de
2013
Mensagem de Maria Caramez
Carlotto, via e-mail
Car@s colegas da USP,
acabo de voltar da 93°
Delegacia de Polícia onde estão presos os dois estudantes da Filosofia da
FFLCH/USP: Inauê Taguara e João Victor Gonzaga. O Inauê é diretor do Centro
Acadêmico de Filosofia (CAF). O João Victor, além de aluno da Filosofia, é
funcionário da FAU. Aos dois estão sendo atribuídos todos os danos que teriam
ocorrido no interior da reitoria, além da acusação de formação de quadrilha e
furto qualificado. É importante esclarecer alguns pontos para que tenhamos
consciência do absurdo e da arbitrariedade da prisão dos dois.
Ontem durante a madruga, o CAF
organizou uma festa no interior do espaço do centro acadêmico que fica no
prédio do meio na FFLCH-USP. Essa atividade foi amplamente divulgada e os
materiais de divulgação já foram entregues ao delegado pelo Chefe do
Departamento de Filosofia, professor Milton Meira.
Os dois estudantes estavam
nessa festa, juntamente com outros alunos da filosofia, durante toda a
madrugada. Parte desses alunos já prestou depoimento à polícia.
Por volta das cinco horas da
manhã, o Inauê, diretor do CAF, solicitou aos guardas do prédio que fechassem o
espaço dos estudantes e abrissem a porta de saída porque eles estavam indo
embora. Os seguranças confirmam a informação, mas se recusam a depor à Polícia,
por medo de represálias, uma vez que eles são terceirizados e não têm
estabilidade.
Nesse momento, quando os
estudantes da filosofia (incluindo o Inauê e o João Victor) saíam do prédio,
ouviram rojões vindo da região da reitoria, e desceram para ver o que estava acontecendo.
Foi quando a tropa de choque avistou os estudantes e os perseguiu. Parte deles
conseguiu correr, mas o Inauê e o João Victor foram presos no meio da rua.
É importante frisar que a
informação passada pela própria polícia à imprensa é de que nenhum estudante
foi preso no interior da reitoria, o que confirma a versão dada pelos
estudantes da filosofia. Essa informação consta, por exemplo, na matéria da
Folha, onde lemos “Segundo os estudantes, dois estudantes foram detidos pela PM
e levados para a delegacia. A PM nega que tenha detido alunos durante a
reintegração.”
Soma-se a isso outra informação
importante: juntamente com o Inauê e o João Victor foram presos dois ciclistas
que treinavam na USP pela manhã. Eles logo foram liberados, por não serem alunos
da USP, mas isso demonstra claramente a disposição da Polícia Militar em
prender qualquer pessoa que estivesse andando pelo campus naquele momento.
Outro fato de extrema gravidade
é que, conforme consta no depoimento dos dois estudantes, eles foram vítimas de
tortura física e psicológica. Traduzindo: segundo o seu relato, eles apanharam
muito e foram pressionados a confessar que estavam na reitoria, o que eles não
fizeram.
Os dois estão, neste momento,
no 93° DP e seguirão em breve para o 91° DP. Se o juiz não autorizar o Habeas
Corpus até amanhã, eles seguirão para um Centro de Detenção. Isso pode
acontecer porque, segundo o Boletim de Ocorrência, eles foram presos “em
flagrante”. Resta saber, flagrante de quê.
Em suma, a situação é muito
grave. O movimento estudantil e toda a universidade precisam se unir para
defender esses dois estudantes que foram presos de modo completamente
arbitrário e correm o risco de assumir o ônus de ações que eles não cometeram.
O Chefe do Departamento de
Filosofia, professor Milton Meira, prontamente se dispôs a ajudar os estudantes
e estava na delegacia desde a manhã. Segundo informações da gestão do CAF, o
diretor da FFLCH, professor Sérgio Adorno, assim que ficou sabendo das circunstâncias
da prisão dos dois estudantes da FFLCH, também se dispôs a ir à delegacia. O
Diretório Central dos Estudantes chamou o ato para a frente da 93° DP. A gestão
da Associação dos Pós-graduados da USP-capital está com um representante no DP.
Agora, é importante
articularmos notas de apoio aos dois alunos e moções de repúdio à prisão
arbitrária dos dois estudantes. Além de realizar uma campanha contra a punição
administrativa e jurídica dos dois alunos, que não podem pagar por ações que
não cometeram.
Maria Caramez Carlotto é do Programa de Pós-Graduação em
Sociologia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humana
Fonte: Viomundo
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