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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Denúncia na USP: Alunos torturados para confessar que estavam na reitoria

Foto: ABr
12 de novembro de 2013


Mensagem de Maria Caramez Carlotto, via e-mail

Car@s colegas da USP,

acabo de voltar da 93° Delegacia de Polícia onde estão presos os dois estudantes da Filosofia da FFLCH/USP: Inauê Taguara e João Victor Gonzaga. O Inauê é diretor do Centro Acadêmico de Filosofia (CAF). O João Victor, além de aluno da Filosofia, é funcionário da FAU. Aos dois estão sendo atribuídos todos os danos que teriam ocorrido no interior da reitoria, além da acusação de formação de quadrilha e furto qualificado. É importante esclarecer alguns pontos para que tenhamos consciência do absurdo e da arbitrariedade da prisão dos dois.

Ontem durante a madruga, o CAF organizou uma festa no interior do espaço do centro acadêmico que fica no prédio do meio na FFLCH-USP. Essa atividade foi amplamente divulgada e os materiais de divulgação já foram entregues ao delegado pelo Chefe do Departamento de Filosofia, professor Milton Meira.

Os dois estudantes estavam nessa festa, juntamente com outros alunos da filosofia, durante toda a madrugada. Parte desses alunos já prestou depoimento à polícia.

Por volta das cinco horas da manhã, o Inauê, diretor do CAF, solicitou aos guardas do prédio que fechassem o espaço dos estudantes e abrissem a porta de saída porque eles estavam indo embora. Os seguranças confirmam a informação, mas se recusam a depor à Polícia, por medo de represálias, uma vez que eles são terceirizados e não têm estabilidade.

Nesse momento, quando os estudantes da filosofia (incluindo o Inauê e o João Victor) saíam do prédio, ouviram rojões vindo da região da reitoria, e desceram para ver o que estava acontecendo. Foi quando a tropa de choque avistou os estudantes e os perseguiu. Parte deles conseguiu correr, mas o Inauê e o João Victor foram presos no meio da rua.

É importante frisar que a informação passada pela própria polícia à imprensa é de que nenhum estudante foi preso no interior da reitoria, o que confirma a versão dada pelos estudantes da filosofia. Essa informação consta, por exemplo, na matéria da Folha, onde lemos “Segundo os estudantes, dois estudantes foram detidos pela PM e levados para a delegacia. A PM nega que tenha detido alunos durante a reintegração.”

Soma-se a isso outra informação importante: juntamente com o Inauê e o João Victor foram presos dois ciclistas que treinavam na USP pela manhã. Eles logo foram liberados, por não serem alunos da USP, mas isso demonstra claramente a disposição da Polícia Militar em prender qualquer pessoa que estivesse andando pelo campus naquele momento.

Outro fato de extrema gravidade é que, conforme consta no depoimento dos dois estudantes, eles foram vítimas de tortura física e psicológica. Traduzindo: segundo o seu relato, eles apanharam muito e foram pressionados a confessar que estavam na reitoria, o que eles não fizeram.

Os dois estão, neste momento, no 93° DP e seguirão em breve para o 91° DP. Se o juiz não autorizar o Habeas Corpus até amanhã, eles seguirão para um Centro de Detenção. Isso pode acontecer porque, segundo o Boletim de Ocorrência, eles foram presos “em flagrante”. Resta saber, flagrante de quê.

Em suma, a situação é muito grave. O movimento estudantil e toda a universidade precisam se unir para defender esses dois estudantes que foram presos de modo completamente arbitrário e correm o risco de assumir o ônus de ações que eles não cometeram.

O Chefe do Departamento de Filosofia, professor Milton Meira, prontamente se dispôs a ajudar os estudantes e estava na delegacia desde a manhã. Segundo informações da gestão do CAF, o diretor da FFLCH, professor Sérgio Adorno, assim que ficou sabendo das circunstâncias da prisão dos dois estudantes da FFLCH, também se dispôs a ir à delegacia. O Diretório Central dos Estudantes chamou o ato para a frente da 93° DP. A gestão da Associação dos Pós-graduados da USP-capital está com um representante no DP.

Agora, é importante articularmos notas de apoio aos dois alunos e moções de repúdio à prisão arbitrária dos dois estudantes. Além de realizar uma campanha contra a punição administrativa e jurídica dos dois alunos, que não podem pagar por ações que não cometeram.

Maria Caramez Carlotto  é do Programa de Pós-Graduação em Sociologia   da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humana


Fonte: Viomundo

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