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por Maísa Paranhos*
Queridos colegas!
“Que ingenuidade a minha, pedir a quem
detém
o poder que transforme este poder!”
Giordano Bruno
Desde que esta greve teve
início, estamos colocando sobre o seu desmonte, e da aliança
político-partidário-sindical entre a APLB e o governo do Estado.
Francamente, acho que APLB é
pior do que o governo, pois este é o nosso oponente óbvio e por todos conhecido
a quem sempre identificamos como tal, mas a APLB deveria ser a entidade em
defesa de nossos interesses, e não é.
Devemos admitir que o
coordenador Rui Oliveira tem uma espaço ocupado nos corações mais inocentes e
desprevenidos de nossa categoria...
Hoje, em nossa assembleia, vi
com horror a tristeza, meio que incrédula, da maioria dos colegas...
Hoje tivemos uma demonstração
de como um punhal pode ser enfiado em corações anestesiados pela confiança... Foi
assim que senti o dia de hoje, na assembleia....
Hoje, diretoria e comando
estavam inseguros com as suas propostas... pois sabiam muito bem o que
representa a indecência do que nos foi colocado, e ingenuamente, aprovado, sem
discussão, sem debate, sem esclarecimentos....
Hoje a mentira da liberdade de
expressão repetiu-se uma vez mais... A “mãe”, acredito, sentiu-se traída e
ficou surpresa e revoltada, pois não esperava o que lhe fizeram, ao fazê-la
implorar pela palavra, palavra esta, a da “mãe” , altamente utilizada pela APLB
e pelo comando quando lhes convinha engrossar os “apoios das bases
populares”...
Hoje o rei ficou nu! Tivemos
aula prática de oportunismo, descaso, desrespeito, utilitarismo e também da
morte de um antigo modelo sindical. Nisso, podemos dizer, sem dúvida nenhuma,
estamos avançando!
As máscaras caem, caem, caem...
A pauta mínima, nome este que
não quiseram assumir, não precisará de assinatura de nenhum governante para ser
cumprida!!! Será um bálsamo para o governo de nossa triste Bahia...
E por que digo isto?
Vejamos, colegas...
1) a readmissão dos colegas
punidos é algo que numa greve se daria de forma natural e condição anterior a
qualquer negociação... ( para valorizar isto, as falas da APLB/comando querendo
engrandecer esta conquista da “categoria aguerrida” começaram a fazer
históricos de que demissões não ocorreram desde 1980...). O que “será” mais uma
grande vitória de “sua APLB/sindicato”... (para o governo seria altamente
trabalhoso abrir novos concursos para o Reda, bem como estabelecer novos
contratos com novos Psts...)
2) o pagamento imediato dos
salários atrasados – claro que o governo nos restituirá os nossos salários, até
mesmo porque tentará amansar a nossa revolta com este “ganho” de salários
“acumulados”... o nosso dinheiro está aplicado e provavelmente ainda tiveram um
jurozinhos dele às nossas custas...
3) retirada dos processos contra
a APLB... alguém acredita, em sã consciência, que estes processos “contra” a APLB
serão levados a sério pelo governo? Só o fazem para dar de pretexto ao
sindicato no sentido de oferecer-lhes pontos de barganha com o próprio governo,
numa grande cena teatral...
Confesso que uma coisa me
surpreendeu, de fato, como um objeto que poderia merecer um “estudo de caso”...
pasmei: a proposta de que o governo deverá assinar um termo garantido que
cumprirá com o que está na “pauta mínima”...!!!
Voltaram a acreditar na assinatura
do governo???!!!
Não é para ser estudo de caso? Qual caso? O estudo de caso de como um
sindicato pode ser, despudoradamente, indecente... e não corresponder á sua
histórica função!
O governo não precisará assinar
nada, pois isto tudo é jogo de cena e aceitará de bom grado o conteúdo da
pauta. Provavelmente vai exigir a inclusão da sua proposta que assassina a lei
do piso.
Colegas!!!
O pós greve , discutiremos mais
tarde... A greve não acabou.
A lei não foi cumprida! As
contas do FUNDEB não foram abertas.
E nós não fizemos greve para
demonstrar para todos “o quanto somos aguerridos” (e somos! Quanto a isto , não
há a menor dúvida! Mas não foi para demonstrá-lo que fizemos greve!!!)
Por que o comando se calou
quando colocávamos sobre a necessidade de termos um fundo de greve? Porque
todos sabem que a falta de condições materiais que leva qualquer grevista, cedo
ou tarde, com salários cortados, a retornarem...
Deixamos a serpente colocar
seus ovos...
A estrutura do Estado ficou
comprometida com a nossa greve. Pois vimos que este Estado é uma ficção; “para
os amigos, os favores da lei, para os indiferentes, a lei, para os inimigos, os
rigores da lei!”)
Acreditamos que governo é para
governar, que sindicato é para defender os interesses dos trabalhadores,
comando é para comandar e lei é para ser cumprida. O óbvio.
Deixemos decantar o óbvio... Lembremos,
mais uma vez, o que disse Giordano Bruno “que ingenuidade a minha,, pedir a
quem detém o poder, que transforme este poder”. Talvez seja este óbvio que nos
falta, deveras, entender...
Um abraço em todos nós,
queridos colegas aguerridos, tenazes, amorosos, corajosos e determinados, mas,
talvez, tal como Bruno, um tanto ingênuos...
Aprenderemos...
A luta continua, na ALBA, na
rua, nas escolas, nos campos, nas construções, na vida ...
Com a verdadeira unidade,
fraterna e fundada na confiança e solidariedade...
A greve continua!!!
Professora, em greve, da
Educação Pública do Estado da Bahia.
Maisa , querida professora aguerrida e lúcida.
ResponderExcluirQUE BÁLSAMO SÃO AS SUAS PALAVRAS QUE CORAJOSAMENTE NOMEIA FATOS E SITUAÇÕES TÃO LAMENTÁVEIS.
Esclarecendo pra se dar continuidade com mais discernimento.
PARABENS e que DEUS continue te iluminando.
Parabéns, pela forma tão lúcida e emocionada como foi pincelada a verdade sobre o sindicato e os "inocentes nesse texto.
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